A 8ª Conferência Municipal de Meio Ambiente foi realizada nesta quinta-feira, 15, em Marabá. O evento é organizado pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM), em conjunto com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) e nesta edição foi pautado sob o tema “Conservar a Floresta para Preservar a Vida”. Na oportunidade, também ocorreu a eleição para a nova formação do Comam.
Em sua programação, a conferência contemplou o público com palestras sobre as unidades de conservação da região de Carajás e sobre o cadastro ambiental rural. Além disso, foram realizadas apresentações explicativas sobre a atuação do Comam, e sobre as unidades de conservação municipais.
Em sua fala de abertura, Rubens Borges Sampaio, o “Rubinho”, secretário Municipal de Meio Ambiente, reforçou a importância das palestras. “O nosso tema relacionado a florestas, traz como pano de fundo a preservação e a conservação do que ainda sobrou. Tem muitas áreas abertas aqui no município e a gente precisa preservar a nossa mata”.
Leia mais:Sobre o tema do cadastro ambiental rural, ele destaca que o estado do Pará foi um dos percussores do registro, junto com o estado do Mato Grosso. “Esse cadastro foi criado justamente para monitorar o desmatamento que já vinha acontecendo ao longo dos anos, de forma irresponsável e irregular. A palestra do Rafael é importante para mostrar que hoje nós podemos conservar, podemos cuidar das nossas florestas”. O palestrante, Rafael Monteiro, é engenheiro florestal da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), que agradeceu o convite para participar da conferência e disse que é um prazer imenso colaborar com o debate sobre a preservação da floresta no município de Marabá.
Ao lado de Rubinho estava o vereador Alécio Stringari (PDT), expressou sua preocupação com a fauna e a flora marabaense, e da sustentabilidade. “Temos que fazer um desenvolvimento sustentável nas nossas atividades de produção, seja na agricultura, na pecuária e nos demais setores, como a mineração”. Ele destaca que tudo isso está relacionado tanto ao desenvolvimento da cidade, quanto ao meio ambiente.
COMAM
Jorge Bichara Neto, presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente, destacou para o público as principais áreas de atuação do Comam, além de explicar de que maneira o recurso financeiro do Fundo Municipal de Meio Ambiente é utilizado. Ele frisa que o conselho marabaense tem uma particularidade que o difere do de outros municípios e estados, uma vez que o Comam atua tanto de maneira consultiva, quanto deliberativa.
O conselho é vinculado administrativamente à Semma e possui representantes tanto do poder público do município, quanto da sociedade civil. Jorge destaca que aqueles que integram o Comam não recebem nenhum tipo de remuneração, com exceção de sua secretária executiva, que é de fato funcionária da instituição.
Entre as atribuições do conselho, está a criação de áreas de relevante interesse ecológico: florestas municipais, inseridas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação; a implantação do Projeto Quelônios de Marabá, uma iniciativa do Comam, com e execução da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e chega a soltar, anualmente, em torno de 20 mil tartarugas e tracajás nos rios do município.
Por sua vez, o Fundo Municipal de Meio Ambiente (FMA), tem seus recursos aplicados tanto na aquisição de equipamentos que auxiliem na atuação dos órgãos ligados ao meio ambiente, quanto no sustento da Fundação Zoobotânica de Marabá (FZM). Bichara ressalta que sem esse dinheiro, seria impossível manter a FZM funcionando, uma vez que ela emprega 12 funcionários, além de ser lar para diversos animais.
Destinado aos projetos ambientais, o fundo já investiu na compra de três caminhões pipa, utilizados pela Semma e pelo departamento de paisagismo no município, tanto para regar as plantas dos canteiros no verão, quanto para apagar incêndios. Também foi realizada a compra de uma retroescavadeira, utilizada pela Secretaria de Agricultura (Seagri), a máquina é usada no transporte da produção da secretaria, que destina mudas para o pequeno produtor e para o paisagismo municipal. Além dessas destinações, o recurso também é aplicado em outras ações de conservação e educação ambiental.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
André Luís Macedo, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e gestor do núcleo de gestão integrada ICMBio Carajás, detalha que a instituição que ele representa, é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, responsável pela gestão das unidades de conservação federais em território nacional.
“As florestas nacionais são áreas públicas, pertencem à sociedade. Todos nós somos proprietários, somos donos dessas florestas nacionais”, afirma ele. André ressalta que em Marabá essas unidades de conservação não são tão conhecidas e por isso a importância de se falar nelas. “A gente tem feito esse trabalho em parceria com a prefeitura municipal, com a Semed, com a Semma, de divulgar essas unidades no município”, ele acrescenta que também é realizado o trabalho de levar a sociedade para conhecer essas áreas protegidas, trabalho que ficou prejudicado durante a pandemia e passou por uma reestruturação para retornar à ativa.
Em sua fala, o analista destaca a importância de a comunidade enxergar as unidades de conservação como um espaço que lhes pertence. Ele conta que na região, que é comum chamar as áreas localizadas em Parauapebas, de “Reserva da Vale”, é crucial desconstruir esse mito. “Ele é muito ruim para a conservação, porque é uma área pública, ou seja, da sociedade, que muitas vezes é colocada como propriedade de uma empresa privada, multinacional”, ele reforça que é importante que a sociedade aflore seu sentimento de pertencimento e se aproprie desse território.
Na região está localizado o Mosaico de Carajás, que é composto pelas seguintes unidades de conservação federais: Floresta Nacional de Carajás, Reserva Biológica do Tapirapé, Floresta Nacional do Tapirapé-aquiri, Floresta Nacional do Itacaiunas, Parque Nacional dos Campos Ferruginosos e Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado. (Luciana Araújo)