Correio de Carajás

Morre o comandante do massacre de Eldorado

O coronel Mário Colares Pantoja, que cumpria prisão domiciliar e era monitorado por tornozeleira eletrônica, morreu nessa quarta-feira (11) em um hospital particular em Belém, onde estava internado. A causa da morte não foi informada.

Ele tinha sido condenado a mais de 150 anos de prisão pelo Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, na famigerada “Curva do S”, ocasião em que 19 trabalhadores rurais sem-terra foram mortos por policiais militares.

Na época do massacre, Pantoja era comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, sediado em Marabá, e foi condenado pela morte de trabalhadores rurais em uma operação. Além de Mário Pantoja, o major José Maria Pereira Oliveira também foi condenado pelo massacre. Eles ficaram em liberdade por 16 anos e foram presos somente em 2012.

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Depois de ficar quatro anos preso em regime fechado, Pantoja conseguiu uma autorização para cumprir prisão domiciliar, alegando exatamente motivos de saúde.

O massacre

No dia 17 de abril de 1996, Mario Pantoja comandou a operação da Polícia Militar encarregada de liberar o tráfego no trecho conhecido como “Curva do S” na rodovia BR-155 (na época PA 150), a 3 km de Eldorado. O local era ocupado por trabalhadores rurais ligados ao MST, que reivindicavam terras para a reforma agrária.

Além de bombas de gás lacrimogêneo, a polícia atirou contra os manifestantes com armamento letal e não com balas de borracha, como tem sido nas manifestações mais recentes. O resultado foi um desastre, que teve mais repercussão ainda porque foi quase todo filmado por cinegrafistas de TVs que cobriam a ação.

Dos 155 policiais militares que participaram da desastrosa ação, somente Mário Pantoja e José Maria de Oliveira, comandantes da operação, foram condenados a penas que superaram os 150 anos de prisão. Os outros 153 foram absolvidos.

Chamou atenção na época o fato de que vários dos policiais que atuaram no caso estavam sem a identificação no uniforme e retiraram as armas do quartel sem o registro de retirada, o que não é permitido.

Dos 19 mortos, oito foram assassinados com seus próprios instrumentos de trabalho: foices e facões, os outros 11 foram alvejados com 37 tiros, uma média de quase quatro tiros para cada pessoa. Outras 79 pessoas ficaram feridas. Duas delas faleceram no hospital dias depois. A polícia matou alguns camponeses com tiros na nuca e um deles teve a cabeça esmagada. (Da Redação)