No dicionário, órfão significa “quem perdeu alguém que o amparava, o protegia”. Iago, 10 anos, Abraão, 7 anos, Isabela, 6 anos e Felipe, 2 meses, perderam a mãe, Lidiane Teixeira Cavalcante, 33 anos, há menos de dois meses, vítima de complicações de parto. Hoje, os quatros irmãos vivem sob os cuidados da tia materna, Inês Regiane Teixeira Cavalcante, de 44 anos, que não sabe lê e vive da misericórdia de Deus e ajuda das pessoas.
Com dois filhos adultos e casados, Regiane assumiu a responsabilidade das quatro crianças mesmo diante de tantas dificuldades. Sem casa própria, sem emprego fixo e com pouca comida na geladeira, ela e o marido – que vivia de fazer bicos como pedreiro – decidiram que as crianças não ficariam abandonadas.
Leia mais:“Minha vida mudou muito depois que assumi os quatro filhos da minha irmã que faleceu. Eu não morava de aluguel, vivia em dois cômodos com meu marido em um espaço na casa da minha filha. Mas com a chegada das crianças, aquele local ficou pequeno, então tive de procurar uma casa pra alugar”, explica Regiane.
Ela confessa que a situação financeira não está boa. Ela e o esposo haviam vendido tudo para ir trabalhar e morar em uma fazenda. “Foi nesse momento que minha irmã morreu e as crianças chegaram”.
Iago, Isabela e Abraão já eram órfãos de pai. Lidiane, mãe das crianças, era viúva e cuidava sozinha dos filhos. Morando e trabalhando na zona rural de Marabá, como cozinheira, ela conheceu Marcos Antônio, 41 anos, com quem teve um relacionamento de dois anos e acabou engravidando de Felipe. “A gravidez foi muito tranquila. Ela fez o pré-natal direitinho. Não tivemos problemas, e em todas as consultas eu ia junto”, conta o viúvo, que mora na Vila Sororó e trabalha como mecânico na porta de casa.
Felipe nasceu com quase 6 kg no Hospital Materno Infantil de Marabá. O parto normal foi complicado. Por problemas no parto, a criança nasceu com a clavícula quebrada e com o nervo, de um dos braços, sem funcionamento.
Após o parto, mãe e bebê tiveram alta e foram para casa. Dias depois, Lidiane começou a passar mal, voltou ao HMI e foi encaminhada para o Hospital Regional de Marabá, onde ficou internada por alguns dias.
“Ela teve paralisação dos rins, problema no pulmão e coração. Além disso estava com uma infecção muito forte. Ela não resistiu e morreu”, lamenta o companheiro.
Hoje com dois meses de idade, Felipe continua sem movimento em um dos braços. De acordo com a tia, que cuida da criança, já que o pai trabalha na zona rural, o bebê já foi consultado por vários médicos que relataram a perda do movimento.
“Felipe chorava muito. Sentia muita dor logo que nasceu. Mas hoje ele está melhor e os cuidados são redobrados, porque precisa imobilizar o braço dele direitinho. Com ajuda de algumas pessoas, ele faz fisioterapia também”, conta a tia.
Com a mudança repentina na vida, Regiane explica que cuidar de quatro crianças não é uma tarefa fácil. “É difícil. Falta comida, falta roupa, falta cama. Mas não falta amor. Não vou abandonar eles. Esses meninos são a minha vida”.
COMO AJUDAR
Quem puder ajudar Regiane, pode entrar em contato pelo telefone (94) 99267-1813. A família mora em uma quitinete na Rua Ypê, Bairro Araguaia (Fanta).
PS: Entre o dia da entrevista, em sua casa, em 22 de dezembro e a véspera de Natal, 24, Regiane registrou queixa na delegacia contra seu companheiro, que a espancou e quebrou a porta de casa. Ela recebeu medida protetiva e agora ele não pode mais se aproximar dela e dos meninos. (Ana Mangas e Ulisses Pompeu)
https://youtu.be/r0Vwgs4UC6U