Correio de Carajás

Distúrbios do sono

      Os pacientes podem se queixar de (1) dificuldade de iniciar e manter o sono à noite (insônia); (2) sonolência diurna excessiva ou cansaço durante o dia; (3) fenômenos comportamentais incomuns que ocorrem durante o sono (parassonias); ou (4) distúrbios no ritmo circadiano associados a mudanças no fuso horário, turnos de trabalho e síndrome de atraso da fase do sono.

      A cuidadosa anamnese dos hábitos do sono, incluindo o relato do cônjuge (p. ex., ronco, adormecimento ao volante), é a base para o diagnóstico. Os pacientes com sonolência excessiva devem ser orientados a evitar conduzir veículos automotores até que tenham sido efetivamente tratados.

      Um relatório diário pelo período mínimo de 1 a 2 semanas com anotações dos horários de sono, trabalho e administração de fármacos pode ser útil. Os horários de trabalho e sono (inclusive dos cochilos diurnos e dos despertares noturnos) assim como o uso de bebidas alcoólicas e medicamentos, incluindo cafeína e hipnóticos, devem ser anotados diariamente.

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      Os distúrbios do sono estão entre os problemas mais comuns vistos pelos médicos. Mais de 50% dos adultos apresentam distúrbios do sono ao menos intermitentes. Cerca de 50 a 70 milhões de norte-americanos sofrem de algum distúrbio crônico do sono, o qual pode afetar o funcionamento diário e a saúde física e mental.

      A insônia é a queixa de sono ruim e costuma apresentar-se como dificuldade para iniciar ou manter o sono. As pessoas com insônia estão insatisfeitas com seu sono e sentem que isso prejudica sua capacidade de funcionar bem. As pessoas acometidas costumam experimentar fadiga, humor deprimido, irritabilidade, mal-estar e déficit cognitivo.

      A maioria dos casos de insônia começa na idade adulta, mas muitos pacientes podem ter predisposição e relatar sono facilmente interrompido desde antes da insônia, sugerindo que seu sono é mais leve que o habitual. Todas as insônias podem ser exacerbadas e perpetuadas por comportamentos que não são benéficos para iniciar ou manter o sono.

      A Insônia crônica, com duração maior de 3 meses, ocorre em cerca de 10% dos adultos. A insônia aguda ou de curto prazo afeta mais de 30% dos adultos e costuma ser precipitada por eventos vitais estressantes.

      Uma higiene de sono inadequada é caracterizada por um padrão de comportamento anterior ao sono e/ou um ambiente no quarto de dormir que não beneficiam o sono. Em vez de medicamentos hipnóticos, o paciente deve tentar evitar atividades estressantes antes de se deitar, reservar o ambiente do quarto para dormir e manter horários regulares para despertar.

      Esses pacientes mostram-se preocupados com sua percepção de incapacidade de dormir adequadamente à noite. Deve-se dar rigorosa atenção à higiene do sono e à correção de comportamentos contraproducentes antes da hora de dormir. As terapias comportamentais são os tratamentos preferenciais.

      A cafeína é a causa farmacológica mais comum de insônia, embora uma ampla gama de fármacos psicoativos possa interferir com o sono, incluindo álcool e nicotina. Diversos medicamentos, como antidepressivos, estimulantes e glicocorticoides, podem provocar insônia. Pode haver insônia de rebote intensa por abstinência aguda de hipnóticos, em especial após o uso de benzodiazepínicos de ação curta.

      Os pacientes com a síndrome das pernas inquietas (SPI) queixam-se de disestesias crescentes sentidas profundamente nas panturrilhas ou nos pés associadas a um desejo irresistível de mover os membros; os sintomas caracteristicamente pioram à noite. A deficiência de ferro e a insuficiência renal podem causar SPI secundária.

       Diversos distúrbios neurológicos produzem ruptura do sono por mecanismos indiretos inespecíficos (dor no pescoço ou nas costas) ou disfunção de estruturas neurais centrais envolvidas na geração e no controle do próprio sono. Entre as causas comuns a serem consideradas, estão a demência por qualquer causa, epilepsia, doença de Parkinson e enxaqueca. O tema prossegue na próxima edição de terça-feira.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.