Hoje (8), as ruas de Marabá foram palco de uma mobilização liderada por mulheres do campo e da cidade, representadas por diversas organizações e movimentos sociais do município. A Marcha das Mulheres reuniu vozes em prol dos direitos, da justiça e da igualdade de gênero. Com uma pequena manifestação em frente à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), líderes entregaram novamente um ofício com uma pauta urgente que ameaça diariamente a vida da mulher marabaense: A violência obstétrica.
A marcha começou às 9h, com saída em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), com a entrega de um documento ao presidente do órgão, lamentando a falta de reforma agrária e apontando a necessidade de políticas públicas para as mulheres camponesas: “Enfrentamos despejos que ameaçam nossos territórios, afetando especialmente as mulheres e crianças, que carregam o peso dessas situações”, explica Poly Soares, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Segundo a articuladora, as organizações de mulheres de Marabá, tanto urbanas quanto rurais, decidiram juntas por realizar uma caminhada, este ano, pelos núcleos Cidade Nova e Marabá Pioneira. As preparações começaram na data de ontem (7), na Fundação Cabanagem. O lema é claro: “Lutaremos pelos nossos corpos e territórios, nenhuma a menos”.
Leia mais:A parada na SMS teve um momento simbólico com velas e cartazes para lembrar a vida de todas as mulheres e crianças que morreram devido às carências do sistema de saúde de Marabá. “A violência obstétrica no HMI é alarmante, uma pauta urgente e exigimos intervenção da Secretaria para evitar mais mortes e sequelas”, pontua Poly.
Em fevereiro, quando ocorreu a morte de Teresa Bianca, um ofício foi entregue à secretaria de Saúde, pedindo respostas. Além disso, o documento também falava sobre diretrizes da Rede Cegonha no Hospital Materno Infantil (HMI). Segundo a articulação, até o momento não houve resposta.
Em direção ao Bolsa Família, a marcha partiu a fim de exigir políticas de combate à fome e acesso aos benefícios para as mulheres. Para encerrar, um ato na Praça Duque de Caxias, na Marabá Pioneira, com uma grande ciranda, as manifestantes se mostraram solidárias à luta das mulheres palestinas, vítimas de violência e injustiça.
Heidiany Moreno, representante da Articulação Feminista de Marabá, compartilha sua visão sobre questões políticas e de saúde enfrentadas pelas mulheres na região: “Acho muito importante falar que aqui temos apenas duas vereadoras, embora a lei de cota exija 30% na Câmara Municipal”, afirma.
Ela explica que isso limita o acesso das mulheres ao Parlamento e diminui as políticas públicas para elas. “A lei do acompanhante é de 2005 e o Hospital Materno Infantil (HMI) ainda não cumpre. Temos 19 anos de lei do acompanhante e a casa de saúde ainda não se adequou. Nós não temos ninguém para defender essa pauta. Precisamos de mulheres na Câmara, no Senado, precisamos de saúde para mulheres em Marabá”, discursa.
De acordo com Heidiany, não há um lugar na gestão pública que ofereça cursos para que mulheres tenham renda. Ela sinaliza que há muitas pautas para reivindicar e acredita que a mudança deve vir da participação da mulher em todos os espaços, inclusive na política.
Luciana Ferreira, representante do Sindicato dos Empregados no Comércio de Marabá (Sindecomar), destaca a importância do Dia Internacional da Mulher para enfatizar as necessidades e desafios enfrentados pelas mulheres nos movimentos sociais.
“Hoje, com os movimentos de, aproveitamos esta data para destacar as faltas e necessidades que as mulheres enfrentam diariamente. O empoderamento feminino é nosso, mas precisamos provar todos os dias nossa busca por espaço, tanto no ambiente urbano quanto no rural”.
Ela enfatiza que as mulheres têm necessidades diversas, desde saúde até assistência à família e às crianças. No ambiente de trabalho, há assédio moral e sexual, entre outros desafios. Para Luciana, reforçar essa luta é essencial para conscientizar a sociedade sobre o respeito à mulher.
(Thays Araujo)