José Tomás de Oliveira se esforçava na tarde desta terça-feira (23) para passar a bicicleta por cima das estruturas de concreto que bloqueiam a cabeceira da ponte sobre o Igarapé Ilha do Coco, na Rua Vinícius de Moraes, que dá acesso à Rua 11 e, consequentemente, ao Bairro Liberdade.
Ele tentava diminuir o trajeto que necessitava percorrer, isso porque a vida de quem precisa sair do bairro ou entrar nele está mais difícil desde a tarde do último sábado, dia 20, quando a Defesa Civil de Parauapebas interditou duas pontes sobre o canal, que corta o município.
Uma das estruturas é a que José Tomás tentava acessar nesta quarta e a outra fica localizada na Rua Santa Catarina com a Rua 10, interligando os bairros União e Liberdade. A interdição se deu após fortes chuvas elevarem o nível do Rio Parauapebas e este ter a vazão empurrada para o igarapé.
Leia mais:“Não era pra estar desse jeito, por causa de um serviço mal feito está acontecendo uma coisa dessa. Tem que fazer um serviço que preste pra não acontecer isso outra vez”, reclamava o ciclista enquanto tentava abrir caminho.
José não é o único incomodado e a questão chegou à sessão desta terça (23) da Câmara Municipal, onde a vereadora Eliene Soares (MDB) protocolou indicação solicitando que o prefeito, José Lermen, providencie em caráter de urgência o reforço estrutural nas duas pontes de acesso ao bairro, a fim de normalizar o tráfego da comunidade.
Conforme ela, 15 mil moradores do Complexo Liberdade estão isolados e para acessar a região é necessário entrar pelo Bairro Rio Verde, por meio da Rua Perimetral Norte ou pelo morro. Também houve mudança nas rotas de micro-ônibus, o que dificultou a vida de quem não tem transporte e os motoristas por aplicativo, por sua vez, estariam se negando a fazer corridas para o local, devido ao aumento do percurso.
Segundo a vereadora, as estruturas das pontes foram comprometidas durante a movimentação de terra para alargamento do igarapé, na primeira etapa do Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap) e a situação só veio à tona com as chuvas.
O Correio de Carajás consultou a assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal nesta terça, questionando se há previsão de abertura das pontes. Segundo o informado, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, a equipe do Prosap e Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) realizaram novas vistorias pela manhã.
A partir da análise, foram identificadas duas situações. Em relação à estrutura que dá acesso à Rua 11 será necessária uma intervenção de grande porte. De acordo com a assessoria de comunicação, a ponte permanecerá interditada por tempo indeterminado e obras que estavam previstas para etapas futuras do Prosap deverão ser adiantadas para solucionar a questão.
Antes da execução delas, entretanto, é necessária a emissão de laudo técnico para que haja autorização do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que financia o programa.
Já em relação à ponte da Rua 10, o município informa não ter havido danos na infraestrutura, porém foi identificado um pequeno deslizamento de terra pouco antes da cabeceira. Neste caso será feita, nos próximos dias, a proteção do talude. Caso o tempo colabore, sem registro de chuva exagerada, o serviço deve ser concluído em um prazo de dois dias. Em seguida, assegura a assessoria de comunicação, a ponte deverá ser liberada em mão dupla. (Luciana Marschall)