Corpos doados para fins acadêmicos podem contribuir para a formação de universitários e para pesquisas científicas por, no mínimo, oito anos, de acordo com o Conselho Estadual de Distribuição de Cadáveres do Paraná (CEDC). O tempo de uso máximo, entretanto, pode chegar até 20 anos, com cuidados específicos e uso de produtos químicos.
Em geral, segundo a Secretaria de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (Seti), os corpos humanos são utilizados em cursos que possuem na grade curricular a disciplina de anatomia, como Educação Física, Enfermagem, Biologia, Farmácia, Odontologia, Psicologia, Fonoaudiologia, Nutrição, Saúde Coletiva e Biomedicina.
De acordo com o professor Gonçalo Cassins, presidente Conselho Estadual de Distribuição de Cadáveres do Paraná (CEDC), algumas instituições do estado estão há anos sem receber corpos, o que dificulta o trabalho, uma vez que eles tem “uma vida útil para estudo”.
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“O tempo de utilização depende muito das práticas realizadas. Mas podemos dizer que no mínimo oito anos, há relatos que duraram mais de 20 anos. Dependendo da necessidade do curso, o corpo humano poderá ainda ser separado em tecidos moles para estudos específicos”, explicou o Cassins.
No Brasil, uma lei federal de 1992 dispõe sobre o uso cadáver não reclamado para fins de estudos ou pesquisas. Especificamente no Paraná, uma lei estadual de 2007 regulamenta a doação de corpos de pessoas que queiram fazer essa sinalização em vida.
Aqueles que tem o desejo de encaminhar, depois da morte, o corpo para este fim, precisam seguir algumas regras como registro em cartório. Veja mais abaixo.
Segundo a Seti, a doação não inviabiliza velório, funeral ou doação de órgãos.
Doações no Paraná
Dados da Seti mostram que 64 corpos foram doados no Paraná desde 2009, ano em que começaram os registros de doações.
Cassins comenta que anos atrás era mais comum a doação e corpos masculinos, mas isso está mudando.
“Entre os doadores há mulheres, homens, crianças e fetos. Antigamente eram mais homens os doadores, atualmente está mais equiparado.”
Atualmente, segundo Cassins, 30 mil alunos do Paraná dependem das doações para a qualidade do ensino. Para contribuir com as pesquisas, a funcionária pública Tânia Cardoso formalizou à família que, quando morrer, quer que o corpo dela seja encaminhado para a área acadêmica.
“Por que não contribuir com o estudo da medicina? Que é uma forma deles poderem dar utilidade pra esse corpo. É um serviço de utilidade pública.”
Por que doar corpos para a ciência?
Segundo Fernando Carlos de Sousa, professor das disciplinas anatomia e fisiologia na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Dois Vizinhos, a doação de corpos contribui com uma percepção realista dos alunos sobre os trabalhos que futuros médicos, por exemplo, irão desempenhar.
O volume de doações, segundo o professor, também influencia a formação dos futuros profissionais.
“Se você não tem a entrada de novos corpos para substituir os que você tem na universidade, você tem que continuar usando os velhos. Todos os anos você tem o ingresso de novos alunos e a gente precisa desse material.”
O professor destaca, também, que quando um corpo chegar ao limite de uso, ele não é descartado. Por lei, a universidade tem que sepultar o corpo ou cremá-lo.
Doação do corpo não impede cerimônias
De acordo com a Seti, mesmo com a doação formalizada, quando ocorrer o óbito, a família poderá realizar normalmente o velório, funeral, ou qualquer outro ritual que queira.
A sinalização de doação do corpo não inviabiliza, também, a doação de órgãos. Ou seja, uma pessoa pode optar pelos dois tipos de doações.
Como sinalizar interesse em doar o próprio corpo no Paraná
Segundo o CEDC, o processo de doação exige o cumprimento de seguintes regras:
- Ter mais de 18 anos;
- Comunicar a família;
- Registrar em cartório.
Ainda segundo o CEDC, a doação de um corpo também pode ser feita após a morte pela família. Neste caso, os familiares devem entrar em contato com o conselho ou diretamente com a instituição de ensino receptora.
Contatos com o conselho podem ser feitos pelo telefone (41) 3281-7318 ou pelo e-mail cedcpr@seti.pr.gov.br.
(Fonte:G1)