Correio de Carajás

Doença Inflamatória crônica dos intestinos II

Para não se estimular ainda mais o intestino quando se está em crise com diarreia, o paciente não deve comer condimentos picantes, nem alimentos que contenham muitas fibras insolúveis, como cascas das frutas, verduras e alguns tipos de cereais. É bom evitar também leite e derivados que podem aumentar o processo de fermentação e causar desconforto. Não há hábitos alimentares que melhorem a doença, há alimentos que não pioram as crises.

      Em relação à ingestão de bebida alcoólica a contraindicação depende da bebida, conforme Flavio Steinwurz. Pois Curiosamente, nos casos de colite ulcerativa, as bebidas fermentadas como cerveja, vinho, Champanhe devem ser evitadas não pelo teor alcoólico, mas por a fermentação contribuir para aumentar a diarreia. Já os destilados são permitidos, pela sua experiência.

      Recomendações procure imediatamente assistência médica, se tiver sangramento intestinal ou crises persistentes de diarreia. Não coma alimentos que contenham fibras insolúveis (cascas de frutas, verduras, etc.) para não estimular o intestino e agravar as crises de diarreia.

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      Reduza ao máximo a ingestão de condimentos picantes. Evite leite e derivados que podem aumentar a fermentação intestinal. Não consuma bebidas fermentadas, como vinho, cerveja e champanhe. Sangue nas fezes também aparecem em outras doenças do tubo digestório.

     Em alguns casos, felizmente raros, a retocolite pode evoluir para quadros graves de colites fulminantes, com sangramento volumoso, de difícil controle. O paciente precisa ser internado para tomar medicação por via endovenosa e repor o sangue que perdeu.

      Podem ocorrer também complicações extraintestinais, tais como, complicações de pele e de fígado, entre outras, que regridem com a melhora da doença. Uma complicação que merece ser destaque é o megacólon tóxico, uma inflamação acompanhada de quadro infeccioso grave. Trata-se de infecção que pode atingir a corrente sanguínea e causar infecção generalizada, septicemia.

      Os objetivos do tratamento com RCUI evoluíram de tratamento sintomático e indução da remissão clínica, para desfechos mais importantes como a manutenção da remissão livre de esteroides, prevenção de internação e cirurgia, cicatrização da mucosa, E melhora da qualidade de vida.

      O seu tratamento tem dois objetivos básicos, tirar o paciente da crise e mantê-lo em remissão. Como esse objetivo é alcançado na grande maioria dos casos, as pessoas podem levar vida absolutamente normal. No tratamento é usada a sulfassalazina ou seus derivados.

      Outra opção de tratamento, quando os derivados de sulfa não apresentam bons resultados, são os corticoides, que atuam na forma ativa e aguda da doença com bastante rapidez e eficiência. Em geral a grande maioria tem resposta muito rápida. Cerca de uma semana depois do início do tratamento, há regressão do quadro diarreico, desaparecimento do sangramento, melhora da dor abdominal, recuperação do peso e do apetite e fim da urgência para evacuar.

      Ocorre que alguns pacientes tornam-se dependentes dos corticoides. Para esses, os imunossupressores, remédios destinados aos pacientes com retocolite ulcerativa, que desenvolveram dependência aos corticoides ou não responsivos ao tratamento convencional. Por fim, é preciso lembrar que quadros longos de colite que acomete o intestino grosso inteiro, com mais de oito, dez anos de história, aumentam muito a probabilidade de câncer de intestino.

       Por isso, como prevenção, esses pacientes devem fazer colonoscopia anualmente, com biópsias, mesmo que doença esteja em remissão por período prolongado. Existe um protocolo de consenso em gastroenterologia para seguimento destes pacientes ao longo da vida.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.