Correio de Carajás

Após protestos, desempregados liberam acesso a Serra dos Carajás

Vários desempregados fecharam na manhã de hoje, segunda-feira, 15, a portaria de acesso ao Serra dos Carajás, onde fica o Núcleo de Carajás e os projetos da miradora Vale em Parauapebas. A manifestação seguiu até por volta de 13 horas, quando o acesso foi liberado.

Os manifestantes reclamavam que a mineradora Vale e suas terceirizadas não priorizam a mão de obra local. Segundo eles, as vagas abertas em projetos da mineradora são ocupadas em quase a sua totalidade por pessoa que vem de fora, como é o caso agora do Salobo III, em fase de implantação.

A manifestação, que começou por volta de 10 horas, atrasou a passagem da banda da dupla sertaneja Zé Neto e Cristiano, que se apresentaram ontem, domingo, 14, em Parauapebas. Por conta disso, a banda acabou perdendo o voo que pegaria no Aeroporto de Carajás. Os cantores tinham deixado a cidade ainda de madrugada, após o show.

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Os manifestantes saíram de frente à sede do Sine, no bairro Cidade Nova, e marcharam até a portaria, onde fizeram o bloqueio. Eles liberavam apenas veículos prioritários, como ambulâncias.

Embaixo de sol escaldante, eles se revezavam ao microfone, expondo os motivos de estarem ali, fazendo a interdição. Um dos líderes do movimento, Juvenal Ribeiro ressaltou que Parauapebas tem atualmente uma massa de desempregado entre 78 e 82 mil pessoas.

Ele frisou que apesar de Parauapebas ser a cidade que mais gera emprego no Estado, é também a que tem um dos maiores percentuais de desempregados de pessoas que moram no município. “É uma cidade rica de povo pobre”, resumiu, dizendo que não concorda com a justificativa dada por algumas empresas que trazem pessoas de fora de que aqui, na cidade, não há mão de obra qualificada.

“Temos sim mão de obra qualificada. Isso é uma justificativa esfarrapada e também reflete a falta de política do governo na defesa do emprego no município. Tudo bem que venham pessoas de fora trabalhar aqui, não somos contra, mas seria justo que essas vagas fossem rateadas em 50%. Ou seja, 50% para pessoas que não vivem na cidade e 50% para quem mora aqui”, sugeriu Juvenal.

Segundo ele, a manifestação, além de fazer pressão na Vale e nas empresas terceirizadas da mineradora, também tinha por objetivo chamar a atenção da Câmara de Vereadores e do governo municipal. “Parece que estão todos dormindo, enquanto o povo de Parauapebas amarga na fila do desemprego, sem perspectiva de melhorar de vida”, criticou.

“A manifestação seguiu até por volta de 13 horas. Os manifestantes liberaram o acesso, mas prometem voltar a se manifestar da mesma forma, se não houver avanços nas negociações quanto a oferta de emprego para moradores locais em projetos da Vale.

Em nota, a Vale refutou a declaração dos manifestantes e garante que vem sim contratando mão de obra local. Veja a íntegra da nota:

“A Vale ressalta que tem sido realizada a efetiva contratação de moradores das áreas de influência do empreendimento, que, inclusive já estão atuando nas obras de construção.

A empresa tem também mantido a orientação às empresas contratadas para mediação e contração por meio do Sine. Cabe esclarecer que qualquer processo de contratação segue a legislação brasileira e varia conforme cronograma das obras, da disponibilidade de vagas, da qualificação técnica e/ou experiência exigida para cargo”. (Tina Santos- com a colaboração de Ronaldo Modesto).