Só no mês de junho deste ano, oito casos de estupro foram registrados pela Delegacia da Mulher, em Belém, segundo a Polícia Civil. A Associação Atlética Acadêmica de Engenharia Sedenta da Universidade do Estado do Pará (Uepa) do campus de Marabá criou polêmica ao vender produtos com o slogan “caneca na mão, calcinha no chão” e “cachorrão latiu, calcinha caiu”. Estudantes e internautas afirmam que as frases fazem apologia à cultura do estupro.
Após a polêmica, a Atlética se pronunciou, mas continua recebendo críticas em sua postagem no Instagram. “Se sabiam que fazia apologia ao estupro como deixaram isso passar? Como uma frase dessa passa pela diretoria e só depois das inúmeras reclamações se posicionam? O certo era nem ter divulgado um tirante com uma frase tão horrenda dessas”, escreveu uma internauta.
A nota publicada explica que a escolha das frases foi feita através de votação e democraticamente, além de admitir que “lamentavelmente, faz apologia ao machismo e cultura de estupro.”
Leia mais:De acordo com o 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 135 mulheres foram estupradas a cada dia no Brasil em 2016. Enquanto as polícias registraram 49.497 estupros, o Sistema Único de Saúde contabilizou 22.918 casos.
Já o Atlas da Violência de 2018, estima que teria havido entre 300 mil e 500 mil casos de estupro naquele ano, mas o dados podem representar apenas uma parcela, tudo isso porque muitos casos não são denunciados ou expostos.
Leia na íntegra a nota publicada pela atlética:
“Vivemos em uma sociedade marcada por desigualdade social, machismo, LGBTfobia, racismo e, por isso, a Associação Atlética Acadêmica de Engenharia da UEPA Sedenta vem a público esclarecer a respeito do último produto lançado para a pré-venda, o tirante.
Sempre deixamos nossos diretores a disposição para que novas sugestões fossem dadas para os nossos produtos, assim como em relação a esporte e lazer, sempre objetivando o nosso
crescimento como Atlética. Dessa vez, não foi diferente e, por maioria dos votos e por falta de sugestões, tivemos uma frase escolhida democraticamente, porém, lamentavelmente, faz apologia ao machismo e a cultura de estupro.
Por mais que a diretoria da Sedenta nunca, em circunstância alguma, tenha tido esse objetivo, vem através desta nota pedir as mais sinceras desculpas aos que não se sentiram contempladxs.
Vale ressaltar também que a Sedenta tem compromisso com a ética e entende que essa abertura para a pluralidade de ideias não deve ser confundida como um espaço de ações discriminatórias ou misóginas. Além disso, esta gestão garante que a partir do ocorrido, será mais cautelosa e rigorosa ao abrir para novas sugestões“
(Fonte: RomaNews)