Correio de Carajás

Abandonado no aeroporto, cachorro é adotado por piloto nos EUA

Polaris poderia ter sido sacrificado se não fosse pelos funcionários de empresa aérea; agora, ele finalmente tem um lar

Foto: Reprodução

No Aeroporto Internacional de São Francisco (SFO), o departamento de atendimento ao cliente da United Airlines lida com os problemas comuns dos passageiros, como voos perdidos, bagagem extraviada e itens pessoais esquecidos no bolso do assento. Mas, em agosto do ano passado, a equipe teve que resolver um problema de magnitude ainda maior: um passageiro internacional chegou da China em SFO sem a documentação adequada e seu companheiro de viagem o abandonou na alfândega, seguindo para Nova York.

Em dezembro, a United finalmente resolveu o caso, fechando o processo sobre o cachorro Polaris. O mestiço de pastor alemão de 6 meses deixou o aeroporto pela última vez com um novo dono: um piloto da United. “Eu só espero que possamos fazer um trabalho tão bom cuidando dele quanto a equipe da United fez”, disse William Dale, o piloto da empresa que adotou o cachorro com sua família. “Mais de um funcionário me disse: ‘É melhor você cuidar bem dele… senão’…”

O calvário do filhote começou no desembarque internacional, quando um passageiro de um voo da United vindo da China não apresentou a documentação correta para importar um animal. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), que administram as regras para animais provenientes de países de alto risco para a raiva (a China está na lista), não permitiriam a entrada do cachorro nos Estados Unidos.

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“O CDC estava preocupado com a validade da papelada”, disse Vincent Passafiume, diretor de atendimento ao cliente da companhia aérea. “Era parte de nossa responsabilidade também.” Em vez de resolver o problema, o dono entregou o cachorro e voou para a Costa Leste, deixando a United segurando a coleira.

O CDC sugeriu dois cursos de ação que a United poderia tomar: devolver o filhote à China ou deixá-lo no aeroporto. Mas nenhuma das escolhas terminaria humanamente. “As opções iniciais eram muito sombrias”, disse Passafiume, com a voz carregada de emoção. “Ele seria sacrificado ao voltar para a China ou sacrificado localmente”.

Passafiume e sua equipe do SFO se recusaram a aceitar um destino trágico para Polaris, a quem deram o nome da classe executiva da companhia aérea. Eles decidiram encontrar uma terceira via e contataram as equipes de assuntos governamentais da empresa em Washington e São Francisco para obter ajuda. A equipe fez lobby para que o CDC revertesse a decisão. A agência concedeu a Polaris um indulto, mas ordenou uma quarentena de quatro meses. Durante as deliberações, Polaris teve que morar nas instalações do aeroporto – uma versão de O Terminal, se Tom Hanks tivesse quatro pernas e um rabo balançante.

A equipe construiu para ele uma casa improvisada em um escritório do aeroporto. O refúgio canino apresentava amenidades de primeira linha, como uma cama de cachorro, brinquedos, guloseimas e babá 24 horas, sete dias por semana, de acordo com Passafiume. Uma equipe dedicada caminhou, alimentou e entreteve o cãozinho. “Mais de 50 funcionários o visitaram”, disse ele. “Ele se tornou uma celebridade na SFO, com certeza.”

Fiel ao seu status de cliente estrelado, a United transportou o animal para a estação de quarentena de Los Angeles em grande estilo. “Voamos de primeira classe para que ele fosse cuidado”, disse Passafiume, que acompanhava o filhote. “Ele foi ótimo durante todo o percurso. Ele não latiu nenhuma vez.”

A adoção

Enquanto Polaris completava sua quarentena, os funcionários da United se concentraram na próxima e última etapa de sua jornada: encontrar um lar permanente para ele. A companhia aérea pediu à instituição San Francisco SPCA, que aloca 4.000 animais em lares a cada ano, para assistência no processo de adoção.

“Trabalho com bem-estar animal há 25 anos”, disse Lisa Feder, chefe de resgate e bem-estar animal da San Francisco SPCA. “Encontramos muitas situações que são únicas e interessantes. Esta (de um cão no aeroporto) foi a primeira vez para nós.”

Doug Yakel, porta-voz do SFO, também reconheceu a natureza sem precedentes do caso. “A primeira vez que ouvi falar”, respondeu ele, quando perguntado se o aeroporto já tinha experiências anteriores com animais órfãos.

Embora a SPCA estivesse empenhada em escolher a melhor família para o Polaris, a United estabeleceu uma regra básica: somente o pessoal da companhia aérea poderia se candidatar. “Nós realmente queríamos que ele fosse para alguém da nossa família United, por causa do quanto nossa equipe o apoiou”, disse Passafiume.

O centro de resgate recebeu 35 solicitações, que a equipe reduziu para cinco, até chegar a um vencedor. “Estávamos um pouco nervosos sobre quantas pessoas poderiam se candidatar”, disse Feder. Dale, um funcionário da United há sete anos que havia se mudado recentemente para São Francisco com sua esposa, filho e filha, finalmente tinha uma casa e um quintal que poderiam acomodar o primeiro cachorro da família.

“Achei a história dele incrível”, disse Dale, “mas honestamente não achei que teríamos sorte.” Para sua surpresa (mas não de sua esposa), veio o telefonema de parabéns. A United deu uma festa de adoção a Polaris em 15 de dezembro em um de seus portões no Terminal 3. Os celebrantes, que incluíam Brixton, um golden retriever com o bando itinerante de cães de conforto do aeroporto, comeram cupcakes e guloseimas em forma de osso. “

Sem dúvida, a equipe da United foi além por este animal”, disse Feder. “Existe um ditado no mundo do bem-estar animal: ‘Um cachorro não vai mudar o mundo, mas o mundo vai mudar por um cachorro.’” “Vou sentir muita falta dele”, admitiu Passafiume. Quanto a Polaris, ele vem descobrindo as virtudes das viagens locais, iniciando as paisagens e cheiros em seu novo bairro de São Francisco.

(Fonte: Estadão)