Correio de Carajás

Vila 1º de Março: Dia de festa, apesar dos pesares

Com uma programação recheada de atrações durante todo o dia, o assentamento 1º de março, localizado no município de São João do Araguaia, festejou na quinta-feira, dia 1º de março, seu 21º aniversário. Após a tradicional queima de fogos, foi realizada uma missa na igreja local, e logo em seguida servido café da manhã caprichado para toda a comunidade.

Ao longo do dia, foram realizadas exposições na feira do agricultor, torneio de futebol, cavalgada e corrida. Para que ninguém se dispersasse, a organização também ofereceu almoço para os moradores. A festa contou com muita música e animação e a população local compareceu em peso para prestigiar a festa, mesmo de baixo da forte chuva que caia.

O clima festivo e de confraternização também serviu para que a comunidade refletisse sobre os problemas que enfrenta. A equipe do CORREIO constatou que muita coisa ainda precisa ser feita em favor dos moradores.

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Wellington Saraiva, presidente da Associação da Vila 1º de Março, que nasceu e cresceu no local, afirma que viveu de perto o período de resistência e luta dos trabalhadores e camponeses, durante o processo de assentamento. “Essa festa é para mostrar que aqui é um espaço de produção permanente, tanto da parte agrícola quanto da cultura”, comenta.

#ANUNCIO

“Sabemos que merecemos e precisamos de muito mais aqui no assentamento. Infelizmente o município de São João é pequeno e não tem muitos recursos. Mas, ao mesmo tempo em que a gente entende, também se indigna, porque se o dinheiro público fosse bem administrado daria para fazer [pelo menos] o básico”, avalia.

Há pouco tempo, a Vila começou a receber algumas melhorias realizadas pela prefeitura, como o asfalto e bloquetes na maioria das ruas. “Mas como você pode ver, foi um serviço de péssima qualidade. Como não possuímos rede de esgoto, não pode chover que as ruas ficam alagadas”, constata Vera Lúcia, que mora na vila desde que foi fundada.

Contando com apenas uma escola de ensino fundamental, que funciona em um espaço alugado há 21 anos, a situação para os alunos é precária. “Nos perguntamos se é por incompetência ou falta de comprometimento com a educação que essa gestão não tem. Não temos estrutura para que nossas crianças tenham condições básicas de ensino”, reclama Wellington.

Se a parte física deixa a desejar, a falta de professores e de merenda escolar também salta aos olhos. Com dois filhos estudando em períodos distintos na escola, Vera Lúcia afirma que os filhos ficam com fome no local. “Tenho um filho que estuda das 7h às 11h, mas quando dá 9h ele vem pra casa porque está com fome. De manhã cedo ele toma um leite para ir à escola, mas lá não tem nada pra comer. Fora que os professores faltam muito”, afirma.

Há dois anos parada, segundo Wellington, a obra da creche municipal vem sendo alvo de muitas críticas da população. A equipe do CORREIO esteve no canteiro de obras e constatou que além do matagal que está em torno do local, não há sinal de que a obra esteja sendo concluída. A estrutura é um fator preocupante para os moradores, que temem que o lugar sirva de esconderijo para meliantes.

O posto de saúde da vila, que funciona em um espaço alugado, também é motivo de muita indignação. “O médico aparece duas vezes na semana, dia de terça e quarta, depois fica só uma enfermeira lá. Se você chegar com dor de barriga, morre lá mesmo. Não tem um comprimido naquele lugar. A única coisa que fazem lá é medir a pressão e fazer curativo”, conta Vera Lucia.

 (Ana Bortoletto)

Com uma programação recheada de atrações durante todo o dia, o assentamento 1º de março, localizado no município de São João do Araguaia, festejou na quinta-feira, dia 1º de março, seu 21º aniversário. Após a tradicional queima de fogos, foi realizada uma missa na igreja local, e logo em seguida servido café da manhã caprichado para toda a comunidade.

Ao longo do dia, foram realizadas exposições na feira do agricultor, torneio de futebol, cavalgada e corrida. Para que ninguém se dispersasse, a organização também ofereceu almoço para os moradores. A festa contou com muita música e animação e a população local compareceu em peso para prestigiar a festa, mesmo de baixo da forte chuva que caia.

O clima festivo e de confraternização também serviu para que a comunidade refletisse sobre os problemas que enfrenta. A equipe do CORREIO constatou que muita coisa ainda precisa ser feita em favor dos moradores.

Wellington Saraiva, presidente da Associação da Vila 1º de Março, que nasceu e cresceu no local, afirma que viveu de perto o período de resistência e luta dos trabalhadores e camponeses, durante o processo de assentamento. “Essa festa é para mostrar que aqui é um espaço de produção permanente, tanto da parte agrícola quanto da cultura”, comenta.

#ANUNCIO

“Sabemos que merecemos e precisamos de muito mais aqui no assentamento. Infelizmente o município de São João é pequeno e não tem muitos recursos. Mas, ao mesmo tempo em que a gente entende, também se indigna, porque se o dinheiro público fosse bem administrado daria para fazer [pelo menos] o básico”, avalia.

Há pouco tempo, a Vila começou a receber algumas melhorias realizadas pela prefeitura, como o asfalto e bloquetes na maioria das ruas. “Mas como você pode ver, foi um serviço de péssima qualidade. Como não possuímos rede de esgoto, não pode chover que as ruas ficam alagadas”, constata Vera Lúcia, que mora na vila desde que foi fundada.

Contando com apenas uma escola de ensino fundamental, que funciona em um espaço alugado há 21 anos, a situação para os alunos é precária. “Nos perguntamos se é por incompetência ou falta de comprometimento com a educação que essa gestão não tem. Não temos estrutura para que nossas crianças tenham condições básicas de ensino”, reclama Wellington.

Se a parte física deixa a desejar, a falta de professores e de merenda escolar também salta aos olhos. Com dois filhos estudando em períodos distintos na escola, Vera Lúcia afirma que os filhos ficam com fome no local. “Tenho um filho que estuda das 7h às 11h, mas quando dá 9h ele vem pra casa porque está com fome. De manhã cedo ele toma um leite para ir à escola, mas lá não tem nada pra comer. Fora que os professores faltam muito”, afirma.

Há dois anos parada, segundo Wellington, a obra da creche municipal vem sendo alvo de muitas críticas da população. A equipe do CORREIO esteve no canteiro de obras e constatou que além do matagal que está em torno do local, não há sinal de que a obra esteja sendo concluída. A estrutura é um fator preocupante para os moradores, que temem que o lugar sirva de esconderijo para meliantes.

O posto de saúde da vila, que funciona em um espaço alugado, também é motivo de muita indignação. “O médico aparece duas vezes na semana, dia de terça e quarta, depois fica só uma enfermeira lá. Se você chegar com dor de barriga, morre lá mesmo. Não tem um comprimido naquele lugar. A única coisa que fazem lá é medir a pressão e fazer curativo”, conta Vera Lucia.

 (Ana Bortoletto)