Correio de Carajás

Buscas por desaparecido na mata são encerradas sem localizá-lo

Por meio de nota divulgada hoje, sexta-feira (26), o Corpo de Bombeiros comunicou ter encerrado na mesma data as operações de busca e resgate de Giliard Reis Santos, que desapareceu nas matas da Reserva Biológica do Tapirapé, em Marabá, no último 10 de abril, há 16 dias, conforme noticiado nesta semana pelo Portal Correio de Carajás.

A esposa dele, Neidiane Ribeiro dos Santos Reis, convocou a imprensa nesta manhã para informar que não irá desistir – assim como os amigos do casal – de cobrar ações no sentido de encontrá-lo. “Nosso apelo é que não desistam porque temos muita esperança de que ele esteja vivo por conta de algumas evidências que os próprios bombeiros falaram pra mim que provavelmente são dele”, declarou.

Neidiane relatou que o marido foi para o local no dia 30 de março acompanhado de dois homens, Valdeci e Cândido, com a intenção de praticar garimpagem. Dias depois os dois homens retornaram da mata informando o desaparecimento.

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“Eles estavam juntos, chegaram ao pé de uma serra, fizeram acampamento ali. Já era tarde, no dia 10, às 15h30. Um deles, mais jovem, se afastou para colher bananas e pediu para ele (Giliard) fazer o fogo, só que quando voltou o outro companheiro informou que ele saiu do banho, do lago, se vestiu e subiu a serra dizendo que ia explorar a serra, sem nada, sem faca, sem lanterna, só com a roupa do corpo”, relatou a mulher.

Os dois afirmam que fizeram buscas, mas não encontraram mais o colega, então decidiram retornar a Marabá para comunicar o desaparecimento. Neidiane procurou a Polícia Civil e registrou o caso. Após isso, começaram as buscas feitas com apoio do Exército Brasileiro, Defesa Civil Municipal, Empresa Vale e Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp).

Após a comunicação da desistência, Neidiane procurou o Ministério Público do Estado do Pará e alguns representantes políticos. Conseguiu apoio, ainda, da reitoria da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), que também se comprometeu a dialogar em favor do retorno das buscas. “Nossa luta é essa, para que o EB, a Guarda Florestal e os bombeiros estejam lá procurando ele”.

Sobre a atividade que Giliard foi executar na mata, a esposa diz que o marido era completamente inexperiente. “Conforme as investigações, eles foram fazer garimpagem. Os outros dois que estavam com ele fazem há algum tempo e meu esposo nunca saiu pra fazer essa atividade, é bem inexperiente, mas como estava desempregado há bastante tempo acho que se desesperou, conheceu essas pessoas e por um ato de desespero resolveu se aventurar, mas é uma atividade que ele desconhece, ele não tem experiência”, afirmou.

Para ela, o caráter ilegal da atividade que levou o marido à floresta não é motivo para que o desaparecido não seja procurado. “Se ele errou precisa responder, com toda certeza, mas no Brasil não temos pena de morte nem pra quem tira a vida de outra pessoa, ainda mais para garimpagem. A gente acredita que o fato de ele ter entrado na mata, por vontade própria e para fazer uma atividade ilegal, não significa que ele não precise ser buscado”.

Questionada se suspeita de alguma forma da versão contada pelos dois homens que retornaram da floresta, ela diz não possuir motivos para tal. “Eu não conhecia nenhum dos dois, só tive contato quando eles retornaram da mata já avisando que meu esposo estava desaparecido. Não poso confiar 100% nessa história, mas pela maneira que chegaram conversando, pela aflição demonstrada, pela vontade e disposição em sempre ajudar e prestar informações, um deles mesmo debilitado voltou para a mata para ajudar nas buscas, então não desconfiamos que eles tenham feito algo”.

Independente disso, afirma, a Polícia Civil mantém investigação sobre o caso e um dos homens, Valdeci, prestou depoimento nesta manhã.

POSICIONAMENTO

Na nota divulgada, o Corpo de Bombeiros afirma todos os esforços foram realizados no sentido de encontrar Giliard durante “incansáveis dias no ambiente mais hostil que possa existir na região, ‘A Selva’”, acrescentando que expostos a diversas intempéries, bravos militares ausentaram-se do seio familiar, do conforto e acalanto do abraço de esposa e filhos para adentrar uma região inóspita em tentativas incansáveis de realizar o resgate esperado de uma vida.

“Foram dias exaustivos na floresta, reuniões com outros órgãos (Exército Brasileiro, Defesa Civil Municipal, Empresa VALE, Grupamento Aéreo de Segurança Pública – GRAESP), todos empenhados em cooperar e ajudar, tudo na tentativa do cumprimento com êxito da missão. Infelizmente neste tipo de ocorrência o tempo acaba se tornando o maior inimigo e obstáculo da operação; os dias se passam tanto para os militares, munidos de equipamento adequado que encontravam-se no cenário de operações, quanto para o cidadão desaparecido”.

Por fim, agradece o apoio incondicional dos órgãos envolvidos e lamenta não ter encontrado o Giliard Reis Santos. Uma coletiva com o comandante do 5º Grupamento Militar, major Átila Portilho, está agendada para a manhã deste sábado. (Luciana Marschall com informações de Ulisses Pompeu)