O município de Novo Repartimento viveu momentos de tensão na manhã desta sexta-feira, 16, quando um grupo de homens arquitetou um grande assalto que envolveu reféns e uma fuga que assustou os moradores da cidade. A Polícia Civil concedeu entrevista ao Correio de Carajás após os ocorridos na manhã de hoje para explicar o caso.
Segundo o superintendente da 9ª Região Integrada de Segurança Pública do Lago de Tucuruí, Rommel Felipe Oliveira de Souza, a polícia investigava nas primeiras horas da manhã um grupo de seis homens que estava em atitude suspeita em uma casa no município e com armamento de grosso calibre. “A Polícia Civil entrou em contato com a Polícia Militar para executar uma ação conjunta na casa onde o grupo estava. As duas equipes ao chegarem à casa foram recebidas a tiros e logo revidaram tendo assim um primeiro confronto”, explicou o superintendente.
Após o confronto os suspeitos fugiram pelos fundos da casa, sendo que dois deles entraram em uma residência e fizeram a família que morava no local de reféns. A polícia civil ainda não possui a informação de quantas pessoas dessa família foram feitas reféns, alguns veículos de comunicação locais fizeram transmissões ao vivo mostrando em tempo real as negociações entre a polícia e os dois suspeitos.
Leia mais:Os suspeitos exigiram a presença de advogado, da imprensa – para transmitir ao vivo – e de dois coletes a prova de bala. Após a polícia cumprir as exigências eles finalmente libertaram os reféns, se entregaram e foram presos. Na delegacia, eles foram identificados como Johnnatha Oliveira Silva e Francisco Ferreira da Silva, ambos de 26 anos. O superintendente Rommel Felipe desmentiu a informação de que o nome de um deles seria Lucas. “Não descartamos a possibilidade deles terem dado nomes falsos ou do Lucas ser algum dos que fugiram”, explicou.
Os outros quatro suspeitos fugiram até um supermercado onde também fizeram reféns, roubaram um carro que estava estacionado em frente ao estabelecimento e partiram em fuga no sentido de Marabá. “Nesse intervalo de tempo, a Polícia Civil conseguiu chegar até Novo Repartimento enquanto que a Polícia Militar enviou mais uma guarnição do Grupo Tático Operacional (GTO), ambos para dar reforços à operação. Na rodovia Transamazônica, as equipes perseguiam os suspeitos na saída do município enquanto que a Polícia Militar de Itupiranga vinha em direção a cidade para intercepta-los”, completa o superintendente.
Ao perceberem que estavam sendo cercados, os suspeitos pararam, abandonaram o carro na rodovia, libertaram os reféns e adentraram na mata. A PM os seguiu e houve assim o segundo confronto que resultou no baleamento de um dos suspeitos identificado como Mikael da Conceição Silva – nascido em Dom Eliseu – de 18 anos, que veio a óbito no local. Os PMs seguem realizando a varredura com o apoio do Grupamento Aéreo (GRAESP).
Os outros três fugitivos agora estão como foragidos da justiça e a polícia segue em busca, sendo que um deles já foi identificado como Antônio Oliveira de Souza, de 25 anos, nascido em Luís Gonzaga, no estado do Maranhão.
Superintendente avalia
Embora o incidente tenha assustado a população da cidade pelo fato de terem sido feitos muitos reféns, o superintendente Rommel Felipe Oliveira avalia que o trabalho dos agentes foi eficaz evitando até mesmo algo mais grave. “A ação conjunta da polícia civil com a PM conseguiu evitar um crime muito mais grave que seria um assalto a banco na modalidade ‘vapor’, onde os criminosos sitiam a cidade”, explicou.
Munições apreendidas
Muitas armas de fogo e munições foram apreendidas na residência durante a operação da polícia, no total foram 02 pistolas PT calibre 40; 01 pistola PT calibre 380; 01 fuzil calibre 762 com 113 munições; 80 munições calibre 12; 27 munições calibre 40; 10 munições calibre .380; 04 carregadores calibre .40; 01 carregador calibre .380; 01 carregador para fuzil; 01 colete balístico; 05 balaclavas; 05 pares de luvas e 06 gandolas camufladas.
Refém ferido
Circulam pelas redes sociais uma foto que mostra um dos reféns com o rosto muito ferido e especula-se que ele tenha sido baleado. O Correio de Carajás questionou o superintendente sobre essa foto e ele informou que “não há como afirmar ainda, pois a informação está chegando para nós de forma incompleta. Esse refém estaria no capô do carro que os quatro foragidos roubaram no supermercado e ele teria se jogado do veículo em movimento, mas não podemos confirmar essa informação ainda”, esclareceu o superintendente.
Teorias sobre o grupo O superintendente relatou ao Correio de Carajás que já há algumas suposições sobre o planejamento desse grupo para realizar os crimes. “A princípio, eles estavam muito bem equipados com mantimentos. Eles alugaram uma casa, onde não foram identificados móveis, porém havia muitas redes, cerca de seis ou sete, e muita comida enlatada como feijão e carnes em conserva. Era como se eles tivessem se instalado ali para aguardar o melhor momento para agir”, deduziu. (Zeus Bandeira com informações de Chagas Filho e da Polícia Civil).