Correio de Carajás

Ilhada por lama em casa, deficiente visual ganhará rampa da Sevop

Atualização 17 de fevereiro de 2021 por Carol de Souza

Com um sorriso cativante, Vera Lucia Araújo dos Santos e os quatro filhos contagiam a todos com sua simplicidade e humildade. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no dia a dia, a força de vontade desta família em lutar por dias melhores serve de inspiração para muita gente.

Vera Lúcia tem 38 anos e mora no bairro Independência, em Marabá, junto com cinco filhos, sendo dois deles autistas e uma deficiente visual. Com os três mais novos precisando de cuidados quase que integralmente, Vera precisou parar de trabalhar para se dedicar à família, que hoje vive da renda que recebe do auxílio do governo e com a ajuda de pessoas que se sensibilizam com a história deles.

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Diante os inúmeros problemas, o primeiro deles já começa na porta de casa e, pasmem, essa foi a única reclamação da família: a lama na rua, causada pelas chuvas. A residência foi construída acima do nível da via pública – que sofre com alagamentos no período chuvoso. Com isso, uma tábua fica encostada na porta, para que possam “fugir” da lama que toma conta da saída de casa.

“Quando começa a chover, a gente já precisa procurar uma tábua para colocar na porta de casa, porque aqui fica tudo alagado e, só assim, pra entrar e sair de casa”, conta Vera, que teme acontecer um acidente com a filha Ângela, que tem 100% da visão comprometida.

Aos 19 anos, ela é segunda mais velha dos cinco irmãos. Ângela Maria é deficiente visual e precisa sempre do apoio de uma pessoa para ajudá-la em sua locomoção. Além disso, ela conta com o apoio da sua fiel escudeira, “Angélica” – a bengala que carinhosamente ganhou um apelido – da qual ela cuida com muito zelo.

“Eu não saio sozinha de casa, preciso sempre estar acompanhada de alguém, e claro, da Angélica. Ganhei de presente de um professor do CAP (Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual)”, conta a adolescente, com um sorriso no rosto.

Como toda jovem, Ângela é socialmente ativa. Gosta de ir aos cultos e ensaios de programações especiais da igreja que congrega, de passear e de estudar. Este último, por conta da pandemia, foi adiado. “As aulas estão suspensas. Eu estudo na Unifesspa, passei no vestibular para o curso de Ciências Biológicas”.

A adolescente detalha a dificuldade que tem para entrar e sair de casa, e até mesmo andar com a sua bengala, devido à lama e aos buracos da rua sem asfalto. “Graças a Deus eu nunca caí, porque sempre estou acompanhada de alguém. Mas eu não consigo ter minha própria independência e sair sozinha, por causa das condições da rua, com muitos buracos”, enfatiza a jovem, que gostaria de poder andar pelas vias do Bairro Independência até uma parada de ônibus, mas sem o medo de cair em um buraco.

Sensibilizados com a situação da família, que mesmo nas adversidades vive de forma honesta e feliz, o CORREIO DE CARAJÁS procurou a Prefeitura de Marabá, através da Secretaria Municipal de Viação e Obras Públicas (Sevop), para ajudar Ângela em uma necessidade básica.

O secretário Fabio Moreira, titular da Sevop, informou que nesta segunda (15) um técnico foi até a casa de Ângela para analisar as condições da rua e da residência e, assim, encontrar uma solução para melhorar as condições da via e da entrada da residência.

Inicialmente, segundo ele, será construída uma rampa de acesso à residência para que a jovem não precise mais utilizar a tábua para entrar e sair de casa. No verão, máquinas vão passar pela via para melhorar as condições de trafegabilidade, segundo informou o secretário na manhã desta segunda-feira. (Ana Mangas)