Correio de Carajás

Doença Fibrocística da Mama

      A doença fibrocística é uma doença benigna da mama, e também é a lesão mais frequente da mama. Embora comumente chamada de “doença fibrocística,” ela, de fato, não representa um distúrbio patológico ou anatômico. É comum em mulheres entre 30 e 50 anos de idade, mas é rara em mulheres na pós-menopausa que não recebem reposição hormonal.

      O estrogênio é considerado um fator causal. Pode haver um aumento do risco em mulheres que consomem bebidas alcoólicas, especialmente em mulheres entre 18 e 22 anos de idade. São massas dolorosas na mama, muitas vezes múltiplas, geralmente bilaterais. Leva a modificações rápidas no tamanho das massas é comum. Frequentemente, a dor ocorre ou piora e o tamanho aumenta durante a fase pré-menstrual do ciclo.

      A doença fibrocística abrange uma grande variedade de alterações histológicas benignas do epitélio mamário, algumas delas podem ser observadas comumente também em mamas normais, provavelmente, como variantes do normal, mas, ainda assim, foram denominadas uma “condição” ou “doença”.

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      Os achados microscópicos da doença fibrocística incluem cistos, papilomatose, adenose, fibrose e hiperplasia epitelial ductal. Embora a doença fibrocistica seja considerada, em geral, como um fator de risco para o câncer de mama subsequente, apenas as variantes com um componente de proliferação epitelial (especialmente com atipia) ou maior densidade de mama na mamografia representam fatores de risco reais.

      A doença fibrocística pode produzir uma massa assintomática descoberta acidentalmente na mama, mas o que muitas vezes chama a atenção para ela é dor ou hipersensibilidade. O desconforto, com frequência, ocorre ou piora durante a fase pré-menstrual do ciclo, momento em que os cistos aumentam.

      Flutuações rápidas no tamanho e surgimento ou desaparecimento de uma massa na mama são comuns com esta condição, bem como a presença de massas múltiplas ou bilaterais, além de secreção mamilar serosa. As pacientes apresentam um histórico de um nódulo transitório na mama ou dor cíclica na mama.

      Dor, flutuações no tamanho e multiplicidade das lesões são as características mais úteis na diferenciação da doença fibrocística do carcinoma. Se estiver presente uma massa dominante, o diagnóstico de câncer pode ser presumido até que uma biópsia comprove o contrário. A mamografia pode ser útil, mas o tecido mamário nessas mulheres jovens costuma ser muito radiodenso para permitir um estudo de valor.

      A mamografia e a ultrassonografia devem ser utilizadas para avaliar uma massa em uma paciente com doença fibrocística. A ultrassonografia isolada pode ser utilizada em mulheres com menos de 30 anos de idade. Como uma massa da doença fibrocística é difícil de distinguir do carcinoma com base nas manifestações clínicas, as lesões suspeitas devem ser submetidas à biópsia.

      A citologia por aspiração com agulha fina (PAAF) pode ser utilizada, mas se uma massa suspeita, não maligna no exame citológico, não desaparece ao longo de vários meses, ela deve ser removida ou deve ser realizada biópsia com agulha de fragmento.

A cirurgia deve ser conservadora, uma vez que o objetivo principal é a exclusão do câncer. Ocasionalmente, a PAAF será suficiente. A mastectomia simples ou a extensa remoção de tecido da mama é raramente, ou nunca, indicada para a doença fibrocística.

      Quando o diagnóstico de doença fibrocística foi estabelecido por biópsia prévia ou é provável por conta de um histórico clássico, a aspiração de uma massa pequena sugestiva de um cisto é indicada para aliviar a dor e, mais importante, para confirmar a natureza cística da massa. Depois disso, a paciente deve ser novamente examinada em intervalos.

      Se não for obtido líquido por aspiração, se o líquido for sanguinolento, se uma massa persistir após a aspiração ou se, em qualquer momento durante o acompanhamento, for observada uma massa persistente ou recorrente, a biópsia deverá ser realizada.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

 

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.