Correio de Carajás

História da Transamazônica estreia em série da HBO

Projeto que é fruto de um tempo muito marcado do passado da história brasileira, a rodovia Transamazônica reverbera ainda hoje em termos concretos e simbólicos no País. Um olhar que costura os tempos que rondam a estrada é o que propõe a nova série “Transamazônica – Uma Estrada Para o Passado”, que estreou na última quinta, 11, às 21 horas, no HBO Mundi.

A produção empreende ao longo de seis episódios um percurso entre o início e o fim da estrada, passando por estados do Nordeste e do Norte e mostrando os impactos econômicos, sociais e políticos da grande obra nos municípios que ela corta. Idealizada durante o governo do general Médici, no final dos anos 1960, e inaugurada em 1972, a rodovia unia objetivos diferentes da ditadura militar, como a ideia de integração nacional.

A série desponta pela da presença de Jorge Bodanzky na produção. O célebre cineasta brasileiro dirigiu com Orlando Senna em 1976 o filme “Iracema – Uma Transa Amazônica”, mistura de ficção e documentário que criticava a recém-inaugurada rodovia.

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Um dos pontos ressaltados pelo cineasta é que, na época da construção da estrada, os impactos negativos daquele processo, como a devastação ambiental, não eram conhecidos da opinião pública pois “não havia imagens” das condições. As imagens que a ditadura militar produzia e divulgava eram somente positivas

Reside, aí, uma reflexão sobre a importância do audiovisual, tanto na propaganda política que os militares faziam, quanto na denúncia e crítica feita em “Iracema – Uma Transa Amazônica”. Não por acaso, a obra foi censurada no Brasil, só conseguindo estrear em 1981.

A introdução da série é feita por Jorge, que cria paralelos entre a experiência da produção do filme e a nova empreitada na Transamazônica. A revisita à rodovia mostra, inclusive, que muitos problemas e questões da época seguem até hoje.

A rodovia também cruza o Ceará e, no desenvolvimento inicial de “Transamazônica – Uma Estrada Para o Passado”, são destacados os municípios de Farias Brito e Campos Sales. Além deles, a estrada também passa por Ipaumirim, Lavras da Mangabeira, Várzea Alegre, Assaré e Antonina do Norte.

No “percurso cearense”, a série apresenta a relação da Transamazônica com a religiosidade, a situação dos chamados “soldados da borracha” – nordestinos que foram enviados pelo governo militar ao Norte do País para extraírem o material para ajudar os EUA na Segunda Guerra Mundial – e a ação dos mototaxistas dos municípios do Interior. (opovo.com.br)