Correio de Carajás

Comoção e revolta no enterro dos caçadores

A cidade de Novo Repartimento parou para o velório e sepultamento dos três rapazes encontrados mortos dentro da Terra Indígena parakanã. Os cadáveres de Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luís da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara foram encontrados em cova rasa no final da manhã de sábado (30). Eles estavam desaparecidos desde o dia 24.

Para encontrar os corpos foram mobilizados cerca de 150 policiais federais e agentes da Força de Segurança Nacional, devidamente autorizados pela Justiça Federal. A principal suspeita do triplo assassinato recai, obviamente, sobre indígenas que vivem na reserva, mas é o inquérito policial quem vai investigar o que, de fato, ocorreu.

Os corpos foram levados até o Instituto Médico Legal (IML) para a necropsia, mas todo o trabalho de perícia nos corpos e ainda no local onde os corpos foram encontrados foi feito pela Polícia Federal, de modo que o IML de Marabá apenas cedeu as instalações físicas.

Leia mais:
William, José Luís e Cosmo foram assassinados dentro da TI Parakanã

Os cadáveres só foram liberados mais de 24 horas depois de chegarem ao IML de Marabá e, quando os carros funerários chegaram a Novo Repartimento com os restos mortais dos três jovens, já havia uma multidão tomando a cidade, para manifestar luto e pedidos de Justiça.

A multidão ficou concentrada na principal via de Repartimento (Rodovia BR-230), que corta a cidade. Velas e celulares com lanternas acesas deram um tom de homenagem aos mortos. O velório aconteceu na sede da Câmara Municipal e, por volta das 23h, no cemitério local.

Como os corpos estavam em adiantado estada de putrefação, os caixões não foram abertos em momento nenhum, o que aumentou ainda mais a angústia das famílias, que vivenciam dor indescritível, pois viram as runas funerárias descerem à sepultura lacradas.

Procurada pela reportagem deste CORREIO para saber qual a causa da morte dos caçadores, a Polícia Federal emitiu nota explicando que, e em respeito aos familiares, a Polícia Federal trabalha reservadamente para buscar esclarecer de forma mais célere possível as circunstâncias do crime, bem como os autores do fato criminoso, e não divulgou do que os caçadores foram mortos.

Por outro lado, uma fonte revelou que não foram identificadas marcas de arma de fogo e tampouco de arma branca nos corpos das vítimas. Sabe-se apenas que os três rapazes estavam amarrados pelos pés e pelas mãos em pedaços de pau e foram enterrados em cova rasa com o rosto virado para a terra.

(Chagas Filho)