Os soldados Ronieri Souza de Lima e Edson Luís Sousa Rodrigues Filho foram autuados em flagrante à luz Código Penal Militar, neste final de semana, após atenderem uma ocorrência de trânsito no Distrito de Serra Pelada, em Curionópolis, sudeste paraense. Os dois foram recolhidos no 23º Batalhão de Polícia Militar, no município vizinho, Parauapebas.
Conforme consta no auto lavrado pela Polícia Militar, ao qual o Correio de Carajás teve acesso, os dois soldados mantiveram um homem recolhido por uma noite no destacamento e são acusados de terem exigido R$ 500 para liberarem o veículo dele, o que negam.
Ambos foram autuados por três crimes tipificados no CPM, nos artigos 243, 225 e 319, que tratam de extorsão, cárcere privado e praticar, indevidamente, ato de ofício para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, respectivamente.
Leia mais:Segundo consta no procedimento, a vítima, que é moradora em Parauapebas, afirma que estava indo para casa quando estourou o pneu do veículo, o que teria causado um acidente com outro automóvel, que estava estacionado. O motorista afirma que desceu do veículo e estava conversando com o outro condutor quando os policiais chegaram ao local.
Ele relata ter sido colocado na viatura, por volta das 20 horas, e conduzido ao destacamento, onde permaneceu até a manhã seguinte. Conforme o denunciante, mesmo sendo liberado, só poderia pegar o carro caso entregasse a quantia de R$ 500 aos policiais.
Quando saiu do destacamento, o homem, que assume ter ingerido uma lata de cerveja na noite anterior, recorreu a um vereador para que o auxiliasse com a questão do carro. Esse, por sua vez, acionou um tenente, Oficial de Dia da Polícia Militar, e explicou o caso. O oficial então foi até Serra Pelada e prendeu os militares.
VERSÃO
Acompanhados por um advogado, os dois policiais autuados em flagrante negam ter exigido qualquer quantia em dinheiro e afirmam que mantiveram o homem recolhido porque ele estava em estado de embriaguez.
Afirmaram que não tiveram como apresentar o motorista na Delegacia de Polícia Civil porque a viatura estava sem combustível naquele horário e nem comunicar a situação porque estavam sem sinal de internet, de rádio e de telefonia, o que alegam ser recorrente e que só foi restabelecido na manhã seguinte.
Declararam que o homem ficou detido por estar bastante embriagado e para ter a própria integridade física resguardada. Os dois dizem que ele foi liberado no dia seguinte, quando apresentava sobriedade, junto do veículo, e que permaneceu no local procurando um mecânico enquanto a guarnição saía em diligência.
Quando os militares retornaram ao destacamento, dizem, encontraram o tenente que os conduziu ao quartel de Curionópolis onde foram autuados. Os policiais sustentam que em momento algum o homem estava privado de levar o bem e negam terem exigido dinheiro. Por fim, dizem acreditar que o motorista, ainda embriagado, possa ter confundido o valor acertado com o outro motorista envolvido, de R$ 400, como pagamento pelos estragos causados.
Os militares foram encaminhados para exame de corpo de delito junto ao Instituto Médico Legal (IML) e estão à disposição da Justiça Militar. (Luciana Marschall e Ronaldo Modesto)