Como já é tradição há 36 anos, o “Vai Quem Quer”, maior bloco de rua da Nova Marabá fez a sua festa na tarde e noite desta segunda-feira (4), com a animação de sempre. Um fato, porém, chamou bastante atenção: o bloco que vinha ampliando o número de brincantes todos os anos e vinha arrastando mais de 10 mil pessoas, este ano saiu pelas ruas com pouco menos de 1 mil, segundo as autoridades e isso era visível. A multidão para valer só apareceu mais tarde, no estacionamento da Vp-8, Folha 28, onde a caminhada finalizou e teve início o show no palco oficial montado pela Prefeitura de Marabá.
A própria organização, no início da tarde de ontem falava à imprensa em uma expectativa de pelo menos 20 mil pessoas no arrastão. Isso não aconteceu. Apesar do número menor de brincantes, isso não tirou o brilho da brincadeira, pois quem compareceu estava no espírito do Carnaval, a começar pelas fantasias cada vez mais criativas.
No som: marchinhas, forró e axé. A concentração ocorreu na Folha 28, e antes mesmo do horário previsto para o início do percurso, às 16 horas, já era possível ver a criatividade dos foliões em fantasias mais do que arrojadas.
Leia mais:Jovens, casais, famílias e até mesmo pessoas sozinhas desfilavam sua irreverência pelo corredor da alegria. A expectativa da organização é que 20 mil pessoas comparecessem ao evento, que seguiu pela noite. Neste ano, o Vai Quem Quer prezou pela amizade, utilizando o lema: “Amigos de ontem, de hoje e sempre”.
Antônio Carlos Saraiva, o “Tampinha”, é um dos fundadores do bloco que começou com uma brincadeira entre dez amigos. Ele conta que, ao longo dos 36 anos de existência, apesar do crescimento da agremiação, os organizadores procuram manter a tradição carnavalesca da troca de vestuário entre homens e mulheres. “A gente saía nas ruas com um carrinho de som, uma bateria, um carrinho de mão com uma churrasqueira. Hoje está essa grandeza que a gente vê”, destacou o carnavalesco.
Atualmente, para garantir a festa dos brincantes, o “Vai Quem Quer” percorre as ruas das folhas 20, 27 e 28 com, no mínimo, 05 carros de som e trio elétrico. Além disso, a concentração para a saída do bloco, na folha 28, está ficando pequena, bem como o espaço para a recepção da agremiação, no estacionamento da área, onde a festa acontece.
Marinho Silva, também organizador do bloco, frisou que toda a programação é pensada para atender os foliões, levando em conta a diversão e segurança. “O arrastão é da criança, do idoso, do jovem. A organização trabalha para dar segurança aos foliões, convidando os órgãos competentes para se fazer presentes. O “Vai Quem Quer” é família”, afirma Marinho.
Folião fiel, o serralheiro Pedro Lima acompanha há cinco anos o bloco e todos os anos se fantasia usando trajes femininos. “Venho fantasiado todos os anos, já é uma tradição antiga. Hoje em dia, gosto mais ainda de me fantasiar assim para dar uma força à causa LGBT, porque é muito complicado para eles passar por tudo que passam. Me vestir assim não fere em nada minha masculinidade”, explicou à Reportagem do CORREIO.
A programação seguiu com os cinco trios elétricos até chegarem ao estacionamento localizado em frente ao Sebrae. Lá, Léo Nicácio e Swing do Morro comandaram a festa até o fim da noite.
Balanço
A lei de importunação sexual entrou em vigor em setembro de 2018, após ser aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que exercia a Presidência da República de forma interina.
Este é o primeiro carnaval com a lei em vigor. Algumas cidades já registraram prisões em razão da nova legislação durante o feriado, como em Querência (MT) e Salvador (BA).
Questionado pela Reportagem, o cabo PM Porfirio, que acompanhava o trajeto do bloco, disse que não houve nenhuma denúncia de importunação sexual. “Até o momento, não houve nenhuma denúncia quanto à importunação. Somente registramos até agora um roubo de celular de uma cidadã. O responsável foi preso e encaminhado para a delegacia. O bloco segue tranquilo”, contabilizou o cabo. (Da Redação)