Correio de Carajás

Marabá já tem eco-pedagogia para tornar-se líder mundial

Os jovens arte-educadores do Coletivo AfroRaiz, que coordenam o projeto Rios de Encontro, da comunidade Cabelo Seco, levaram eco-pedagogia ao ato em defesa da educação pública e à escolinha Deodoro de Mendonça, no bairro em que vivem. Paralelamente, o projeto contribuiu à formação de estudantes de engenharia na Unifesspa e lançou questões eco-pedagógicas sem respostas no Encontro de deputados estaduais e vereadores em Itupiranga, que reuniu esta semana representantes de sete municípios que se preparam para o derrocamento do Pedral do Lourenção.

“Com orgulho, abrimos o ato contra as cortes da educação pública. Nunca vi tantos cartazes filosóficos e poéticos escritos à mão, mostrando nossa riquíssima diversidade africana, indígena, europeia e de orientação sexual. Vi alunos e estudantes cantando filosofia, sociologia e psicologia, caminhando com livros de Paulo Freire, Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro no ar, valorizando educadores brasileiros respeitados pelo mundo inteiro. E o presidente do Brasil vem nos xingando como ‘idiotas úteis’ ao mundo, bonecos manipulados por uma minoria extrema, sem consciência própria. Cadê seu orgulho brasileiro e ética exemplar?”, questiona Elisa Neves, do AfroRaiz.

“Elisa traz ritmos de liberdade ao movimento estudantil Levante Popular, afirmando energias de raiz como projeto popular de celebração, em vez de militarização das escolas, casas e ruas. Uma dúzia de jovens percussionistas virou pulso de mais de 3.000 defensores de educação gratuita e de qualidade amazônica”, avalia Manoela Souza, gestora cultural do Rios de Encontro.

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“Através do resgate de nossas raízes culturais adormecidas, aprendemos uma forma de defender os Rios Tocantins e Araguaia, sem acusação ou ódio. Essa eco-pedagogia na rua e na escola virou um reflexo de como ler e cuidar do mundo, para sustentar a vida”, observa Évany Valente, percussionista do AfroRaiz. ”

Fundadores do Projeto, Dan Baron e Manoela Souza reuniram com a direção da empresa Junior de Engenharia Elétrica na Casa dos Rios, no Bairro Cabelo Seco, na última quarta-feira, para planejar a instalação de um sistema de energia solar doado por parceiros do mundo. “Planejamento técnico virou um diálogo sobre cuidado socioambiental. Transformamos pânico sobre colapso climático em projeto eco-pedagógico, de como cuidar de nossa região e inspirar parcerias locais e internacionais. Queremos transformar cada escola, universidade, posto de saúde e delegacia de Polícia em um laboratório solar, de segurança do futuro para todos”, afirma Dan.

Dan diz que teve contato com os conhecimentos geológico e eco-pedagógico dos professores Leonardo Brasil e Cristiane Vieira da Cunha, da Unifesspa, que o levaram ao encontro em Itupiranga. “Perguntei para os governantes se haviam procurado pesquisa científica amazônica e independente antes de decidir derrocar o Pedral, para verificar a viabilidade ambiental do projeto, e evitar o aumento do ecocídio regional e mundial atual. Nenhum politico respondeu. Mas de repente, a professora Cris pegou o microfone e com coragem, leu a lúcida carta ‘O Clamor do Lourenção!’, da comunidade ribeirinha Tauri”, conta Dan.

Para ele, Marabá já é um dos poucos municípios no País com um projeto político eco-pedagógico, mas a Semed não sabe como implementá-lo. Com maior concentração de florestas, rios e aquíferos no mundo, o Pará é gigante. Nossa região tem a sabedoria e a oportunidade de tornar-se líder mundial”, pondera ele.

(Divulgação)