Correio de Carajás

Ian, da Sinobras, diz que foco de Marabá tem de ser em pequenos projetos estruturantes

Vice-presidente da maior empresa privada do município diz que foco atual da siderúrgica é na expansão da fase 2, elevando a produção de aços longos no DIM

Na contramão do que muitos desejam, que Marabá receba grandes projetos que impactem positivamente na verticalização da mineração, o vice-presidente da Sinobras, a maior empresa privada do município – e uma das maiores do Pará – Ian Corrêa disse aos membros da Comissão de Desenvolvimento Socioeconômica de Marabá, que o mais importante é atrair pequenas empresas que gerem cadeia de produção.

“Prefiro ter projetos estruturantes, pequenos, mas que vão crescendo, do que uma grande empresa que nunca sai do papel. Precisamos avaliar o que podemos fazer de diferente para conseguir ampliar a verticalização no Distrito Industrial de Marabá”, sustentou o industrial.

A participação de Ian Corrêa na Comissão de Desenvolvimento ocorreu na quarta-feira, 15 de setembro, e na ocasião ele apresentou os números mais recentes da produção da Sinobras (pertencente ao Grupo Aço Cearense) e o projeto de expansão daquela siderúrgica, inaugurada em 2008.

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Ian revelou que o Grupo Aço Cearense conta, atualmente, com 16 mil clientes ativos, 4 empresas, 1 instituto e já em 2020 produziu 1 milhão de toneladas de aço e alcançou a marca de R$ 3,6 bilhões de faturamento.

“Nosso propósito é contribuir com o desenvolvimento da região e do País. Partimos do minério de ferro até o produto acabado. A Sinobras foi a primeira empresa do Pará que transformou minério de ferro em aço, alcançando a tão sonhada verticalização em Marabá”, recorda.

A empresa utiliza a sucata como principal insumo (80% da matéria prima), tornando-se o maior reciclador do Norte. Mas as fazendas no vizinho Estado do Tocantins permitem à Sinobras Florestal fornecer eucalipto para a fabricação do ferro gusa, que corresponde aos outros 20% de insumo utilizado.

Sinobras é a maior empresa de Marabá, com folha de pagamento superior a R$ 90 milhões ao ano

EXPANSÃO

Ian também explicou aos membros da Comissão de Desenvolvimento que a Sinobras iniciou em 2015 a fase 2 do processo de expansão. Para isso, está injetando mais de R$ 1 bilhão em aquisição de equipamentos, montagem e obras civis.

O projeto de expansão da fase 2 foi retomado em outubro de 2020. Ele inclui a instalação de uma segunda laminação, com capacidade de produção de 500 mil toneladas/ano de aço laminado; e uma nova subestação e linha de transmissão de 230kV, que tem o objetivo de suprir as novas necessidades de cargas elétricas da empresa e propiciar a utilização de energia da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, da qual a Sinobras é sócia como autoprodutora.

Ao ampliar a linha de transmissão da subestação energética, o novo linhão, próprio da Sinobras, vai fornecer energia para outras empresas, disponibilizando 52 Megawatt. Outros investimentos principais estão direcionados para implantação de uma nova fábrica de oxigênio, implantação de fragmentador de sucata, equipamento de laminação a frio e equipamentos para produtos ampliados.

“Com isso, nossa produção atual, de 380 mil toneladas de aço laminado/ano, passará para 850 mil toneladas/ ano. A nova fase irá gerar um pico de 600 empregos indiretos durante a implantação e 220 empregos diretos durante a fase de operação”, destaca o vice-presidente.

Ian ressalta que essa ampliação vai gerar uma cadeia para transporte para outros estados com os produtos da Sinobras. “Calcule: um caminhão carrega cerca de 30 toneladas; então, quantos caminhões não virão a Marabá para levar aço a outros estados?”, compara.

O vice-presidente da empresa destaca que 97% dos empregados na indústria são da região, mas alerta que o comércio não está tão forte como deveria. Prova disso é que, atualmente, a Sinobras compra mais produtos de fora do que do Pará, como o carvão vegetal, que vem do Tocantins. Além disso, alguns serviços e produtos que antes havia no Pará, atualmente está em falta no mercado regional. “Precisamos criar oportunidade para gerar riqueza e renda na região e na cidade. Para atrairmos fornecedores para cá, é preciso que haja outros compradores, salienta Ian, garantindo que existem muitas oportunidades de novos negócios, investimentos e de produção deste segmento na região.

DILEMA DOS INSUMOS

Ian Corrêa também destacou aos presentes a grande carência que a Sinobras tem de adquirir matéria prima para produção de aço, citando a sucata, bio-redutor (carvão), ferro-liga e tarugo.

Também ressaltou que a Sinobras precisou adquirir 18 fazendas no vizinho Estado do Tocantins, porque há dificuldade de utilização de floresta plantada no Pará (um problema de assimetria e licenciamento) que os governos não conseguem resolver. Criticou, ainda, a falta de diversidade de logística, uma vez que a empresa só consegue escoar a produção por via rodoviária.

Corrêa destacou à Comissão de Desenvolvimento, que a Vale está contribuindo como indutora para ajudar a Sinobras a encontrar uma empresa que forneça tarugos com valor de mercado, que seja viável técnica e economicamente.

Por fim, ele mostrou-se preocupado com a mudança de rota do projeto da Ferrovia do Pará e opinou que a situação precisa ser discutida com transparência, mostrando se essa alteração ocorreu por questão financeira ou outra motivação. (Ulisses Pompeu – com informações da Sinobras)

SINOBRAS EM NÚMEROS

1,5 bilhão de reais em faturamento (2020)

1 bilhão de reais na fase 2 de expansão

90 milhões de reais em Folha de Pagamento (2020)

750 empregos gerados na instalação da fase 2

18 fazendas de plantio de eucalipto