Correio de Carajás

Carta denuncia poluição sonora em badalada casa de show na Folha 5; dono nega

Foco da queixa de moradores é o barulho excessivo até o “raiar do sol”, que prejudica, segundo eles, a tranquilidade de quem reside nas folhas do entorno

O Correio de Carajás recebeu na última quinta-feira (24), uma denúncia anônima, via carta registrada nos Correios, sobre suposto excesso de poluição sonora e abuso de sossego por parte do estabelecimento “Calçadão da Pororoca”, localizado na Folha 5, na Nova Marabá, em Marabá.

De acordo com o documento, composto por seis páginas e tendo como remetente “moradores das Folhas 05, 07 e 10”, foram enviadas cópias para a Secretaria de Segurança Pública do Pará, Corregedoria da Polícia Militar, Vara Criminal da Comarca de Marabá e Vara da Criança e Adolescente, Conselho Tutelar, Prefeitura Municipal de Marabá, Câmara Municipal e veículos de imprensa.

O foco da denúncia é o barulho excessivo até o “raiar do sol”, que prejudica, segundo eles, a tranquilidade dos moradores das Folhas do entorno.

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Os moradores alegam que os responsáveis pelo estabelecimento são “supostos policiais militares, adjuntos com os mesmos, são os conhecidos e famosos DJ Marcos e Gaiato, diz um trecho.

Chamando o local de “suco da confusão”, os denunciantes criticam a presença de crianças, adolescentes e adultos embriagados fazendo algazarras, com gritos, palavrões e usos de entorpecentes.

Segundo eles, a Secretaria de Meio Ambiente (Semma) já recebeu mais de 50 denúncias sobre o local e nada resolveu. No entanto, corriqueiramente são vistas viaturas policiais fazendo a guarnição do estabelecimento até o amanhecer do dia, já que as festas costumam encerrar às 7 horas da manhã.

A denúncia finaliza afirmando que os moradores estão se sentindo ameaçados e prejudicados, pois já ouviram de pessoas ligadas ao estabelecimento coisas do tipo: “se ficarmos sabendo quem está denunciando, vai se arrepender da gracinha”.

Calçadão da Pororoca

Diante disso, a reportagem do Correio de Carajás procurou o representante do Calçadão da Pororoca, Mauro Botelho, popularmente conhecido como DJ Gaiato, para conversar sobreas as queixas.

“Os únicos donos são eu e meu irmão, Marcos. Durante os dias de festas, muitas viaturas ficam em volta da Pororoca e fazem um trabalho ostensivo. É onde o público está. E nós, aqui dentro, controlamos a entrada de menores de idade, temos câmeras de segurança. Já trabalhamos há muito tempo nessa área de festas. A Pororoca é o alvo do público hoje em dia, então acredito que não são os vizinhos que estão fazendo isso (a denúncia). Nós conseguimos conquistar um público muito grande. Nossa Casa é a que dá mais gente na cidade. E outros estabelecimentos acabam tentando nos prejudicar”, argumenta o DJ, que está à frente do local há 1 ano e 4 meses.

“Conseguimos conquistar um público muito grande com o nosso trabalho”, diz DJ Gaiato

Gaiato afirma que a Semma já esteve diversas vezes no local para verificar os decibéis do volume do som. “Quando começamos com essa casa, tínhamos apenas uma carreta. Então, realmente a gente estava com uma poluição sonora e decibéis acima do permitido. Mas fizemos um investimento de quase R$ 80 mil em som para dentro da casa de show, justamente para não perturbar os vizinhos”, garante.

Questionado sobre o horário que a festa costuma terminar, já que na denúncia consta que o movimento só acaba por volta das 7 horas da manhã, o DJ é enfático. “Não existe isso. A gente tem um órgão fiscalizador. Terminamos às 4 horas, só que as pessoas não vão embora e ficam lá pela frente, abrem a mala do carro e ligam o som. Mas, até nisso a gente se preocupa. Se tem um cliente nosso com som automotivo lá fora, a gente faz esse trabalho de alertar, nos preocupando com os vizinhos. Até pra casa não pegar a culpa”, alegando ainda, que nunca tiveram problemas com a vizinhança, afirmando que muita gente aproveita pra vender lanches e espetinhos.

Sobre as denúncias, Gaiato diz que fica triste com essa situação, pois trabalha há 22 anos no ramo. “Isso é uma acusação sem fundamento”.

Semma

O Correio de Carajás procurou Paulo Chaves, coordenador do Departamento de Fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que informou que o órgão já recebeu denúncias do local meses atrás, e que inclusive já foram feitas ações junto com outros órgãos da segurança pública para tentar flagrar essa situação.

“Das vezes que fizemos fiscalizações não conseguimos flagrar poluição sonora, ou porque o som estava desligado ou estava baixo. As denúncias existem. Mas pra gente proceder um processo administrativo precisa-se flagrar, e a gente nunca consegue flagrar a poluição sonora lá”, afirma. (Ana Mangas)