Correio de Carajás

Medicina Preventiva

A medicina preventiva é a especialidade médica que propõe uma abordagem focada na promoção da saúde, indo além do tratamento de doenças. Parte de uma visão integral do indivíduo, investindo no bem-estar constante e no tratamento precoce para evitar o adoecimento.

      Dessa forma, a medicina preventiva inclui práticas que melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, busca minimizar os efeitos colaterais de tratamentos médicos, optando por terapias que dependem menos de medicações.

      A medicina preventiva como especialidade é fruto de uma mudança de perspectiva em relação à missão dos médicos e ao significado de estar saudável. Segundo a OMS, a saúde deve ser compreendida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade.

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      Para o cardiologista, José Aldair Morsch, a medicina preventiva é a especialidade médica que propõe uma abordagem focada na promoção da saúde, indo além do tratamento de doenças. Dessa forma, a medicina preventiva trabalha sua conscientização e estilo de vida para alcançar hábitos mais saudáveis, evitando que surjam doenças ou mesmo que elas se agravem.

       Investir em saúde preventiva é importante porque permite a criação de estratégias consistentes para a manutenção do bem-estar do paciente.

Afinal, suas ações têm por objetivo se antecipar aos riscos para evitar doenças.

Ao mesmo tempo, ajudam a minimizar os impactos daquelas que forem inevitáveis.

      É por isso que apostar nessa estratégia de longo prazo faz todo o sentido.

Acima de tudo, porque estamos diante do crescimento na expectativa de vida da população e, por consequência, das doenças crônicas. Segundo o relatório “Perspectivas da população no mundo“, divulgado pela ONU, a expectativa de vida global subiu 8 anos entre 1990 e 2019. Isso representa um salto de 64,2 para 72,6 anos.

     Além disso, a projeção é que chegue a 77,1 anos em 2050. No Brasil, a expectativa média ao nascer era de 76,3 anos em 2018, conforme o IBGE. Portanto, os números são consistentes – mas representam apenas uma amostra sobre o que é medicina preventiva e sua importância. Investimento em medicina preventiva traz ganhos na manutenção do bem-estar do paciente.

      Existe um novo perfil de doenças exige ações preventivas. Somado ao envelhecimento populacional, nosso país vivenciou um fenômeno chamado transição epidemiológica, desencadeado pela mudança no padrão de males que levam à morte. Por exemplo, até o início do século 20, as doenças infecciosas eram as mais preocupantes e letais, provocando aproximadamente metade das mortes.

      Posteriormente, nas décadas seguintes, esse posto passou a ser ocupado pelas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), que englobam: doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias crônicas. Ao estudar os fatores de risco para essas enfermidades, encontramos muitos que ultrapassam a esfera puramente médica. Ou seja, eles se relacionam com os hábitos e com a rotina dos pacientes.

      Doenças cardiovasculares, por exemplo, podem ser agravadas por uma dieta rica em colesterol LDL e pelo sedentarismo. Dessa forma, exigem uma profunda mudança no comportamento para evitar grandes eventos, como um infarto. É aí que entra a medicina preventiva: essa especialidade leva conscientização ao paciente e usa as ferramentas certas para que ele seja acompanhado por profissionais, como nutricionistas e educadores físicos.

      Nesse sentido, vale citar uma pesquisa recente conduzida pela Harvard Business Review. O estudo mostrou o potencial de economia para a saúde diante do investimento em medicina preventiva. Descobriu, por exemplo, que as doenças crônicas respondem por 50% do total de custos, enquanto episódios agudos representam 35%.

      Antes de tudo, o organismo humano é um sistema. Como vimos até aqui, a medicina preventiva busca tratar o corpo e a mente juntos, uma vez que a condição de um afeta a do outro. Está claro que, além do corpo, a mente e as emoções impactam no bem-estar. Portanto, devem estar em harmonia para prevenir doenças.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.