Correio de Carajás

Três vítimas de chacina estavam no lugar errado e na hora errada

A força-tarefa que realizou prisões relacionadas ao crime organizado em Parauapebas nesta terça-feira, como parte da Operação INSIDIS, de autoria conjunta da Polícia Civil do Estado do Pará (PC/PA), Polícia Civil de Parauapebas e de Marabá, concedeu entrevista coletiva na 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, endereçando as prisões feitas, bem como os produtos das buscas e apreensões realizadas no mesmo dia no município.

A coletiva foi conduzida por Walter Resende, Delegado Geral da PC/PA; e Luís Xavier, Delegado da Divisão de Homicídios do estado. Estiveram juntos na bancada ainda Thiago Carneiro, superintendente da PC na 10ª Região Integrada de Segurança Pública, que abrange Parauapebas e Marabá; Hennison Jacob, diretor da PC/PA no interior do estado; e os delegados Yanna Azevedo, da Delegacia de Homicídio, e Élcio de Deus, diretor da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil do município.

Entrevista coletiva contou com autoridades da Polícia Civil estadual, regional e municipal

A operação foi desencadeada em combate ao crime organizado, tendo sido deflagrada nesta terça. Quatro indivíduos já estavam no sistema prisional do município, enquanto outras cinco prisões foram realizadas entre segunda-feira (4) e esta terça.

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As autoridades informaram que não havia mandado de prisão contra João Victor do Nascimento Sousa, mas que ele foi preso em flagrante por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Além dele, estão recolhidos por força judicial Marconi de Jesus da Silva, o “Risca faca”; Daniel da Silva Costa, o “GDS”; Wanderson Ferreira Libano, o “Loirinho”; Antonio Francisco da Silva Sousa, o “Felipe Pacheco”; Marcos Ferits de Jesus da Silva; Carlos Alessandro Santos Vera, o “Mandrake”; Thiago Lima Neto, o “TH”; e Tiago Moreira da Silva, o “Tiaguinho da 15”.

A ação em Parauapebas não foi concentrada em nenhum ponto específico, como apurado pelo Portal Correio de Carajás. As prisões e cumprimentos de mandado de busca e apreensão foram realizadas em diferentes pontos da Capital do Minério, e culminaram não só nas detenções, mas também na retenção de uma espingarda calibre 12 com munições (uma delas usada); dez facas, sendo uma delas com manchas de sangue; quatro celulares e uma quantidade significativa de maconha, em tabletes e cigarros.

Walter Resende informou que o material apreendido será conduzido para a perícia criminal, afim de determinar detalhes sobre outros investigados pela Operação INSIDIS. Ele também informou que oito agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) chegaram a Parauapebas para auxiliar nas ações, totalizando um contingente de 44 policiais envolvidos na operação.

Walter Resende, Delegado Geral da PC/PA, concedeu entrevista coletiva nesta terça-feira (5)

GUERRA DE FACÇÕES

Walter explicou que os recorrentes crimes violentos na região são resultado de um “efeito dominó” criado pela desestruturação da facção Comando Vermelho (CV) em todo o estado do Pará. Isto teria aberto uma lacuna no crime organizado, atraindo o interesse da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) em Parauapebas, uma vez que esta organização criminosa está estabelecida em Marabá.

O delegado geral da PC/PA, em contrapartida, informou que o crime organizado já está sendo combatido com êxito na região metropolitana de Belém, e que cerca de 80% das lideranças do CV identificadas pela inteligência policial já estão sob custódia do estado. Agora, o esforço se estende a região sul do estado, onde a facção rival tenta se impor.

Foi citado que sete crimes hediondos motivaram as prisões, dos quais foram citados os homicídios de Ezequiel de Jesus Soares Brilhante e Célio Kayky Ferreira da Silva, acontecidos em maio deste ano, e a chacina do dia 15 de setembro, quando cinco corpos foram encontrados sem vida nas imediações do bairro Vila Nova.

Entre os cinco, dois eram alvos do PCC: Thawanne Dias de Jesus e Jefferson Santos de Andrade. Antônio Carlos Chaves Sousa, Felipe Silva de Carvalho e Marcos Antônio de Oliveira Andrade foram mortos por “estarem no lugar errado, na hora errada”, segundo as autoridades.

O delegado geral da PC/PA afirmou que a forma como os homicídios se deram, com requintes de crueldade e registrados de forma explícita em gravações, tinham como intuito do PCC intimidar o CV. Walter informou que a PC/PA realizou prisões não só no Pará, mas nos estados do Amazonas, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal.

Ainda foi dito por Walter que Marconi de Jesus da Silva, capturado em rota de fuga do país no estado do Tocantins no dia 22 de setembro, era uma das lideranças do PCC na região. Juntamente dele, também foi preso Marcos Ferits de Jesus da Silva, irmão do criminoso. Sua prisão foi taxada como “de suma importância” para que as outras autuações acontecessem.

Foram liberados nove nomes de presos, mas também foram identificados faccionados menores de idade, dos quais a PC/PA não pode revelar a identidade. As autoridades trabalham para conseguir mandados de busca e apreensão contra estes menores de idade, usados de forma estratégica pelas facções pela maior facilidade que eles têm de voltarem ao convívio social após detidos.

Ao todo, foram 22 alvos identificados pela operação; um dos mandados de apreensão não obteve sucesso por conta de uma fuga na madrugada do investigado em questão. Luis Xavier conta que agora espera um “efeito pedagógico” da deflagração da operação, em que os líderes de facção procurarão se manter fora do radar de atuação da PC/PA, interrompendo suas atividades e se deslocando para outras regiões.

A Operação INSIDIS tem como finalidade realizar prisões relacionadas ao crime organizado em toda a 10ª Região, incluindo não só Parauapebas e Marabá, mas Curionópolis, Canaã dos Carajás e outros municípios, onde as investigações continuam para desestruturar as organizações criminosas atuantes na região. (Juliano Corrêa)