Correio de Carajás

“Vila do rato”: Baleado sobrevive e conversa com a polícia

“Já há uma linha bastante robusta de investigação apontando motivação e autoria dos autores deste crime”. A afirmação é do delegado Vinícius Cardoso Neves, diretor da 21ª seccional Urbana de Polícia Civil, ao prestar informações sobre o atentado a bala ocorrido na noite da última quinta-feira (14), na “Vila do Rato”. O baleado foi identificado como Leandro Ferreira da Silva, de 38 anos, conhecido como “Grande”. Ele já conversou com a polícia, no Hospital Municipal de Marabá (HMM), onde está internado.

“Os policiais civis estiveram colhendo informações preliminares junto à vítima, também estiveram no local do crime, colhendo vestígios da ação criminosa… Nós temos um prazo de 30 dias para apresentar os resultados dessa investigação”, explicou o delegado.

Delegado Vinícius Cardoso: “Já há uma linha bastante robusta de investigação”

A “Vila do Rato”, palco do crime, na verdade, se chama “Vila Nova Canaã” e fica na Marabá Pioneira. No local, grassa o tráfico de drogas e tudo leva a crer que “Grande” foi baleado por conta desse tipo de crime. Embora as primeiras informações indicassem que os pistoleiros deram pelo menos 10 tiros, “Grande” foi atingido por quatro balas.

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Socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e levado ao HMM, ele já foi submetido a cirurgia. Há comentários de que “Grande” seria X-9 da polícia, que frequentava as bocas-de-fumo da área para identificar e alcaguetar os traficantes, mas a polícia não confirmou nada disso.

Pelo que a reportagem do CORREIO apurou, “Grande” era apenas um viciado em drogas. Ele já teve boa condição financeira devido a uma herança que recebera, mas acabou gastando tudo com o vício. Ultimamente ele estaria indo à “Vila do Rato” em busca de drogas, mas muitas vezes sem dinheiro, o que estaria irritando os traficantes da área e pode ter sido justamente isso que esgotou a paciência dos criminosos. Mas essa informação não chegou a ser confirmada pela polícia.

“Grande” foi levado às pressas para o HMM, onde foi operado e já prestou informações à polícia

Até quando?

O que se sabe é que a “Vila do Rato” é, há muitos anos, uma zona vermelha para o tráfico de drogas. A principal entrada do bairro (única para veículos) fica no final da Avenida Getúlio Vargas. A avenida segue até morrer na beira do Rio Itacaiúnas, passando por casas humildes, de gente trabalhadora, mas também passa por bocas-de-fumo e – à primeira vista – é impossível identificar quem é quem.

Vez por outra, são realizadas ações policiais para conter o tráfico naquela região, onde a atividade já virou rotina, é de conhecimento público dos moradores da área, onde a comunidade anseia pela presença do poder público não apenas em formato de viaturas policiais e homens armados, mas em aparelhos públicos que propiciem atividades sociais, culturais e de lazer.

Do contrário, os policiais vão continuar passando anos e mais anos arriscando suas vidas, sem conseguir diminuir o tráfico de drogas na área; vão continuar cortando o mal pelas folhas e, vez por outra, o som dos tiros e a imagem dos corpos jogados no chão vão compor o cenário da gente sofrida que vive no bairro. (Chagas Filho com informações de Josseli Carvalho)