Correio de Carajás

Trabalho e Gênero são Destaques no Mapeamento Cultural

A cidade de Canaã dos Carajás, município brasileiro situado no sudeste do Pará, na Região Norte do país, mais precisamente na Amazônia Oriental e a sua importância para a implantação de grandes projetos nacionais a partir da década de 1970 no Brasil, assume relevância para as dinâmicas regionais do estado.

A história da cidade se baseia na criação de um assentamento agrícola denominado Projeto de Assentamento Carajás, no ano de 1982, iniciado pelo Grupo Executivo das Terras do Araguaia e Tocantins (GETAT), órgão sob o comando das políticas desenvolvimentistas do Governo Federal. É num contexto de tensões das dinâmicas sociais presentes no interior do estado do Pará que as forças militares e institucionais federais instalam o Centro de Desenvolvimento Regional (CEDERE), com o assentamento de 1.551 famílias na área que atualmente compreende o município.

A cidade tornou-se um grande canteiro humano de trabalhadores, na maioria homens, em frentes de trabalho originárias de diversas regiões do Brasil. São operários da indústria da mineração que transportaram para essa região suas vidas, famílias, hábitos e culturas que cultivavam em suas cidades de origem. Destaca-se o ano de 2011, com a construção da mina do projeto S11D, que se configura como a maior mina do mundo em exploração do ferro. É válido ressaltar que as operações dos projetos Sossego e S11D são conduzidas pela empresa Vale.

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É em meio ao mapeamento cultural, numa realidade predominantemente masculina, que o projeto Canaã, Berço da Cultura Criativa vai aos poucos encontrando a sensibilidade do gênero feminino no campo da arte, do voluntariado, das atividades solidárias e cooperadas. Chama a atenção a pujança da mulher que vive e resiste em Canaã dos Carajás. Elas são representadas na guerreira Marlene Martins Pereira, quebradeira de coco babaçu, que vive na zona rural de Canaã dos Carajás, no chacreamento Sofeque.

São mulheres múltiplas que enfrentam o cotidiano da cidade do minério, entre elas temos Fernanda Cunha, produtora cultural e coordenadora interina da Casa da Cultura de Canaã dos Carajás, espaço de cultura, tradições e histórias do povo paraense e em especial de Canaã dos Carajás. É na força do trabalho dessa mulher que o projeto ora ou outra aporta a sua embarcação nas instalações da Casa da Cultura como espaço referência sobre a cultura local. Saindo da Casa da Cultura, o mapeamento encontrou a professora Anna Cleiddy, mulher afro, professora de dança, representante no Conselho de Políticas Culturais da Cidade de Canaã dos Carajás. Atualmente Anna Cleiddy tem desenvolvido um trabalho fabuloso de dança com os jovens. Ressalta-se também a ela o seu conhecimento sobre a cultura Afro no município.

Elas estão presentes também no Centro de Referência Economia Solidária (Cresol), espaço destinado às atividades de formação profissional, aulas de panificação, artesanato em MDF, decoupage, corte e costura, ponto cruz, crochê, entre outros cursos, afirma Maria Jaciara de Souza, coordenadora do Cresol Canaã. Suas atividades visam a geração de renda e estímulo a arte e ofício às famílias de Canaã. Anteriormente, o Cresol fazia parte da Agência Canaã, atual parceira da instituição.

    Falando em visibilidade e em multiplicidade de mulheres, voltamos a mencionar a Ketley Santos, mulher trans, nascida na cidade de Imperatriz (MA) e que tem a cidade de Canaã dos Carajás como o seu local de morada há três anos. Podemos mencionar também a participação das mulheres na FERART, entre elas o trabalho da empresa Eco Canaã – biojoias amazônicas, uma microempresa que leva a essência da natureza em biojoias puramente amazônicas. Já que a tônica é trabalho e gênero, encontramos no mapeamento também a força coletiva do Projeto Artes e Ofícios dos Artesãos e Artesãs de Canaã dos Carajás que desenvolve um trabalho de corte e costura de referência no município.

São essas algumas das muitas mulheres que encontramos durante o mapeamento cultural na cidade de Canaã dos Carajás. No entanto, muito ainda temos a acrescentar nesse acervo do universo de protagonismo feminino na área da cultura. A saber, as mulheres já se organizaram em várias frentes de trabalho, seja de forma individual, grupos informais ou formais na constituição de empresas, associações e cooperativas.

 De longe o objetivo é focar apenas nas questões de gênero, até porque o mapeamento tem a finalidade de realizar um levantamento cultural do município, mas não se furta das riquezas de histórias femininas e do poder que a mulher assume em Canaã dos Carajás.

Acompanhe os bastidores do mapeamento através do perfil do Pontal Instituto Cultural no Instagram: @pontalinstitutocultural. Lá você também vai encontrar os formulários I e II disponíveis para preenchimento. Incentive o amigo ou amiga que é artista a participar desse momento! Mais informações pelo contato (94) 98434-9148 (Jairon Gomes).

                Ressaltamos que o projeto tem como proponente a Associação dos Artistas Visuais do Sul de Sudeste do Pará, com o apoio da Prefeitura Municipal de Canaã dos Carajás via Termo de Fomento Nº 08/2022 e Emenda Impositiva Nº 015/2021 pleiteada pelo vereador Anderson Mendes. (Divulgação)