Parece que os chefões de Parauapebas perderam o medo dos órgãos fiscalizadores e o total respeito com a coisa pública. Quase R$ 200 mil só em passagens e diárias é o que está custando – até o momento – a viagem à Dubai, capital dos Emirados Árabes conhecida pelos shoppings luxuosos, e animada vida noturna.
Enquanto na bilionária Parauapebas o motorista escapa de um buraco para cair em outro, a criança estuda em puxadinho alugado e o doente é desenganado pela saúde precária, Darci Lermen delira em insistir na falácia de um tal teleférico e, como se não bastasse, agora vem com a ideia megalomaníaca de tornar a cidade paraense uma filial do Oriente Médio.
O delírio vem sendo compartilhado com o todo poderoso Keniston Braga, secretário de governo.
Leia mais:Os sheiks parauapebenses embarcaram acompanhados de mais dois servidores para os Emirados Árabes nesta sexta (25) e as incoerências da viagem começam já na compra das passagens, feitas sem licitação.
Apesar de a Prefeitura de Parauapebas possuir contratos de mais de R$ 4 milhões para emissão de bilhetes aéreos, o município preencheu quatro cheques e entregou nas mãos dos servidores. Cada um recebeu R$ 25.427,00 – somando R$ 101.708,00 só para a compra de passagens para Dubai.
O valor está claramente acima do necessário para o deslocamento. Na manhã do embarque, o Correio de Carajás pesquisou os preços das passagens de ida e volta desta viagem. Mesmo em cima da hora, os bilhetes recomendados somavam R$ 11.496 para cada passageiro ir e voltar de Dubai. Caso se optasse por um voo mais longo, era possível baratear esse deslocamento para R$ 8.661.
Além do dinheiro para o deslocamento, os quatro membros da comitiva receberam 10 diárias cada. Darci Lermen, a figura mais importante do quarteto, ganhou a maior soma: R$ 27.050,00 só em diárias para gastar na capital do luxo. Os demais embolsaram um pouco menos: R$ 20.558 cada. Desta forma, o prefeito, por exemplo, poderá gastar R$ 2.705,00 mais de dois salários mínimos, por dia em Dubai, tudo isso não teria problema se não fosse com o dinheiro público.
Além disso, o interesse público e relevância de tal missão internacional bancada pelos cofres de Parauapebas é totalmente questionável, principalmente num momento de crise em vários setores do governo, sobretudo saúde, saneamento, obras e o desemprego da população.
A justificativa oficial de Darci Lermen para a viagem é a participação na Urban Planning – Expo Dubai, para conhecer novas tecnologias. O prefeito não especificou, contudo, quais melhorias o cidadão parauapebense vai receber a partir dessa ida ao outro lado do mundo. Em pesquisa na página oficial da exposição, o Correio de Carajás não identificou um evento nomeado especificamente como “Urban Planning” e descobriu, ainda, que a equipe municipal poderia assistir à programação virtualmente, ou seja, aqui do Brasil.
As diárias e os gastos com as passagens estão publicados no Portal da Transparência desde o final de janeiro, resta saber se estes pagamentos e a necessidade da viagem internacional passarão despercebidos aos olhos da lei.