A informação de que a unidade dos Correios, localizada na Folha 33, não seria mais aberta para atendimento ao público em Marabá pegou muita gente de surpresa. O prédio está fechado deste a última semana e muitas pessoas ainda tem ido ao local por desconhecimento da situação. Quando chegam para buscar as encomendas, porém, encontram os portões da instituição trancados e apenas uma placa improvisada sustentando o seguinte recado: “Comunicamos que esta unidade não efetua atendimento ao público, ela é destinada para tratamento e transporte de carga postal, e recebimento de malotes”.
O comunicado também recomenda que os usuários aguardem o recebimento dos produtos em seus respectivos endereços e que, caso ocorra algum problema, entrem em contato com o remetente. Diz ainda que no local, denominado Centro Logístico Grande Carajás, as pessoas serão atendidas apenas para recebimento e entrega de contrato de malote, de segunda à sexta-feira, das 14 às 16 horas.
A postura da empresa, no entanto, não agradou nenhum pouco os usuários, que expuseram sua indignação para a reportagem. “Eu não sei se é incompetência ou puro descaso. Na verdade, a sociedade está indignada porque você faz um pedido, compra e tem os compromissos. Acredito que as empresas estão sendo prejudicadas e também o consumidor”, reclamou Everaldo Silva, que está esperando uma encomenda há 40 dias.
Leia mais:Segundo ele, após terem sido prejudicados pelo atraso na entrega das mercadorias, devido à greve dos servidores, os usuários acabaram ficando na mão novamente. “Já fui aos Correios da Folha 32 e as informações estão desencontradas. A gerência manda você vir aqui e entra em contradição com a informação que o centro de distribuição dá para a população”, reclama.
O homem contou ao Jornal que teme ficar sem o produto pelo qual pagou, já que conversou com uma pessoa que se apresentou como coordenador do centro de logística e descobriu que a unidade não tem funcionários suficientes para dar conta das entregas no município. “Ele mesmo falou que não tem capacidade operacional nenhuma e que falta material humano para distribuir as encomendas que chegam a Marabá”, afirmou.
Quem também saiu chateado do local foi Ricardo Paulo, que aguarda uma mercadoria há 15 dias. “Pagamos frete e tudo, pagamos pelo serviço, o rapaz foi para fazer a entrega e apareceu a informação que não tinha encontrado o endereço, sendo que. E isso quase instantaneamente com a chegada da mercadoria em Marabá”, disse o jovem que vem acompanhando toda a movimentação do produto através do código de rastreio.
Ricardo disse que ainda não tinha enfrentado esse tipo de problema. “Minhas encomendas sempre chegaram corretamente em casa. A gente, além de pagar o frete, que já é caro, tem que pagar a passagem, o deslocamento e tem a perda de tempo né”, lamentou, se dizendo indignado pelo fato de os Correios não divulgarem nada para a população sobre a falta de atendimento no local onde, costumeiramente, os usuários retiravam suas encomendas.
Outro que se considera prejudicado é Janilson Araújo Nunes. Ele criticou a falta de um funcionário da empresa para dar satisfações sobre a mudança ocorrida. “Estou com uma encomenda para receber e até agora não chegou. Inclusive, entrei hoje [terça-feira] na internet e lá está dizendo que saiu para entrega às 8h59, já são 14h45 e nada”, desabafou, informando que não foi a primeira que houve atraso na entrega.
“É lamentável isso, a gente não sabe nem a quem recorrer. A gente chega aqui e tem só esse comunicado aí, não tem ninguém para dar um esclarecimento melhor ou, pelo menos, dizer que o produto está em determinado lugar”.
A reportagem chegou a conversar com a gerente do Procon Municipal, Zélia Lopes, sobre a situação. Embora ela tenha dito que não tinha conhecimento da situação e que nenhuma denúncia neste sentido foi registrada no órgão, afirmou que o Procon “pode e deve cobrar esclarecimentos em relação à prestação do serviço”.
Resposta dos Correios
Procurado pelo Jornal, os Correios se manifestou por intermédio de sua assessoria de comunicação no Pará, informando que devido à greve nacional ocorrida recentemente no órgão houve acúmulo de encomendas, principalmente as consideradas não urgentes (PAC).
“Com o fim da paralização, foi dada vazão a carga acumulada gerando um grande volume para as unidades de distribuição. Para que seja tratada e entregue mais rapidamente essa carga, foi suspensa temporariamente a entrega interna no CDD, mas os carteiros continuam entregando as encomendas nos domicílios”, diz a nota.
Foi informado também que para que a situação seja normalizada os servidores estão fazendo horas extras durante a semana e no sábado. “A previsão é que até o final deste mês as entregas voltem à normalidade, inclusive com entrega interna para os clientes na unidade de distribuição em Marabá”.
Suposta denúncia ao MPPA teria levado à suspensão do serviço
Embora a justificativa dos CORREIOS dê conta de um “acúmulo de encomendas” e “suspensão temporária” do atendimento ao cliente no centro de distribuição, alguns usuários confidenciaram à reportagem que ficaram sabendo de outra versão dos fatos.
Eles disseram que o fechamento do local para a população em geral aconteceu em decorrência de uma denúncia supostamente feita ao Ministério Público sobre as condições físicas do espaço, uma vez que não tinha climatização, era muito pequeno e inadequado para receber as pessoas. Essa situação foi confirmada também por uma servidora do órgão a um colaborador do Jornal. Ele pediu para não ter o nome revelado.
No entanto, a equipe de reportagem não teve acesso a documentos que comprovassem esta versão. O único processo referente à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que corre no MPPA foi arquivado no meio deste ano e dá conta de outro problema: a insuficiência na entrega de mercadorias em domicílios no município.
Quanto a essa ação, em setembro de 2016, a promotora de justiça do Consumidor em Marabá, Aline Tavares Moreira, cobrou esclarecimentos do diretor do órgão no município, após ter acesso à publicação “Carta de um leitor”, veiculada na seção Voz do Povo, edição 3.028 do Jornal Correio, à reportagem “Atendimento ainda é precário”, publicada na edição 3.029, e também na Voz do Povo da edição 3.032.
Em reposta, o diretor da empresa federal da época, Edilzio Eduardo Pinheiro Júnior, teria afirmado que “os principais problemas para a distribuição postal são, portanto, falta da informação do número do imóvel nas correspondências, numeração irregular dos imóveis (não ordenada e divididas em lados par/ímpar); numeração repetida dos imóveis em um mesmo trecho; repetição do nome de logradouros dentro do mesmo bairro; endereçamento inadequado pelo cliente por folha/quadra/lote/bairro, quando o correto deve ser logradouro/numero/bairro, e a falta de plaqueamento para identificar os logradouros”.
Na resposta enviada por ele, há também a informação de que esta situação teria sido repassada à gestão municipal de Marabá em 2012, mas que nunca foi resolvida. Diante deste argumento, o processo acabou arquivado e os usuários continuaram à mercê do serviço precário prestado pela empresa no município.
(Nathália Viegas com informações de Evangelista Rocha)
A informação de que a unidade dos Correios, localizada na Folha 33, não seria mais aberta para atendimento ao público em Marabá pegou muita gente de surpresa. O prédio está fechado deste a última semana e muitas pessoas ainda tem ido ao local por desconhecimento da situação. Quando chegam para buscar as encomendas, porém, encontram os portões da instituição trancados e apenas uma placa improvisada sustentando o seguinte recado: “Comunicamos que esta unidade não efetua atendimento ao público, ela é destinada para tratamento e transporte de carga postal, e recebimento de malotes”.
O comunicado também recomenda que os usuários aguardem o recebimento dos produtos em seus respectivos endereços e que, caso ocorra algum problema, entrem em contato com o remetente. Diz ainda que no local, denominado Centro Logístico Grande Carajás, as pessoas serão atendidas apenas para recebimento e entrega de contrato de malote, de segunda à sexta-feira, das 14 às 16 horas.
A postura da empresa, no entanto, não agradou nenhum pouco os usuários, que expuseram sua indignação para a reportagem. “Eu não sei se é incompetência ou puro descaso. Na verdade, a sociedade está indignada porque você faz um pedido, compra e tem os compromissos. Acredito que as empresas estão sendo prejudicadas e também o consumidor”, reclamou Everaldo Silva, que está esperando uma encomenda há 40 dias.
Segundo ele, após terem sido prejudicados pelo atraso na entrega das mercadorias, devido à greve dos servidores, os usuários acabaram ficando na mão novamente. “Já fui aos Correios da Folha 32 e as informações estão desencontradas. A gerência manda você vir aqui e entra em contradição com a informação que o centro de distribuição dá para a população”, reclama.
O homem contou ao Jornal que teme ficar sem o produto pelo qual pagou, já que conversou com uma pessoa que se apresentou como coordenador do centro de logística e descobriu que a unidade não tem funcionários suficientes para dar conta das entregas no município. “Ele mesmo falou que não tem capacidade operacional nenhuma e que falta material humano para distribuir as encomendas que chegam a Marabá”, afirmou.
Quem também saiu chateado do local foi Ricardo Paulo, que aguarda uma mercadoria há 15 dias. “Pagamos frete e tudo, pagamos pelo serviço, o rapaz foi para fazer a entrega e apareceu a informação que não tinha encontrado o endereço, sendo que. E isso quase instantaneamente com a chegada da mercadoria em Marabá”, disse o jovem que vem acompanhando toda a movimentação do produto através do código de rastreio.
Ricardo disse que ainda não tinha enfrentado esse tipo de problema. “Minhas encomendas sempre chegaram corretamente em casa. A gente, além de pagar o frete, que já é caro, tem que pagar a passagem, o deslocamento e tem a perda de tempo né”, lamentou, se dizendo indignado pelo fato de os Correios não divulgarem nada para a população sobre a falta de atendimento no local onde, costumeiramente, os usuários retiravam suas encomendas.
Outro que se considera prejudicado é Janilson Araújo Nunes. Ele criticou a falta de um funcionário da empresa para dar satisfações sobre a mudança ocorrida. “Estou com uma encomenda para receber e até agora não chegou. Inclusive, entrei hoje [terça-feira] na internet e lá está dizendo que saiu para entrega às 8h59, já são 14h45 e nada”, desabafou, informando que não foi a primeira que houve atraso na entrega.
“É lamentável isso, a gente não sabe nem a quem recorrer. A gente chega aqui e tem só esse comunicado aí, não tem ninguém para dar um esclarecimento melhor ou, pelo menos, dizer que o produto está em determinado lugar”.
A reportagem chegou a conversar com a gerente do Procon Municipal, Zélia Lopes, sobre a situação. Embora ela tenha dito que não tinha conhecimento da situação e que nenhuma denúncia neste sentido foi registrada no órgão, afirmou que o Procon “pode e deve cobrar esclarecimentos em relação à prestação do serviço”.
Resposta dos Correios
Procurado pelo Jornal, os Correios se manifestou por intermédio de sua assessoria de comunicação no Pará, informando que devido à greve nacional ocorrida recentemente no órgão houve acúmulo de encomendas, principalmente as consideradas não urgentes (PAC).
“Com o fim da paralização, foi dada vazão a carga acumulada gerando um grande volume para as unidades de distribuição. Para que seja tratada e entregue mais rapidamente essa carga, foi suspensa temporariamente a entrega interna no CDD, mas os carteiros continuam entregando as encomendas nos domicílios”, diz a nota.
Foi informado também que para que a situação seja normalizada os servidores estão fazendo horas extras durante a semana e no sábado. “A previsão é que até o final deste mês as entregas voltem à normalidade, inclusive com entrega interna para os clientes na unidade de distribuição em Marabá”.
Suposta denúncia ao MPPA teria levado à suspensão do serviço
Embora a justificativa dos CORREIOS dê conta de um “acúmulo de encomendas” e “suspensão temporária” do atendimento ao cliente no centro de distribuição, alguns usuários confidenciaram à reportagem que ficaram sabendo de outra versão dos fatos.
Eles disseram que o fechamento do local para a população em geral aconteceu em decorrência de uma denúncia supostamente feita ao Ministério Público sobre as condições físicas do espaço, uma vez que não tinha climatização, era muito pequeno e inadequado para receber as pessoas. Essa situação foi confirmada também por uma servidora do órgão a um colaborador do Jornal. Ele pediu para não ter o nome revelado.
No entanto, a equipe de reportagem não teve acesso a documentos que comprovassem esta versão. O único processo referente à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que corre no MPPA foi arquivado no meio deste ano e dá conta de outro problema: a insuficiência na entrega de mercadorias em domicílios no município.
Quanto a essa ação, em setembro de 2016, a promotora de justiça do Consumidor em Marabá, Aline Tavares Moreira, cobrou esclarecimentos do diretor do órgão no município, após ter acesso à publicação “Carta de um leitor”, veiculada na seção Voz do Povo, edição 3.028 do Jornal Correio, à reportagem “Atendimento ainda é precário”, publicada na edição 3.029, e também na Voz do Povo da edição 3.032.
Em reposta, o diretor da empresa federal da época, Edilzio Eduardo Pinheiro Júnior, teria afirmado que “os principais problemas para a distribuição postal são, portanto, falta da informação do número do imóvel nas correspondências, numeração irregular dos imóveis (não ordenada e divididas em lados par/ímpar); numeração repetida dos imóveis em um mesmo trecho; repetição do nome de logradouros dentro do mesmo bairro; endereçamento inadequado pelo cliente por folha/quadra/lote/bairro, quando o correto deve ser logradouro/numero/bairro, e a falta de plaqueamento para identificar os logradouros”.
Na resposta enviada por ele, há também a informação de que esta situação teria sido repassada à gestão municipal de Marabá em 2012, mas que nunca foi resolvida. Diante deste argumento, o processo acabou arquivado e os usuários continuaram à mercê do serviço precário prestado pela empresa no município.
(Nathália Viegas com informações de Evangelista Rocha)