Correio de Carajás

Comissão foca em formação de mão de obra e geração de emprego e renda

Gigantes do varejo, como Casas Bahia, procuram áreas para implantar negócios em Marabá. Mas esbarram na falta de mão de obra qualificada

A primeira reunião aberta da Comissão Especial de Desenvolvimento Socioeconômico de Marabá, criada na Câmara Municipal, rendeu bons frutos e apontou para necessidades de atuação a curto e médio prazo que devem ser diligenciadas junto a órgãos públicos do município, Estado e do governo federal. As discussões tiveram lugar no Plenário da Câmara, na tarde desta quarta-feira, 28.

Os convidados especiais da primeira reunião tornaram-se, imediatamente, membros de honra da comissão: Ricardo Pugliese, secretário municipal de Mineração, Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia e também de Turismo; e Ítalo Ipojucan Costa, empresário e ex-presidente da ACIM (Associação Comercial e Industrial de Marabá).

Membros da Comissão de Desenvolvimento iniciaram discussões nesta quarta e querem ampliar o leque

A dupla se revezou e fez apresentação micro e macro para que o município consiga avançar e oferecer mais emprego e renda para a comunidade local. Pugliese lembrou que sua Secretaria atua com fomento, para ajudar empresas a se instalarem no município e que as pessoas consigam emprego. Ele também apresentou os dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mostrando os dados de empregos formais com carteira assinada do município no início da pandemia e até agora.

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“O estoque atual da cidade é de 45.470 empregos formais, com carteira assinada, atualmente. Em março de 2020 o CAGED começou a ser negativo, mas não porque houve demissões, mas porque as contratações caíram muito. Isso só ficou por três meses, mas depois se recuperou e ficamos positivos no restante do ano. Em janeiro de 2021 voltamos a ficar negativo, como é o tradicional, porque empresas da construção civil começam a demitir por conta do período de chuvas. Mas o CAGED dos três primeiros meses deste ano está em 434 empregos positivos. Ou seja, apesar da pandemia, não temos um quadro tão assustador”, sustentou.

Por outro lado, Pugliese alertou os vereadores que diversas empresas de médio e grande porte do segmento de varejo estão procurando instalar empreendimentos em Marabá, mas esbarram na falta de qualificação da mão de obra. Entre elas, 4 lojas das Casas Bahia; mais 2 lojas das Americanas; 3 da Novo Mundo, do Goiás; um Centro de Distribuição da Magazine Luíza; e Centro de Logística ligado à Amazon. “Essas empresas também sofrem dois dramas: falta de mão de mão qualificada e de área na cidade para se instalarem”, alertou.

Ricardo Pugliese prega necessidade de fomentar formação de mãos de obra urgente

O secretário destacou que o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) tem uma estrutura acanhada em Marabá e não tem condições de atender a demanda de formação a cidade requer. Para que nosso povo tenha acesso a empregos, precisamos formar a mão de obra que está parada”, destacou.

CONTEXTO MACRO 

Atuando como consultor para a Comissão de Desenvolvimento, Ítalo Ipojucan elogiou a criação do grupo de trabalho e apontou várias frentes que precisam ser atacadas para que haja resultados positivos na geração de emprego e renda para Marabá.

Começou pela necessidade de aprovação da Lei Geral na Câmara Municipal, que vai ajudar empresas locais a vencerem licitações públicas (grandes e pequenas), diferente do que acontece hoje.

Depois, falou sobre a atração de grandes empresas, ressaltando que, em geral, o empreendedor identifica oportunidade no mercado regional e vem por si só, não porque foi atraído por ente público. “A dinâmica da cidade vai crescer por causa disso, de forma natural, porque temos posição geográfica estratégica e um bom mercado. Mas, neste quesito, encontramos alguns problemas pontuais, que precisam ser disciplinados. Temos um Distrito Industrial e um Plano Diretor que precisam estar conectados. Em alguns momentos, a Prefeitura precisa pegar no braço do grande empresário e ajudá-lo a se instalar para gerar emprego e renda no município.

Ele também abordou vários dilemas do Distrito Industrial atual, inclusive a falta de transporte coletivo, o que geraria menor ônus para os empresários. “Além disso, há problema de invasões que carecem de um olhar cuidadoso e urgente. Precisamos resolver essas e outras questões dentro da política municipal e estadual para direcionar os empresários para local estratégico”.

Mas Ipojucan também apontou, aos membros da Comissão, que é preciso olhar para além da mineração, ressalvando que esta região é a nova fronteira agrícola, que deve se transformar em um polo de produção de grãos nos próximos anos, além do mercado da pecuária, que não para de crescer. “Nos próximos anos vamos ter recorde de produção de grãos. A Agrosoja aponta para isso e precisamos discutir com ela como nos prepararmos para esse novo momento, o que é muito importante porque o agronegócio diversifica a nossa base de produção. Fomos informados que até 2025 esta região vai produzir entre 3 a 5 milhões de toneladas de grãos. Vão surgir investimentos de silos de produção e as coisas vão acontecer de forma muito rápido”, avisou.

Por fim, a Comissão decidiu que as reuniões vão acontecer duas vezes por semana (terças e quartas-feiras) no primeiro momento, convidando diversos atores para discutir o desenvolvimento de Marabá e região.

Os membros da Comissão de Desenvolvimento da Câmara são Miguel Gomes Filho (presidente); Márcio do São Félix; Vanda Américo; Aerton Grande; e Coronel Araújo. Também participou o presidente da Câmara, Pedro Corrêa.

(Ulisses Pompeu)