Correio de Carajás

Ilhada por lama em casa, deficiente visual ganhará rampa da Sevop

Com um sorriso cativante, Vera Lucia Araújo dos Santos e os quatro filhos contagiam a todos com sua simplicidade e humildade. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no dia a dia, a força de vontade desta família em lutar por dias melhores serve de inspiração para muita gente.

Vera Lúcia tem 38 anos e mora no bairro Independência, em Marabá, junto com cinco filhos, sendo dois deles autistas e uma deficiente visual. Com os três mais novos precisando de cuidados quase que integralmente, Vera precisou parar de trabalhar para se dedicar à família, que hoje vive da renda que recebe do auxílio do governo e com a ajuda de pessoas que se sensibilizam com a história deles.

Diante os inúmeros problemas, o primeiro deles já começa na porta de casa e, pasmem, essa foi a única reclamação da família: a lama na rua, causada pelas chuvas. A residência foi construída acima do nível da via pública – que sofre com alagamentos no período chuvoso. Com isso, uma tábua fica encostada na porta, para que possam “fugir” da lama que toma conta da saída de casa.

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“Quando começa a chover, a gente já precisa procurar uma tábua para colocar na porta de casa, porque aqui fica tudo alagado e, só assim, pra entrar e sair de casa”, conta Vera, que teme acontecer um acidente com a filha Ângela, que tem 100% da visão comprometida.

Aos 19 anos, ela é segunda mais velha dos cinco irmãos. Ângela Maria é deficiente visual e precisa sempre do apoio de uma pessoa para ajudá-la em sua locomoção. Além disso, ela conta com o apoio da sua fiel escudeira, “Angélica” – a bengala que carinhosamente ganhou um apelido – da qual ela cuida com muito zelo.

“Eu não saio sozinha de casa, preciso sempre estar acompanhada de alguém, e claro, da Angélica. Ganhei de presente de um professor do CAP (Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual)”, conta a adolescente, com um sorriso no rosto.

Como toda jovem, Ângela é socialmente ativa. Gosta de ir aos cultos e ensaios de programações especiais da igreja que congrega, de passear e de estudar. Este último, por conta da pandemia, foi adiado. “As aulas estão suspensas. Eu estudo na Unifesspa, passei no vestibular para o curso de Ciências Biológicas”.

A adolescente detalha a dificuldade que tem para entrar e sair de casa, e até mesmo andar com a sua bengala, devido à lama e aos buracos da rua sem asfalto. “Graças a Deus eu nunca caí, porque sempre estou acompanhada de alguém. Mas eu não consigo ter minha própria independência e sair sozinha, por causa das condições da rua, com muitos buracos”, enfatiza a jovem, que gostaria de poder andar pelas vias do Bairro Independência até uma parada de ônibus, mas sem o medo de cair em um buraco.

Sensibilizados com a situação da família, que mesmo nas adversidades vive de forma honesta e feliz, o CORREIO DE CARAJÁS procurou a Prefeitura de Marabá, através da Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), para ajudar Ângela em uma necessidade básica.

O secretário Fabio Moreira, titular da Sevop, informou que nesta segunda (15) um técnico foi até a casa de Ângela para analisar as condições da rua e da residência e, assim, encontrar uma solução para melhorar as condições da via e da entrada da residência.

Inicialmente, segundo ele, será construída uma rampa de acesso à residência para que a jovem não precise mais utilizar a tábua para entrar e sair de casa. No verão, máquinas vão passar pela via para melhorar as condições de trafegabilidade, segundo informou o secretário na manhã desta segunda-feira. (Ana Mangas)