O sistema de combate à violência contra à mulher não pode abrir mão do apoio dos profissionais de saúde, quanto mais em uma maternidade, de onde podem vir informações importantes. Com base nesse pensamento, os defensores públicos da área de violência doméstica em Marabá, Nara de Cerqueira e Allysson Castro, realizaram duas palestras aos profissionais Hospital Materno Infantil de Marabá na manhã desta sexta-feira (24). O objetivo era esclarecer sobre a importância da rede e de que forma esse apoio pode ser efetivo.
O trabalho, que ocorreu no auditório do HMI, faz parte de uma série de ações relacionadas à comemoração dos 40 anos da Defensoria Pública do Estado do Pará.
A reportagem do Correio conversou com a Dra. Nara, que atua defendendo mulheres, tirando todas as suas dúvidas e prestando todos os esclarecimentos, e, segundo ela, o que vem notando em seu trabalho, é perceptível que muitas mulheres são vítimas durante a gravidez e durante o estado puerperal.
Leia mais:Tal situação chamou a atenção da Defensoria, fazendo o órgão atuar de forma preventiva, buscando os ambientes onde essas mulheres gestantes ou no pós-parto se encontram e iniciando o trabalho diretamente com quem as atende, identificando esses casos, para que eles sejam levados à justiça, garantindo às vítimas um tratamento adequado, para o agressor poder ser punido, também.
Desta forma é possível traçar um caminho para que elas sejam encaminhadas para os serviços assistenciais adequados, e assim, recebam todo o suporte que precisam, a fim de evitar casos futuros.
“Hoje, esta primeira palestra é voltada aos servidores do hospital, profissionais que possuem contato direto com as gestantes e puérperas, para que eles consigam identificar as vítimas agredidas e se tornem agentes, sejam multiplicadores e replicadores do nosso conhecimento, fazendo o encaminhamento correto: passar à Defensoria Pública, para que medidas punitivas e de segurança sejam tomadas”, explica Nara.
É importante frisar também que o atendimento da vítima de violência doméstica é feito em rede, portanto, todos os órgãos públicos, municipais, estaduais, federais e movimentos sociais, devem trabalhar juntos para auxiliarem na proteção de todas as mulheres.
Allysson Castro, defensor público em Marabá há 13 anos, é responsável por atuar diretamente com os agressores dessas vítimas e diz que, diante da situação recorrente da abundância de casos de violência obstétrica no HMI, se fez necessária a iniciativa de marcar uma palestra educativa com os servidores do corpo da unidade de saúde elucidando precauções e providências a serem tomadas por eles.
“Todos nós temos nossa parcela de responsabilidade em ser um agente multiplicador a fim de que as mulheres se sintam mais acolhidas, sejam mais amparadas e menos violentadas”, pontua o defensor.
Nara e Alysson trouxeram a ideia da palestra, mas a responsável por abraçá-la e organizar para promovê-la foi a diretora administrativa do HMI, Alcileia Tartáglia, que esteve presente e também falou com o Correio.
Para ela, a ação é de suma importância, não só para as mulheres de Marabá, mas também para os funcionários da unidade de saúde, pelo ser um tema recorrente que merece atenção. “A importância da prevenção e do combate da violência contra a mulher é um tema que devemos abordar sempre, para que as vítimas dessas e outras violências possam estar cientes e procurando pelos seus direitos”, finaliza. (Thays Araujo)