Correio de Carajás

Embrapa vê destaque na produção de mel

Inserir os produtores dentro de projetos de agricultura é um dos desafios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O CORREIO recebeu pesquisadores para falarem de dois projetos que estão entre os mais importantes para a agricultura da região, dentre os 19 desenvolvidos com recursos do Fundo Amazônia. A autarquia é pioneira no desenvolvimento e implementação de tecnologias produtivas e sustentáveis, sendo referência internacional no tema

InovaFlora

De acordo a pesquisadora da Embrapa, Michelliny Bentes, gestora do projeto, o InovaFlora tem como metas o incentivo e o apoio aos agricultores familiares na adequação ambiental da propriedade rural à legislação ambiental. Por meio do projeto é realizada uma agenda de capacitação continuada, partindo do diálogo a construção coletiva do conhecimento entre os especialistas da Embrapa, instituições parceiras e as experiências e conhecimentos dos agricultores da região.

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Esse conjunto de parceiros são agentes multiplicadores em temas da regularização do passivo ambiental nas Áreas de Reserva Legal (RL), Áreas de Preservação Permanente (APP), e Áreas de Uso Restrito da propriedade, identificadas por meio do Cadastro Ambiental Rural – CAR.

A pesquisadora atenta ainda que uma das características do projeto é levar para a região um conjunto de tecnologias da Embrapa e parceiros, ou melhor dizendo, modos de fazer, que podem orientar e que serão demonstradas em campo aos produtores, com alternativas produtivas e técnicas da restauração ecológica para essas áreas. Segundo Michelliny, desde 2018 o projeto vem atuando de forma mais intensa na região e seguirá assim até 2021.

Agrobio

O Agrobio (Abelhas, variedades crioulas e bioativos agroecológicos: conservação e prospecção da biodiversidade para gerar renda aos agricultores familiares na Amazônia Legal) é um dos 19 projetos com recursos do Fundo Amazônia que a Embrapa está implementando no sudeste paraense, região eleita para receber todas as ações no Estado.

Questionado pela Reportagem se é viável para a nossa região trabalhar com abelhas, o gestor explicou que existem duas atividades distintas: a apicultura e a meliponicultura. A primeira explora as abelhas com ferrão, já a segunda é a atividade que atua com as abelhas nativas sem ferrão. “Essas abelhas só o estado do Pará tem, são 119 espécies. Aqui temos um grande potencial. Enquanto a boa parte dos estados tem três, quatro, cinco meses de uma janela de florada, só aqui na região sudeste nós temos uma janela que, dependendo, varia de sete a dez meses. Então é uma oportunidade grande de produção durante o ano”, respondeu o pesquisador Daniel Santiago, gestor do projeto.

Quanto à produção de mel, Daniel fez um comparativo a nível nacional e regional. De acordo com ele, a produção média por colmeia no Brasil é de 15 kg e, no Pará, praticamente sem manejo algum, um produtor consegue tirar 30 kg. “O foco do projeto é justamente trazer conhecimento, adequar as tecnologias existente à realidade amazônica para que o produtor possa usufruir”, completou.

Em Marabá, as tecnologias geradas ou melhoradas pela Embrapa, aplicadas à cadeia produtiva de abelhas sem ferrão, tem o objetivo de gerar e melhorar a renda dos produtores, com aumento de produtividade das culturas agrícolas nos assentamentos e novas opções de negócios a partir dos produtos e subprodutos da meliponicultura, como o mel e a própolis, conforme explicou Daniel.

Ainda de acordo com ele, o Agrobio teve início no segundo semestre de 2018 e atua em três frentes convergentes que reúne a meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão), o levantamento e cultivo de variedades crioulas, nesse caso, as plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e a identificação de potenciais bioativos oriundos dessas duas atividades.

Fundo Amazônia

Os dois projetos fazem parte dos 19 em fase de execução que compõem o Projeto Integrado para a produção e manejo sustentável do Bioma Amazônia, financiado pelo Fundo Amazônia, operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O projeto busca promover a produção e a disseminação de conhecimentos e tecnologias voltadas para a recuperação, conservação e uso sustentável da Amazônia, por meio de apoio a projetos e ações de pesquisa, desenvolvimento, transferência de tecnologia, intercâmbio de conhecimentos e comunicação rural.

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A Embrapa e parceiros atuam em todos os estados da Amazônia Legal com o objetivo de reduzir o desmatamento e promover a preservação e o uso sustentável dos recursos naturais, a partir do fortalecimento da agricultura familiar da região.

(Karine Sued)