Correio de Carajás

Acessibilidade é drama para 7.323 pessoas em Parauapebas

Geová Rodrigues Botelho, 33 anos, faz parte de uma estatística crescente e que poucas pessoas conhecem. Ele está entre os 7.323 portadores de algum tipo de deficiência motora (segundo o IBGE) em Parauapebas. A maioria carece de uma cadeira de rodas para se deslocar em casa e também pela cidade.

Paraplégico há 10 anos, a pedido da Reportagem do CORREIO, Geová elaborou um ranking dos cinco espaços públicos mais inacessíveis para cadeirantes na cidade de Parauapebas e, pasmem, todos eles são secretarias municipais. Mas os desabafos dele são direcionados, também, para comerciantes das vias mais movimentadas da cidade.

E Geová tem legitimidade para avaliar os espaços públicos do município. Como servidor público concursado, ele trabalha na Semas (Secretaria Municipal de Assistência Social), exatamente no Conselho Municipal de Assistência. Segundo ele, a Secretaria Municipal de Segurança Institucional é a mais difícil para cadeirantes; em segundo lugar vem a Secretaria de Saúde; depois a de Obras (Semob); Meio Ambiente; e, em quinto lugar, a Secretaria de Urbanismo (Semurb).

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Geová mora a um quarteirão da Semas, no Bairro União, e diz que esta Secretaria está bem adaptada para pessoas com deficiência como ele. Aos 33 anos de idade, mora com a filha de seis e conta que ficou paraplégico em julho de 2007, quando um homem lhe atirou pelas costas.

Depois disso, adaptou algumas pequenas coisas na casa onde mora. Sai cedo de casa para trabalhar, porém, embora resida a menos de um quarteirão da Semas, no caminho não existe acesso às calçadas, e o jeito é seguir pela rua, disputando espaço com os veículos.

Além dos buracos, há falta de rampas e as calçadas completamente mal inclinadas e cheias de entulho. “Já cheguei a ser atropelado, o carro bateu em mim por estar no meio da rua disputando espaço”, explica ele.

Mas há outras vias de difícil acesso para cadeirantes, como a Rua 14, no comércio, onde há muitos obstáculos, as lojas não têm rampas para cadeirantes acessar e não há placas indicativas para deficientes auditivos. “Colocam prateleiras e bancas no meio das lojas, o que dificulta a passagem de cadeirantes, por exemplo”.

Geová observa que as pessoas com deficiência, em geral, têm capacidade de vida normal como qualquer outra pessoa, mas quando necessitam ir às lojas, pizzarias, churrascarias, para fazer uso do ambiente, acabam sendo barrados por falta de acessibilidade.

Alguns comerciantes colocam toldos nas fachadas para se proteger do sol, mas não pensam que isso se torna um obstáculo grande para as pessoas com deficiência. Geová cobra, ao mesmo tempo, que as autoridades como Ministério Público Estadual e Prefeitura Municipal exijam dos comerciantes a adequação em seus ambientes para que a cidade seja mais acessível para todos. “Mesmo nos grandes comércios que têm estacionamentos privativos para deficientes físicos e idosos, esses direitos são desrespeitados por muitas pessoas, que fazem uso deles incorretamente”, lamenta.

Ele lamenta, ainda, que muitas vias na cidade, apesar de novas, foram construídas com acessibilidade fora dos padrões da ABNT, o que dificulta a passagem dos cadeirantes, por exemplo. “Então, resumindo, o governo, sociedade e setores comerciais precisam mudar de atitude para que os milhares de portadores de necessidades especiais também tenham seus direitos respeitados”, conclui. (Monique Costa e Ulisses Pompeu)

 

Atualizado às 11h45 do dia 6 de julho de 2017

 

Geová Rodrigues Botelho, 33 anos, faz parte de uma estatística crescente e que poucas pessoas conhecem. Ele está entre os 7.323 portadores de algum tipo de deficiência motora (segundo o IBGE) em Parauapebas. A maioria carece de uma cadeira de rodas para se deslocar em casa e também pela cidade.

Paraplégico há 10 anos, a pedido da Reportagem do CORREIO, Geová elaborou um ranking dos cinco espaços públicos mais inacessíveis para cadeirantes na cidade de Parauapebas e, pasmem, todos eles são secretarias municipais. Mas os desabafos dele são direcionados, também, para comerciantes das vias mais movimentadas da cidade.

E Geová tem legitimidade para avaliar os espaços públicos do município. Como servidor público concursado, ele trabalha na Semas (Secretaria Municipal de Assistência Social), exatamente no Conselho Municipal de Assistência. Segundo ele, a Secretaria Municipal de Segurança Institucional é a mais difícil para cadeirantes; em segundo lugar vem a Secretaria de Saúde; depois a de Obras (Semob); Meio Ambiente; e, em quinto lugar, a Secretaria de Urbanismo (Semurb).

Geová mora a um quarteirão da Semas, no Bairro União, e diz que esta Secretaria está bem adaptada para pessoas com deficiência como ele. Aos 33 anos de idade, mora com a filha de seis e conta que ficou paraplégico em julho de 2007, quando um homem lhe atirou pelas costas.

Depois disso, adaptou algumas pequenas coisas na casa onde mora. Sai cedo de casa para trabalhar, porém, embora resida a menos de um quarteirão da Semas, no caminho não existe acesso às calçadas, e o jeito é seguir pela rua, disputando espaço com os veículos.

Além dos buracos, há falta de rampas e as calçadas completamente mal inclinadas e cheias de entulho. “Já cheguei a ser atropelado, o carro bateu em mim por estar no meio da rua disputando espaço”, explica ele.

Mas há outras vias de difícil acesso para cadeirantes, como a Rua 14, no comércio, onde há muitos obstáculos, as lojas não têm rampas para cadeirantes acessar e não há placas indicativas para deficientes auditivos. “Colocam prateleiras e bancas no meio das lojas, o que dificulta a passagem de cadeirantes, por exemplo”.

Geová observa que as pessoas com deficiência, em geral, têm capacidade de vida normal como qualquer outra pessoa, mas quando necessitam ir às lojas, pizzarias, churrascarias, para fazer uso do ambiente, acabam sendo barrados por falta de acessibilidade.

Alguns comerciantes colocam toldos nas fachadas para se proteger do sol, mas não pensam que isso se torna um obstáculo grande para as pessoas com deficiência. Geová cobra, ao mesmo tempo, que as autoridades como Ministério Público Estadual e Prefeitura Municipal exijam dos comerciantes a adequação em seus ambientes para que a cidade seja mais acessível para todos. “Mesmo nos grandes comércios que têm estacionamentos privativos para deficientes físicos e idosos, esses direitos são desrespeitados por muitas pessoas, que fazem uso deles incorretamente”, lamenta.

Ele lamenta, ainda, que muitas vias na cidade, apesar de novas, foram construídas com acessibilidade fora dos padrões da ABNT, o que dificulta a passagem dos cadeirantes, por exemplo. “Então, resumindo, o governo, sociedade e setores comerciais precisam mudar de atitude para que os milhares de portadores de necessidades especiais também tenham seus direitos respeitados”, conclui. (Monique Costa e Ulisses Pompeu)

 

Atualizado às 11h45 do dia 6 de julho de 2017