Na sessão desta terça-feira, 19, na Câmara Municipal, os vereadores discutiram exaustivamente o tema enchente e o tempo de resposta da Prefeitura de Marabá para socorrer as famílias que ficam desabrigadas.
O assunto foi levantado na tribuna pelo vereador Marcelo Alves, que advertiu sobre a demora do Poder Executivo em prestar assistência para as famílias que já saíram de suas casas, tangidas pela cheia sazonal dos rios Tocantins e Itacaiunas. “A Prefeitura não fez praticamente nada e a Câmara precisa focar esse debate. A Defesa Civil alega que está esperando o nível do rio chegar a 10 metros acima do nível normal para começar a atender as famílias que estão desabrigadas”, disse o vereador.
Marcelo Alves alertou que, embora exista legislação que especifique a cota de metros para que a Prefeitura decrete Situação de Emergência, a cidade passa por outra realidade com enchentes na atualidade, já que muitas pessoas construíram casas em áreas mais baixas nos últimos anos e o poder público não fez nada para impedir que isso acontecesse.
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O vereador Gilson Dias concordou com o colega e utilizou um provérbio popular que diz que “não se pode ensinar padre rezar missa”, dando a entender que a Seasp (Secretaria de Assistência Social da Prefeitura) já deveria ter ido para o campo há muito tempo para realizar cadastramento e atender as famílias. “Embora o nível do rio não tenha chegado à cota de risco, é preciso ter cuidado com as pessoas que foram expulsas de suas casas. Depois se discute o que fazer para retirá-las de lá definitivamente. Precisamos alterar a lei que estabeleceu o nível da cota em 10 metros, de forma que contemple os bairros mais baixos estão sendo alagados nas primeiras chuvas”, sugeriu.
Outro que se colocou ao lado de Marcelo Alves foi o vereador Márcio do São Félix, observando que quem está com água dentro de casa não pode esperar chegar a 10 metros para poder sair. Disse que várias famílias no núcleo São Félix foram atingidas com a cheia deste ano e que elas não receberam nenhum tipo de ajuda do poder público. “Liguei para o coordenador da Defesa Civil Municipal para que ele atendesse as necessidades de algumas famílias, mas o que ouvi foram palavras de aspereza e grosseria. Definitivamente, na resposta dele eu tive a certeza de que não há diálogo com esse cidadão. Estamos trazendo um pedindo da população. Ele é servidor tanto quanto a gente”, desabafou.
O vereador Ilker Moraes, no exercício da Presidência do Poder Legislativo, avaliou que se a Prefeitura for esperar para o rio chegar a 10 metros, haverá mais de 500 famílias fora de suas casas, o que será um caso de calamidade. “A Câmara tem de se posicionar formalmente para poder exigir do Executivo uma ação mais célere para atender as demandas dessas famílias atingidas. Eu também sou favorável à mudança na cota do rio para baixo”, sustentou.
A vereadora Priscila Veloso disse que foi chamada por muitas famílias para tentar fazer uma ponte com a Defesa Civil do município, mas que teve dificuldades. “O Jairo Milhomem apresentou o mesmo argumento de que só poderia atuar quando o rio chegasse à cota de 10 metros, mas não podemos aceitar isso. É preciso renovar a discussão sobre o nível do rio”, reconheceu.
Por fim, Marcelo Alves sugeriu que a Prefeitura crie um fundo municipal para preparar um caixa para esses momentos de enchente, que acontece quase todos os anos. “Nós percebemos que o número de famílias vai aumentando a cada ano e isso precisa ser levado em consideração”, disse.
(Da Redação)