Correio de Carajás

Jacaré-Acú teria força para virar pequena embarcação

A aparição de jacarés em pleno Rio Tocantins nesse período de cheia é mais comum do que as pessoas pensam. E mais, o réptil visto no último domingo (13) no trecho em frente à Orla de Marabá, teria força para virar uma embarcação de pequeno porte, como uma rabeta de transporte de banhistas para a praia, graças à força permitida por seu tamanho e peso privilegiados. O jacaré-açu é a maior espécie de jacaré, podendo atingir até 4,5 metros de comprimento e mais de trezentos quilogramas. Porém já foram encontrados exemplares com mais de 5,5 metros de comprimento e possivelmente meia tonelada de peso.

Essa espécie de jacaré é exclusiva da América do Sul. Também conhecido como jacaré-negro, é um predador de topo de cadeia alimentar. Exemplares adultos de grandes dimensões podem predar qualquer animal de seu habitat, inclusive outros predadores de topo, como pumas, onças, jiboias e sucuris, se forem surpreendidos por esses répteis. Normalmente, se alimenta de pequenos animais, como tartarugas, peixes, capivaras e veados. É uma espécie que esteve à beira da extinção, devido ao valor comercial do seu couro de cor negra e da sua carne. Atualmente, encontra-se protegido e sua população encontra-se estável no Brasil.

CURIOSOS NO RIO

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No último final de semana, um jacaré-açu foi visto flutuando próximo à orla do Rio Tocantins, em Marabá, e virou atração de quem estava no local. O flagrante foi registrado por banhistas curiosos que estavam em jet skis, lanchas e rabetas. Rapidamente fotos e vídeos viralizaram na internet, via WhatsApp, Instagram e Facebook.

É a primeira vez este ano que isso ocorre, mas para quem ganha a vida sobrevivendo do rio, não é novidade a aparição de animais silvestres, como jacarés e cobras. É o que afirma Carlos Augusto Conceição, que trabalha há mais de 20 anos transportando pessoas no Rio Tocantins. “Jacaré a gente vê direto, principalmente quando o nível do rio está subindo. Tem mês que aparece dois, três, de vários tamanhos”, conta.

Morador da Marabá Pioneira, Albert da Silva Santos, que frequenta assiduamente a orla do Rio Tocantins, ficou assustado ao assistir o vídeo do jacaré. “Os animais que eu mais vi aqui na orla foram botos, mas jacaré, não. Vi o vídeo, mas não pessoalmente”, disse.

NATURAL

Consultado pela Reportagem sobre o tema, o subtenente Pontes, do Corpo de Bombeiros, em 25 anos atuando na corporação, já atendeu quatro ocorrências de aparições de jacarés de grande porte como o do final de semana, apesar de não ter sido acionado no último domingo pela população que avistou o réptil.

Para o militar, os jacarés estão apenas fazendo uma passagem natural pelo rio. “O jacaré tem o habitat natural dele. Se você verificar, entre o lago que existe atrás do Rio Tocantins e a praia do Tucunaré, já existe uma certa quantidade de animais que habitam ali, e os animais precisam de um local para se alimentar. Então, no inverno, quando o rio sobe, os animais se libertam do lago pela passagem natural, que é a água, e por isso saem para o rio”, explicou.

O subtenente adverte para o caso de novas aparições e possíveis ataques aos banhistas. “Quando encontrar um animal desses, não se deve afrontá-lo, porque a resposta dele será de defesa. A defesa de um animal desse porte pode ser fatal até para uma pequena embarcação. Dificilmente ele vai atacar alguém se não for para se alimentar ou se ele não tiver sido submetido a uma pressão dos humanos”, alertou.

“Aconselhamos a população a acionar os órgãos ambientais caso o animal esteja colocando a vida das pessoas em risco no rio. Caso contrário, é só deixá-lo seguir seu curso naturalmente, até porque a praia é a rota dele, não tem outro lugar para ele trafegar. A praia é o habitat natural deles, nós tomamos aquela frente como praia, mas ali é o local dos animais”, finalizou o militar.

Segundos as autoridades, o mais indicado é que as pessoas nunca tentem fazer a captura do animal, que pode reagir de forma agressiva caso se sinta ameaçado, por estar fora do habitat natural. O Corpo de Bombeiros alerta para não fornecer alimentos ou água, que podem ser prejudiciais. (Karine Sued, com informações de Josseli Carvalho)