Correio de Carajás

A ONU ouve?

O presidente Jair Bolsonaro já cometeu e ainda cometerá erros em seu governo. Também já acertou e deve acertar ao tomar algumas medidas importantes para o país. Um desses acertos está no pronunciamento feito ontem na Organização das Nações Unidas (ONU). Bolsonaro foi incisivo ao marcar a posição do Brasil no imbróglio sobre a Amazônia, deixando claro que não aceitará a tutela estrangeira na região. A pergunta, após o discurso, é a seguinte: a ONU ouviu o que ele disse? Ou será que entrou por um ouvido e saiu pelo outro?

De joelhos, não

A grande mídia nacional – leia-se Rede Globo, “Folha de São Paulo”, “Veja” e até o conservador “O Estado de São Paulo” – lógico que não ouviu, nem gostou das palavras de Bolsonaro. A turma da Globo News, em seus comentários, foi quase unânime ao dizer que Bolsonaro deveria ter feito um discurso “menos contundente e mais conciliador”. Ora, conciliador com quem? Com as grandes potências internacionais que se consideram, e nem escondem mais isso, as donas da Amazônia.

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Jornalismo colonizado

O que se viu, nessa cobertura jornalística sobre a fala de Bolsonaro na ONU, foi a definitiva capitulação dessa mídia ao colonialismo internacional. Um colonialismo de quem se dobra aos exploradores e que não está nem aí para o fato de que essas potências nunca se preocuparam com a floresta, os índios e outros povos que habitam a região. Como também não conhece a Amazônia, a mídia nacional não poderá apelar para o álibi da ignorância. É apenas caso de má fé.

Pensamento único

O bolsonarismo é igual ao lulopetismo, na sua ambição de estabelecer o “pensamento único”, negar os fatos e só ouvir o que é confortável aos seus ouvidos? Pelo visto, sim. Aliás, num raro momento de lucidez, nestes tempos de escassez publicitária de verbas públicas, o “Estadão”, em editorial, ao estabelecer essa comparação, disse que o lulopetismo dividiu o país entre “nós” e “eles”, tentando inviabilizar progressivamente a política e usando de constrangimento violento dos que pensam diferente dos petistas e não idolatram o ex-presidente Lula da Silva, seja por meio da degradação moral da atividade parlamentar.

Discurso desagregador

“O lulopetismo amarga hoje a cadeia, mas em seu lugar surgiu o bolsonarismo, tão deletério para a democracia quanto seu antípoda. O discurso bolsonarista é naturalmente desagregador, o que inviabiliza qualquer tentativa de alcançar um mínimo denominador comum entre os brasileiros”, diz o “Estadão”. E acrescenta que o bolsonarismo extrai sua força das bolhas ideológicas alimentadas pelas redes sociais.

Visão de mundo

Nessas bolhas, os militantes encerram-se em suas certezas, formando comunidades de milhares de pessoas em que a base da coexistência é a crença fanática naquilo que dizem seus líderes, não sendo admitida qualquer forma de contestação. Nessas redes, sem as quais o bolsonarismo não teria sucesso, diz o editorial, só circulam informações cuja função é confirmar a visão de mundo predominante do grupo.

Cercadinhos virtuais

“Ao mesmo tempo, muitos dos movimentos que se opõem a Bolsonaro estão igualmente limitados a seus cercadinhos virtuais, que também restringem informações que possam enfraquecer seus argumentos”, resume. Certamente, desse cercadinho não escapa também a mídia nacional. Ou a parte mais arrogante dela.

__________________BASTIDORES_____________________

* As pesquisas para prefeituras e câmaras municipais começam a pipocar em diversos municípios. Falta apenas um ano para o pleito.

* É hora de saber o que os eleitores pensam e se aprovam os (pré) candidatos que já estão em campanha, embora ainda de forma tímida.

* Em Ananindeua e Belém, por exemplo, um candidato do MDB e outro do Psol, aparecem na frente.

* O deputado Daniel Santos desponta em Ananindeua, enquanto o federal Edmilson Rodrigues está na frente, na capital.

* De qualquer maneira, ainda há muita água a rolar até outubro de 2020. Por enquanto, há apenas a intenção, mas não a consumação do voto. O eleitor é volátil.