Correio de Carajás

Guerra pela presidência do Sindecomar vai parar na Justiça

Nos bastidores, segue a queda de braço entre o presidente afastado e o restante da diretoria

Após a reunião que decidiu pelo afastamento de 60 dias em caráter cautelar e preventivo do atual presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Marabá (Sindecomar), Márcio Alves, a vice-presidente do sindicato – e agora presidente interina – Tâmara Rodrigues, e a Diretora de Esporte e Lazer, Valdirene Oliveira, estiveram na sede do Grupo Correio na tarde de terça-feira (19) para falar sobre a situação.

Tâmara explica que mesmo afastado, Márcio Alves esteve presencialmente na sede do Sindecomar (na terça-feira). De outro lado, os demais diretores executivos disseram que vão aguardar a intervenção judicial no assunto. “Já foram feitos todos os processos para o afastamento dele. Ele alega que ainda é o presidente até receber uma notificação judicial. Vamos aguardar os meios legais”.

Questionadas pelo CORREIO DE CARAJÁS sobre a abertura do Sindicato – na segunda-feira (18) Márcio Alves, que fica com a chave, não havia aparecido para abrir o prédio – a vice presidente afirma que foi chamado um chaveiro para que o sindicato reabrisse e voltasse a funcionar.

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A expectativa deles é de que Tâmara assuma a presidência da entidade de forma interina nos próximos dias e ela promete trabalhar com transparência para, segundo ela, manter a credibilidade do sindicato. “O trabalhador está desgastado com a situação. Eles não esperavam isso e nem a diretoria. As pessoas acreditaram em cada um que compôs a chapa, foi um voto em conjunto, não foi só no Márcio”.

Na última reportagem sobre o assunto, publicada pelo Portal Correio de Carajás no dia 18 de outubro de 2021, Márcio Alves levantou o questionamento de que o tesoureiro, Lenilson Pereira, estaria mentindo e que sabia os detalhes sobre a compra do carro, pois todos os pagamentos e retiradas de dinheiro da conta sindical são feitas mediante autorização em conjunto do presidente e tesoureiro.

O Portal questionou as Diretoras Executivas sobre essas movimentações financeiras, ao que Valdirene Oliveira afirma que Lenilson só foi liberado para servir ao Sindicato em meados de junho. “Ele não tinha acesso. Márcio estava conduzindo o sindicato sozinho e eu era a única diretora que lá. Eu sabia da compra do carro, mas ele falou que o carro era do Sindecomar e depois descobrimos que estava no nome dele”.

Val explica que quando o tesoureiro assumiu efetivamente o cargo, percebeu que alguma coisa de errada estava acontecendo e contou suas suspeitas. “Pedimos explicações, e ele (Márcio) disse que não tinha que explicar nada porque ele era o presidente”, ressaltando que ninguém está acusando o presidente, apenas pediram informações sobre o dinheiro dos trabalhadores.

Segundo Tâmara e Valdirene, o veículo que pertence ao Sindecomar e está em nome de Márcio Alves, fica guardado em uma garagem próxima a sede do sindicato.

Porém, essa decisão só foi tomada depois que a direção definiu através de um documento, que contém a assinatura de todos os integrantes – que o carro deveria ficar guardado após às 18 horas e aos finais de semana. “Mas ele já andou várias vezes”.

Sobre Adelmo Azevedo

Questionadas sobre as acusações feitas por Márcio Alves ao Correio de Carajás, de que o ex-presidente da entidade, Adelmo Azevedo seria o verdadeiro arquiteto do levante contra ele, Valdirene lembra que na verdade os dois sempre foram muito amigos. “Bebiam juntos e sempre estavam juntos. Agora se pegou dinheiro no sindicato eu nunca vi”.

Sobre o parentesco de Andresca Lima, secretária-geral, com Adelmo Azevedo, outro ponto dito por Márcio como suspeito, Valdirene se limita a dizer que parentesco não define caráter.

Próximo passo

De acordo com o estatuto, deve ser formada uma comissão de três pessoas, definida pelos trabalhadores para conduzir o processo de sindicância.

Após esse procedimento, é votado se o presidente é afastado definitivamente ou não. “Isso tudo vai acontecer pelos próximos 60 dias. Enquanto isso, o sindicato e o clube de lazer irão funcionar normalmente”, promete Tâmara.

A reportagem tentou contato novamente com Márcio Alves e até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. (Ana Mangas)

Foto: Evangelista Rocha