Correio de Carajás

Doenças no quadril da criança

      Nos consultórios médicos, a dor nos quadris relatada pelas crianças é bastante comum. A dificuldade no diagnóstico é frequente, pois existem muitas doenças e causas para as quais as dores se manifestam. As principais doenças são: sinovite transitória do quadril, artrite séptica, doença de Perthes e epifisiólise.

      A Sinovite Transitória do Quadril de Criança é um problema inflamatório, autolimitado e não específico que se cura espontaneamente, que envolve a articulação do quadril, localizada entre a bacia e a coxa. Os principais sinais são, a criança mancando ou que não consegue apoiar o membro inferior no solo. Sente dor localizada na face anterior do quadril e da coxa, podendo atingir o joelho.

      Frequentemente a doença ocorre durante ou após um quadro viral. Porém, algumas vezes, a dor no quadril aparece antes. Algumas doenças alérgicas também podem desencadear um processo inflamatório nas articulações, semelhantes à sinovite transitória. Geralmente a movimentação do quadril é acompanhada de dor.

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      A Artrite Séptica do quadril é a doença articular mais rapidamente destrutiva que acomete a população infantil, especialmente abaixo de três anos de idade. Os estafilococos são os agentes etiológicos mais frequentes. Suas manifestações clínicas podem variar de acordo com a idade, fatores ligados ao hospedeiro e virulência do organismo infectante. A inflamação aguda sempre leva à destruição da cartilagem articular, comprometimento avascular da epífise e outras sequelas irreversíveis.

      A drenagem cirúrgica precoce e antibioticoterapia de longa duração produzem melhor prognóstico que qualquer outra conduta menos agressiva. O diagnóstico e tratamento precoces são os mais importantes fatores que modificam o prognóstico da artrite séptica na infância. A limpeza cirúrgica da articulação e antibioticoterapia apropriada são necessárias para impedir sequelas tardias.

      A Doença de Perthes ou Legg-Calvé-Perthes consiste na destruição do quadril na criança. Essa doença é causada por um fornecimento de sangue insuficiente para a parte superior da placa de crescimento do fêmur, perto da articulação do quadril, geralmente unilateral. Os sintomas típicos incluem dores no quadril e dificuldades para andar.

      O diagnóstico é feito com base em radiografias e, às vezes, em exames de imagem por ressonância magnética. O tratamento inclui imobilização do quadril e repouso no leito. A doença Legg-Calvé-Perthes é uma osteocondrose, que é um grupo de distúrbios da placa de crescimento dos ossos que ocorre quando a criança está crescendo rapidamente. Os distúrbios parecem ser de fato um mal de família.

      A doença de Legg-Calvé-Perthes se desenvolve mais comumente em meninos entre os cinco e dez anos de idade. Cerca de 10% das crianças têm um pai ou mãe que teve a doença. Outros problemas também podem causar a interrupção do fornecimento de sangue para as placas de crescimento. Esses problemas incluem anemia falciforme e o uso de corticosteroides.

      A Epifisiólise pode ser facilmente confundida com dores musculares e ósseas, a doença acomete crianças e adolescentes na faixa dos 11 aos 14 anos. Caracteriza-se pelo deslocamento do colo do fêmur em relação à epífise femoral, ou seja, é o escorregamento da cabeça do fêmur na bacia. Por ser pouco conhecida popularmente, a doença é facilmente confundida com dores musculares e ósseas.

       Segundo o ortopedista, Dr. Claudio Santili, costuma-se atribuir a epifisiólise a um desequilíbrio endócrino, microtraumas ou à obesidade. As crianças acima do peso ou muito magras e altas, que cresceram rapidamente, podem ter a cartilagem entre o colo e a cabeça femoral enfraquecida e, quando submetida ao estresse mecânico, podem sofrer o escorregamento lento ou agudo.

      A confirmação do diagnóstico deve ser feita a partir de um estudo radiológico simples da bacia comparando os dois lados. Se não identificada rapidamente, a epifisiólise pode causar sérios danos na fase adulta do paciente, como a artrose no quadril e deformidades. Apesar disso, não há o perigo de a pessoa tornar-se paraplégica.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.