O diabetes tipo 1, mesmo que o diabetes infantil, embora menos comum, também tem sofrido aumento de cerca de 3% ao ano, e em 2015 o número de crianças com diabetes mellitus tipo 1 (DM1) ultrapassa 500 mil pela primeira vez. Em 2019, o mundo registrou a marca de 1 milhão de crianças com diagnóstico de DM1.
O Brasil é o terceiro país com maior número de crianças diabéticas tipo 1 (30.900), atrás apenas de Estados Unidos e India, e o quarto com maior número de diabéticos tipo 2 (14,3 milhões), precedido por China, Índia e Estados Unidos.
Embora o diabetes tenha historicamente maior prevalência em países de alta renda, esta prevalência de diabetes tem aumentado rapidamente em países de baixa a média renda, onde 80% das pessoas com diabetes vivem.
Leia mais:Globalmente, 24,5% da prevalência de diabetes atribuída à idade mostra prevalência idade-específica entre 45 e 55 anos, e 22,4% entre 55 e 65 anos. Esse padrão foi semelhante para países de baixa renda com 24,9% entre 45 e 55 anos. Outro estudo, com análises de 4,372 milhões de participantes, em 200 países, mostrou a prevalência entre 1980 e 2014, com aumento de 4,3% (IC 95% 2,4-7) para 9% (IC 95% 7,2-11,1) em homens e de 5% (2,9-7,9) para 7,9% (6,4-9,7) em mulheres.
Os dados deste estudo mostraram que metade dos adultos com diabetes em 2014 viviam em cinco países: China, Índia, EUA, Brasil e Indonésia. Países de baixa e média renda, incluindo Indonésia, Paquistão, México e Egito, substituíram países europeus, incluindo Alemanha, Ucrânia, Itália e Reino Unido, e estão na lista dos dez países com maior número de adultos com diabetes.
Os estudos de referência sobre controle glicêmico, Diabetes control and complications trials (DCCT, 1993) e o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS, 1998) mostraram que a obtenção de controle glicêmico intensivo com hemoglobina glicada menor que 7% é capaz de reduzir as complicações.
Esses estudos foram continuados e os 10 anos de acompanhamento do UKPDS e o estudo Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications (EDIC), o qual incluiu 90% dos participantes do DCCT, mostraram redução de doença cardiovascular (42% no EDIC) e infarto agudo do miocárdico não fatal, acidente vascular cerebral ou morte por causas cardiovasculares (57% de redução do risco no EDIC e 33% para infarto do miocárdio no UKPDS).
Apesar de haver clara recomendação da Sociedade Brasileira de Diabetes e da American Diabetes Association para a obtenção de nível de hemoglobina glicada menor que 7%, a situação do controle glicêmico no Brasil em 2010 em estudo envolvendo 6.671 portadores de diabetes era extremamente preocupante: 90% dos diabéticos tipo 1 e 73% dos diabéticos tipo 2 estão fora das metas de controle.
Estudo conduzido avaliando dados de 656 pacientes com diabetes atendidos em unidades de endocrinologia públicas e privadas foram analisados na região noroeste de Minas Gerais, entre 2016-2017, mostrou que mais de 60% dos pacientes com DM2 (n = 602) e 85% dos pacientes com DM1 (n = 54) apresentaram hemoglobina glicada (HbA1c) acima de 7%.
Estudo realizado em São Paulo entre pacientes diabéticos com mais de 60 anos revelou que 37,5% dos pacientes não acham necessário consulta médica para controle do diabetes. Esses dados refletem a grave falta de conhecimento a respeito da gravidade das complicações. Apesar da clara redução das complicações relacionadas à doença obtida através do controle glicêmico estrito, no mundo, mais de 60% dos diabéticos não atingem as metas de controle.
As causas para o mau controle são alvo de vários estudos e são diversas: adesão a dieta e atividade física, acesso ao especialista, tempo de doença, implementação de monitorização supervisionada do tratamento, desconhecimento acerca da doença, assim como educação a respeito da mesma, baixo índice de automonitorização, obesidade, acesso e adesão às medicações.
* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.
Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.