O empresário José Mário Prestes foi preso nesta sexta-feira (14), em Tucumã, no sul do Pará, durante cumprimento, pela Polícia Civil, de mandados judiciais expedidos pela Comarca de Marabá, na região sudeste e distante 400 km. Ele é investigado por suspeita de envolvimento na morte do sócio, o gaúcho Raul Alberto Wolf, de 49 anos, executado a tiros em 2019.
A morte do também empresário ganhou repercussão por ter sido executada numa manhã de domingo, à luz do dia, em um hotel onde ele estava hospedado na Avenida Sol Poente, em Marabá.
A informação da prisão de José Prestes foi repassada ao Correio de Carajás na tarde de sexta pelo irmão da vítima, Carlos Wolf, que acompanha as investigações desde o ocorrido. Para a família, este é o primeiro passo em busca de justiça para o caso. “Estamos mais tranquilos, principalmente pelos meus sobrinhos (filhos de Raul), espero que a Justiça faça a sua parte, assim como a Polícia Civil fez, trabalhando arduamente em cima disso. É um pequeno alento, um começo, ainda tem muito pela frente, mas a gente vai seguir em busca de justiça”, declarou.
Leia mais:A prisão foi cumprida pelo delegado Toni Vargas, diretor da Divisão de Homicídios de Marabá. À Reportagem, o superintendente regional de Polícia Civil do sudeste do Pará, delegado Thiago Carneiro, informou na tarde desta sexta que a “Operação Gambit” foi deflagrada com o intuito de cumprir a prisão temporária e também seis mandados de busca e apreensão em Tucumã e Ourilândia do Norte, decorrentes da investigação acerca da morte de Raul.
Durante a operação foram apreendidos diversos documentos, aparelhos celulares, notebooks, drive externos, pen drives que serão posteriormente analisados e periciados a fim de ser juntados à investigação. Na residência do contador da empresa de José Prestes foram encontradas munições de arma de fogo que possibilitaram a prisão em flagrante do profissional.
A ação contou com apoio de equipes da Regional do Araguaia, com sede em Redenção, e também da Alto do Xingu, com sede em São Félix do Xingu. Durante a operação, acrescentou, foram apreendidos diversos documentos, aparelhos celulares, notebooks e pendrives que serão periciados.
Em uma das residências alvo da operação foram apreendidas diversas munições de arma de fogo e as investigações terão continuidade, destacou o superintendente.
DESVIOS
Carlos Wolf afirma que o irmão, Raul, e o pai deles estariam sendo lesados por desvios nas empresas das quais eram sócios e que o assassinato ocorreu depois da descoberta. Conforme ele, além do assassinato, as pessoas envolvidas no crime teriam roubado milhões de reais que seria pertencentes, atualmente, aos filhos de Raul. “Não é apenas pelo crime (morte), vamos buscar a justiça pelos demais motivos também. São 18 meses de angústia e hoje estamos dando o primeiro passo para conseguir justiça pelo meu irmão e pelas crianças”, declarou.
RECOMPENSA
Carlos Wolf destaca que a família pretende pagar recompensa para quem tiver vídeos da execução ocorrida em Marabá, no intuito de identificar também os executores contratados para o assassinato.
“Estamos pagando por um vídeo que circulou pelo whatsapp demonstrando um cara que persegue o meu irmão e atira nele pelas costas, meu irmão tentou fugir e não conseguiu. Esse vídeo pode trazer o rosto do assassino, temos suspeitos, mas seria imprescindível para nós, creio que vamos conseguir encontrar mesmo 18 meses após o assassinato. Prendendo quem fez também nos ajuda porque um dos mandantes está indo para o xilindró, mas tem mais gente envolvida”.
Para ele, José Mario não é o único mandante. “Desviaram valores na casa dos 7 ou 8 dígitos das empresas. Meu irmão era trabalhador, gente boa e as crianças merecem um alento da justiça. Quem fez isso tem que pagar e a gente continua lutando”, diz, acrescentando que chegou a ser ameaçado durante 60 dias que passou no Pará após a morte do irmão. “Registrei boletim de ocorrência e a denúncia está correndo na Justiça de Tucumã. Também denunciei José Mario por apropriação indébita e falsificação de documentos”, finaliza.
CRIME
O crime aconteceu na manhã do dia 10 de novembro de 2019 na garagem de um hotel localizado na Rua Sol Poente, no Núcleo Cidade Nova, onde Raul estava a trabalho. Conforme informado na época, o crime foi praticado por dois homens que estavam em uma motocicleta, modelo Honda Biz, de cor branca. Os pistoleiros chegaram ao local por volta das 8h30 e abordaram a vítima, atingindo-a com tiros principalmente na nuca. (Luciana Marschall com informações de Evangelista Rocha)