Ao usar a Tribuna da Câmara de Municipal de Marabá (CMM) na sessão desta terça-feira (15) para fazer esclarecimentos sobre a retirada de casas da área conhecida como Del Cobra, localizada no bairro Santa Rosa, o superintendente de Desenvolvimento Urbano, Mancipor Oliveira Lopes, declarou que “havia uma quadrilha esquentando áreas em Marabá”. A declaração foi uma resposta após ser questionado pelos vereadores Gilson Dias e Ilker Moraes sobre a existência de outras áreas também impróprias para moradia, mas que estão ocupadas por grandes empreendimentos e que foram documentadas pelo município.
“Área documentada em Marabá eu tenho muitas e, talvez, eu tenha na mesma proporção de áreas documentadas em Marabá de maneira ilegal. Eu confesso para os senhores e senhoras aqui, de maneira bem tranquila, eu não posso autenticar um documento, validar um documento sem antes fazer uma pesquisa minuciosa porque durante alguns anos existiu uma verdadeira quadrilha trabalhando no esquentamento de áreas em Marabá. Uma verdadeira quadrilha trabalhando no esquentamento de áreas em Marabá e eu prefiro parar por aqui para não ofender ninguém”, revelou.
O superintendente prosseguiu informando que a autarquia está apurando a documentação que foi apresentada pelos moradores na última segunda-feira (14). “Esse título entrou na SDU dia 21 de dezembro de 2008, último ano de governo Tião Miranda. Dia 28 de dezembro foi expedido, uma semana depois. Eu não aprofundei demais a apuração porque foi ontem, estou fazendo isso lá agora, é impossível um título definitivo ser expedido com uma semana. Eu só não afianço hoje aqui 100% da ilegalidade dele porque eu não quero ser leviano e quero aguardar terminar a minha apuração. Mas este documento, tudo leva a crer preliminarmente que ele tenha várias irregularidades. Não se titula uma área em uma semana”, afirmou.
Leia mais:Ainda em sua fala Mancipor Lopes ressaltou que vai encaminhar o resultado da verificação dos documentos para a Câmara e também aos moradores. “Tão logo eu tenha o resultado disso, eu faço questão de encaminhar para Câmara e encaminhar para os moradores do Del Cobra que muitas vezes estão iludidos por alguém sobre a legalidade da área e vou mais além, ainda que esse título tenha legalidade a área é impróprio para moradia, para habitação”.
Depois que Mancipor finalizou seu pronunciamento na tribuna, a reportagem do Correio de Carajás o procurou para maiores esclarecimentos acerca da denúncia de falsificação de títulos. Mesmo questionado sobre identificação de servidores envolvidos no possível esquema, ele respondeu de maneira genérica.
“Essa questão da indústria de ocupação em Marabá ela existe e eu tenho, inclusive, servidores públicos ou pessoas envolvidas com o poder público que fazem parte disso. Existem boas e más lideranças que induzem a ocupação para comercializar terreno. É difícil você identificar porque não está escrito na testa de ninguém, ‘eu sou picareta, eu sou bandido’. Já temos identificação de servidores ocupando áreas impróprias, ocupando, não que esteja comercializando”, disse.
Sobre o município investigar melhor esse envolvimento de servidores em ocupações ou mesmo em venda de lote em área ilegal, o superintendente da SDU respondeu que não há possibilidade de rastrear esse tipo de conduta. “É inviável, como é que eu vou coibir a comercialização ilegal de terreno? Isso acontece clandestinamente, não é às claras, não se coloca um anúncio no jornal dizendo ‘estou vendendo um terreno, um terreno numa área de ocupação’”, finalizou. (Fabiane Barbosa)