Correio de Carajás

Infecção por HIV e Aids (terceira parte)

A contagem de células T CD4+ e determinação do nível plasmático de RNA do HIV constituem partes importantes na avaliação e monitoração rotineiras de indivíduos infectados pelo HIV. A contagem de células T CD4+ constitui um indicador geralmente aceito da competência imunológica do paciente com infecção pelo HIV, existindo estreita relação entre a contagem de células T CD4+ e as manifestações clínicas da Aids.

Os pacientes devem ter a sua contagem de células T CD4+ efetuada por ocasião do diagnóstico e, depois, a cada 3 a 6 meses. (Podem-se efetuar medidas mais frequentes em pacientes que apresentam declínio das contagens). Embora a contagem de células T CD4+ forneça informações sobre a condição imunológica atual do paciente, o nível de RNA do HIV prediz o que acontecerá com a contagem de células T CD4+ no futuro próximo.

A determinação dos níveis plasmáticos de RNA do HIV deve ser feita no momento do diagnóstico e a cada 3 a 4 meses depois disso no paciente não tratado. A medida dos níveis plasmáticos do RNA do HIV, também são úteis para a tomada de decisão terapêutica em relação à terapia antirretroviral.

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Após a instituição do tratamento ou qualquer mudança deste, os níveis plasmáticos de RNA do HIV devem ser monitorados aproximadamente a cada 4 semanas, até que a eficácia do esquema terapêutico seja determinada pelo desenvolvimento de um novo nível de RNA do HIV em estado de equilíbrio dinâmico. Durante o tratamento, os níveis de RNA do HIV devem ser monitorados a cada 3 a 6 meses, a fim de avaliar a eficiência contínua da terapia.

As principais manifestações clínicas dos vários estágios da infecção pelo HIV estão resumidas adiante, a começar Síndrome do HIV (retroviral) aguda: Cerca de 50 a 70% dos indivíduos infectados apresentam uma síndrome aguda após infecção primária. A síndrome aguda ocorre em 3 a 6 semanas após a infecção.

Pode apresentar múltiplas manifestações clínicas, dura 1 a 2 semanas e regride de forma espontânea quando ocorre resposta imune ao HIV, e a carga viral diminui após ter atingido o seu nível máximo. A seguir, a maioria dos pacientes entra em uma fase de latência clínica, embora alguns pacientes sofram deterioração imunológica e clínica rapidamente progressiva.

Já na infecção assintomática, o intervalo de tempo entre a infecção pelo HIV e o desenvolvimento da doença em Pessoas não tratadas varia enormemente, porém o tempo mediano é estimado em 10 anos.

A doença pelo HIV com replicação viral ativa progride em geral durante esse período assintomático, ocorrendo, na ausência de terapia antirretroviral (TARV)combinada, a queda das contagens de células T CD4+. A taxa de progressão da doença está diretamente correlacionada com os níveis plasmáticos de RNA do HIV.

Os pacientes com altos níveis de RNA do HIV evoluem para doença sintomática mais rapidamente do que os com baixos níveis de RNA do HIV. Os sintomas da doença sintomática pelo HIV podem surgir a qualquer momento durante a evolução da infecção por esse vírus. Em geral, o espectro da doença modifica-se à medida que a contagem de células T CD4+ declina.

As complicações mais graves e potencialmente fatais da infecção pelo HIV ocorrem em pacientes com contagens de células T CD4+ < 200/uL. De modo global, o espectro clínico da doença pelo HIV muda constantemente, à medida que os pacientes vivem por mais tempo, sendo desenvolvidas abordagens mais aprimoradas para tratamento e profilaxia das infecções oportunistas.

Além disso, diversos problemas neurológicos, cardiovasculares, renais, metabólicos e hepáticos estão sendo cada vez mais observados em pacientes com infecção pelo HIV, podendo representar uma consequência direta da referida infecção.

O elemento-chave no tratamento das complicações sintomáticas da doença pelo HIV, primárias ou secundárias, consiste em obter um controle adequado da replicação do HIV mediante uso da TARV e instituição de profilaxia primária ou secundária, quando indicado. O tema prossegue na próxima edição de terça feira.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.