Em um momento conturbado no Brasil, onde emergem discursos de que as minorias têm que se curvar à maioria ou então terão que desaparecer, surgem também alguns fragmentos de luz. Há iniciativas que ainda trazem esperança a essas minorias. É o caso do V Congresso Paraense de Educação Especial (CPEE), realizado pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) em parceria com a Faculdade Metropolitana. O evento se iniciou nesta quarta-feira (17) e termina amanhã, sexta-feira (19).
O CPEE é um evento regional, de grande porte, que visa a promoção de debates que contribuam com a avaliação de políticas públicas e também de oportunizar subsídios teóricos e práticos para a escolarização de alunos com deficiência, no contexto educacional da Amazônia paraense. Este ano, o congresso traz como tema a “Deficiência e a Educação como Direito: Trajetórias, Desafios e Caminhos para Inclusão”.
À frente do congresso, a professora doutora Lucélia Cardoso Cavalcante Rabelo, coordenadora do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão Acadêmica (NAIA) da Unifesspa, observou que o evento foi iniciado em 2012 e teve sua primeira edição em 2014, a partir de parceria com o Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) de Castanhal.
Leia mais:Lucélia explicou ainda que o NAIA foi criado para colaborar com as políticas institucionais de inclusão e acessibilidade, que é mantido por um programa do governo federal denominado “Incluir”, que foi criado no ano de 2005, pelo então presidente Lula.
A professora alertou para o fato de que o congresso contribui para garantir os direitos de pessoas com deficiência na Amazônia paraense e não se pode permitir retrocessos, porque a iniciativa tem ajudado a construir práticas pedagógicas inclusiva de um grupo social historicamente marginalizado.
“A Unifesspa realiza hoje um dos maiores eventos na área de educação especial, não somente no Pará, mas na região Norte, conquista essa que só foi possível por condições materiais e humanas oportunizadas por políticas de apoios institucionais, políticas de ações afirmativas, que têm sido ameaçadas a cada deitar e levantar que vivenciamos”, adverte.
“Diante de tantos avanços e desafios, não queremos retrocesso, pois estamos num estágio de consolidar a efetivação e direitos humanos e não aniquilá-los”, alinhavou a professora, deixando claro que o evento propõe uma “imersão para refletir sobre direitos humanos, como “fôlego de vida”.
Por sua vez, o reitor da Unifesspa, professor doutor Maurílio de Abreu Monteiro, observa que uma das maravilhas da humanidade é a diversidade e isso tem que ser tratada sempre como algo extremamente positivo e as deficiências fazem parte disso.
Mas esse compromisso não pode ser retórico, por isso ele anunciou medidas como a abertura de um edital para implantação de tecnologias assistivas e também a garantia de vagas, por sorteio, para professores com deficiência a partir dos próximos concursos.
Também presente ao evento, o superintendente da Faculdade Metropolitana, Pedro de Abreu Gaspar, observou que inclusão não é um direito, mas é uma “lei da vida”. “Todos nós temos direito de participar da sociedade, da construção de um país, da construção de uma nação, pois a regra básica é que somos todos humanos e temos os mesmos direitos e as mesmas necessidades de vida”, alinhavou.
(Chagas Filho)