Dezembro é um dos meses de maior fluxo de pessoas em rodoviárias, estação ferroviária e aeroportos. E, apesar do novo coronavírus ainda circular por aí, as estações seguem registrando grande movimentação de pessoas viajando para passar as festas de fim de ano em outras cidades e estados. As equipes de reportagem do Grupo Correio conferiram de perto essa movimentação.
A Rodoviária Pedro Marinho de Oliveira, na Folha 32, principal ponto de embarque de ônibus, estava lotada na manhã desta quarta-feira (23), com uma aglomeração de pessoas, estando a maioria protegida com máscara.
Cerca de 20 empresas de transportes operam no local, fazendo 10 viagens com oito a 10 horários diários, além das vans e micro-ônibus que diariamente transportam pessoas em rotas intermunicipais.
Leia mais:O agente de viagens Marcos Cardoso, que atua em uma das empresas da Rodoviária da 32, confirmou que o fluxo de pessoas cresce neste mês de dezembro, independente da pandemia. “Pensamos que não teríamos essa movimentação como nos anos comuns, mas muita gente resolveu viajar”, contou.
Segundo Marcos, os destinos mais procurados em um Top 3 são os estados do Maranhão, seguido do Goiás e Tocantins, além da capital paraense, Belém. “Tínhamos um plano A, que era manter os horários tradicionais, caso a demanda fosse baixa e o plano B, se a demanda fosse alta. É exatamente o que estamos praticando, acrescentando horários e ônibus extras para atender à clientela”, explica.
Jesuane da Silva era uma das passageiras que aguardavam por um ônibus no local, viajando com sua mãe para passar o Natal com parentes no Tocantins. Tímida, ela mostrou um pouco de receio de viajar, mesmo com as medidas de prevenção adotadas pelas empresas.
“A gente fica com medo, tudo está difícil, mas vamos levando álcool em gel e estamos de máscara. Esperamos rever nossa família depois de tanto tempo em quarentena”, revelou a moça.
Se aparentemente a viagem de Jesuane estava tranquila, outros passageiros precisaram se preocupar em chegar ao destino, além do coronavírus. Marizete Lima Barros é cozinheira em uma área indígena de Marabá e reclamou de uma confusão ocorrida com sua passagem para Santa Inês, no Maranhão.
“Eu comprei na terça-feira (22) para viajar hoje (23) às 8 horas, mas, quando cheguei aqui não havia ônibus e a empresa parece não ter rota nesse horário. É um absurdo porque além de não viajarmos, o rapaz da empresa disse que não devolveria o valor da passagem. Pelo que me informaram, o horário foi transferido e não me comunicaram”, reclamou Marizete.
Os ânimos afloraram nesse momento e houve discussões. A Reportagem tentou conversar com os representantes da empresa, mas ninguém quis gravar entrevista.
FERROVIA
Se o movimento estava grande na rodoviária, na Estação Ferroviária da Estrada de Ferro Carajás o fluxo era o mesmo, no entanto, apenas de embarque, pois não há mais passagens disponíveis até o dia 5 de janeiro. É que todas as vagas no Trem de Passageiros, que percorre 23 municípios do Pará e Maranhão, estão ocupadas.
As informações foram levantadas pela Reportagem na terça-feira (22), quando foi até o guichê de vendas de bilhetes, localizado no Shopping Pátio Marabá e conversou com a atendente.
Ela informou que para o destino mais procurado saindo de Marabá, São Luís teria passagens apenas para o dia 5 de janeiro (terça-feira). O valor é de R$ 75,00 na classe econômica e de R$ 132,00 na classe executiva.
Voar no Natal e Ano Novo fica mais caro
No Aeroporto de Marabá João Correa da Rocha, o fluxo de passageiros não está diferente, apesar de ainda atuar com voos reduzidos. Segundo um levantamento apurado junto à Infraero, o movimento de passageiros no mês de novembro foi de 4,57%, sendo maior que no mesmo mês, em 2019.
Já na primeira quinzena de dezembro, foi registrado um movimento 3,5% superior ao mesmo período em 2019, o que surpreende, considerando o contexto da pandemia. Ainda segundo a Infraero, mais de dois mil passageiros embarcaram em voos diretos para Brasília e Belém no período mencionado.
O Correio realizou uma pesquisa, em um site de buscas por passagens aéreas, na terça-feira (22), para verificar os preços para os principais destinos saindo de Marabá. Foram procuradas passagens para embarcar no dia 23 de dezembro e retornar no dia 3 de janeiro, imaginando-se um recesso entre o Natal e Ano Novo.
O primeiro destino buscado foi a capital paraense, que registrou o valor de R$ 853,00 como o mais em conta. Para Brasília, principal conexão para outros destinos, estava R$ 3.564,00, e para São Paulo, que também realiza muitas conexões, estava R$ 2.993,00.
Pensando em férias e, principalmente no Réveillon, foram pesquisados os destinos mais procurados pelos marabaenses, com São Luís custando R$ 2.796,00, Fortaleza, registrando R$ 3.118,00, e o mais caro, Rio de Janeiro, custando R$ 3.558,00.
Salinas, lá vamos nós… Mas de carro, claro!
Quando o marabaense está em uma roda de amigos e começa a pensar em um destino para a virada de ano, pode ter certeza que a primeira opção a ser mencionada é Salinópolis, no litoral do Pará. Acontece que com a pandemia, o juiz Antônio Carlos Koury, da Comarca do município, acatou um pedido do Ministério Público do Pará (MPPA) para suspender festividades para evitar aglomeração, deixando as pessoas receosas de darem viagem perdida.
No entanto, a desembargadora Maria de Nazaré Silva Gouveia dos Santos anulou a decisão do juiz, por entender que a liminar de suspensão ofende diversas decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas em ações diversas, todas no sentido de reafirmar a competência constitucional dos Municípios em relação à saúde e assistência pública.
Com isso, ela determinou que os eventos comerciais sejam realizados com a capacidade de 50% do que fora autorizado pelos órgãos executivos municipais, em atenção aos princípios da precaução e da prevenção, cabendo ao município de Salinópolis e autoridades constituídas e legais verificarem e fiscalizarem o cumprimento das medidas como autorizadas.
Isso foi motivo de alegria para algumas pessoas que já se planejavam para passar a virada do ano por lá, como a operadora de plotter, Jaislanny Silva, que vem se organizando com seus amigos há dois meses para a viagem.
“A viagem ficará em conta porque estamos dividindo as despesas entre quatro amigos, como a casa que alugamos, a gasolina do carro, etc. Confesso que ficamos com receio por conta da Covid-19, mas iremos ter bastante cuidado”, comenta Jaislanny.
O biólogo Junior Nogueira irá pela primeira vez conhecer Salinas em sua viagem de ano novo, que planeja há três meses, com mais nove amigos. Eles também vão dividir as despesas, colocando na ponta do lápis R$ 120,00 de cada para o aluguel dos veículos, R$ 100,00 de compras básicas e mais R$ 500,00 livres para imprevistos.
A hospedagem será na chácara de um dos amigos que vive em Salinópolis e a gasolina dos veículos ficará em torno de R$ 80,00 para cada um. “Planejamos muito bem essa viagem, pensando, inclusive, nos cuidados para evitar o contágio do coronavírus, por isso não iremos para locais de grandes aglomerações”, disse Junior.
(Zeus Bandeira e Chagas Filho)