Correio de Carajás

Temor por doença da urina preta trava venda de pescado em Marabá

Mesmo sem casos na cidade, doença da urina preta afeta as peixarias e vendedores colhem prejuízos

A doença de Haff ou a doença da urina preta, como é conhecida, vem preocupando os vendedores de peixe em Marabá. Com a baixa procura do alimento, os comerciantes estão tentando de tudo para que as vendas do pescado não caiam e prejudiquem ainda mais os vendedores locais.

A doença é causada por uma toxina encontrada em alguns peixes da região como: tambaqui, pacu e pirapitinga.

Os sintomas começam a aparecer entre duas a vinte e quatro horas após o consumo dos peixes ou crustáceos contaminados. Quando começa a se manifestar pelo organismo, a doença causa uma extrema rigidez muscular, levando à necrose com a ruptura das células, dor torácica, dificuldade para respirar, dormência, perda de força em todo o corpo e urina preta, semelhante a café.

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Diante desses fatos, a equipe de reportagem do Correio saiu às ruas para entrevistar os comerciantes de pescado em Marabá. Um dos pontos mais famosos da cidade, a Feira da Folha 28, no Núcleo Nova Marabá, a equipe conversou com Edson de Araújo e Juan Pescado, vendedores de peixe no local. Eles relataram sobre as dificuldades e como foram afetados depois da notícia da doença da urina preta.

Edson diz que as notícias sobre a doença afetaram também a venda de outros peixes

Proprietário da Peixaria Pais e Filhos, Edson relata que após a notícia do caso da doença em Santarém, no oeste do Estado, as vendas despencaram, já que a população está assustada e com medo de contaminação. “Isso afetou muito a gente. O tambaqui, pacu e piratininga de criatório não causam esse tipo de doença e o peixe comercializado em Marabá vem de criatórios. Ontem, domingo (13), dia bom de venda e não havia ninguém, estava parado”, diz ele, pedindo socorro para que não feche seu negócio.

Mesmo baixando o preço do peixe, Edson explica que a saída do pescado foi pouca durante o final de semana. “Não foi só o tambaqui, mas peixes como o tucunaré também não saíram. As pessoas estão generalizando e não querem comer peixe. A nossa renda é isso, como a gente vai se sustentar?”, questiona, preocupado.

O vendedor Juan Pescado também é afetado com a divulgação da notícia sobre a mazela que assola a venda de pescados. Em entrevista, ele alega que em um dia bom de feira vendia mais de 200 quilos de peixe e, no último domingo (12), não vendeu nem 10 quilos, mostrando para a equipe de reportagem as caixas de isopor lotadas com a mercadoria.

Juan mostra caixas de isopor cheios de Tucunaré que não foram vendidos no último domingo

Do outro lado da cidade, na Feira Coberta das Laranjeiras, no Núcleo Cidade Nova, muitos comerciantes também estão se sentindo afetados com a notícia da doença da urina preta.

Francisco de Assis Carvalho comenta que baixou o preço do quilo do tambaqui que estava R$ 17 para R$ 15 para atrair os clientes, porém, sem sucesso. Ele está preocupado mesmo ainda não tendo sido notificado nenhum caso em Marabá. Contudo, o peixe continua sendo uma das carnes mais baratas da mesa do brasileiro.

Peixeiro Francisco está preocupado com a diminuição das vendas na Feira da Laranjeiras

Os cuidados na hora de fazer a compra do alimento são necessários. O consumidor João Roldão da Silva Filho fala que é importante saber a procedência e a origem do animal para que consiga se prevenir e evitar os casos da doença.

João alerta que na hora de comprar o animal sempre conhecer a procidência do alimento

SUSPEITOS

Três casos suspeitos da Doença de Haff são investigados no Pará. A maioria deles tem se concentrado na região do baixo Amazonas, que se encontra no período de estiagem, quando há redução do volume na renovação da água nos ambientes naturais, permitindo a proliferação de algas, o que pode ter propiciado a aparição da toxina. (Henrique Garcia)