Correio de Carajás

Sacudida nas urnas

A melhor eleição de todas, a municipal, está batendo na porta dos eleitores. Ela avisa que chega forte. Apesar, obviamente, dos problemas que afligem muitas prefeituras. Para algumas, faltam verbas. Para outras, sobra desperdício de recursos e ausência de gestão. Isto também acomete câmaras municipais, com baixa qualidade de vereadores. Nada que uma sacudida nas urnas não possa resolver. Tem muito político que não merece reeleição. É hora de sair de cena.

Cabo de peso

Maior cabo eleitoral situado na base da pirâmide política, o candidato a vereador ainda não percebeu a importância que tem numa eleição municipal. Ele é paparicado por deputado que quer ser prefeito, por candidato a prefeito sem mandato, e até mesmo por prefeito em busca de reeleição. É ele quem anda por ruas e bairros, ouvindo pedidos e cobranças dos eleitores. E também quem prepara o terreno para as caminhadas e visitas do candidato a prefeito. Se vale quanto pesa na eleição são outros quinhentos.

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Governo e oposição

Em quatro municípios, só a título de exemplo, a eleição já começou. A movimentação em Marabá, Parauapebas, Redenção e Canaã dos Carajás sinaliza que teremos uma das mais acirradas disputas destes primeiros vinte anos do segundo milênio. Governistas e opositores se mexem em direções diferentes. De um lado, a corrida para mostrar obras e serviços que não existiam. Do outro, o discurso em construção de que poderá fazer mais e melhor. O julgamento é de quem está com o título de eleitor na mão.

2020, ano de desafios

A eleição de prefeito e vereador vai acontecer num momento de recuperação da economia brasileira. É inegável que 2019 trouxe avanços, fazendo surgir no final do túnel a luz de melhores perspectivas para as contas públicas e a retomada de investimentos. A taxa de desemprego ainda é alta, mas o horizonte já é menos sombrio. Dinheiro oriundo da cessão onerosa do pré-sal caiu na conta dos municípios, ao apagar das luzes de dezembro, dando um alívio no caixa das prefeituras. Ou seja, o cenário é favorável. Cabe aos candidatos, elevarem o nível da disputa e apresentar suas propostas aos eleitores.

Reformas à vista

Depois da reforma da previdência, que começou a repor nos trilhos a economia nacional, é hora de o país tocar para a frente a reforma tributária. O projeto dessa reforma travou no Palácio do Planalto, mas o sentimento do país é de que o Congresso Nacional precisa debatê-la e votá-la com celeridade. Os empresários deveriam se unir em favor de reformas do sistema tributário, mas é difícil isso acontecer, pois há muitos interesses conflitantes. A eleição municipal não pode tirar essa reforma da pauta. Nem ela, nem a reforma administrativa, que irá diminuir o tamanho do Estado e desburocratizá-lo.

Tempo perdido

O desastre econômico dos últimos anos foi além da produção e do emprego. Ele também se manifestou em grandes quedas da produtividade. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) registra que a produtividade por hora trabalhada, entre 2013 e 2018, caiu 0,4% ao ano na média do país, 0,9% ao ano na indústria de transformação, 2,9% ao ano na construção civil e 1,5% ao ano nos serviços. Não sem surpresa, o único setor a continuar a ter uma evolução positiva foi a agropecuária, no qual a produtividade cresceu robustos 7,1% ao ano, ou 41% acumulado no período. Tudo puxado pelo agronegócio.

___________________BASTIDORES____________________

* E a ferrovia que vai ligar o sul do Pará ao porto de Vila do Conde? A divergência entre os técnicos do ex-governo Jatene e os de Helder Barbalho não estão apenas no traçado da obra.

* Há também a questão ambiental. Helder já determinou que os estudos de impacto ambiental sejam acelerados para que a obra comece sem esses problemas.

* Quem não gostou disso foi o ex-secretário Adnan Demachki, ao saber que o governador mandou “esquecer” o projeto que foi mostrado por Jatene aos chineses.

* A ferrovia, com mais de 1,2 mil quilômetros de extensão, é tida como a obra mais importante do Estado nas próximas décadas.