Correio de Carajás

Suspensão de liminar interrompe manifestação de moradores do Bairro da Infraero

Uma boa notícia para os moradores da área conhecida como Piçarreira, no Bairro Infraero, em Marabá, interrompeu a manifestação iniciada por eles às 7 horas desta sexta-feira (26). Há uma semana, no último dia 19, as famílias foram notificadas para que deixassem a área em 10 dias, por força de um mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça Federal favorável à Infraero, que reivindica a posse da terra.

Nesta manhã, enquanto caminhavam em direção à Câmara Municipal de Vereadores para solicitar apoio no caso, os manifestantes receberam ligação da advogada que os representa, Elaine Galvão, informando ter conseguido suspender a liminar que os desalojaria. A decisão foi assinada na noite desta quinta-feira (25) pelo juiz Marcelo Honorato, titular da 1ª Vara Federal de Marabá.

O magistrado verificou fatos novos apresentados pela defesa dos ocupantes. A advogada protocolou um ofício expedido por cartório em agosto de 2008 informando que a própria Infraero pediu que fosse retificada a matrícula da área e que esta fosse desmembrada em outras seis matrículas.

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Duas destas, que são áreas do aeroporto João Correa da Rocha, permaneceram em nome da Infraero, mas as outras quatro seriam revertidas ao Patrimônio da União, através da Secretaria de Patrimônio (SPU), para então serem doadas ao Município de Marabá e fosse realizada a regularização fundiária em favor das famílias que vivem no local.

Neste quadro, o magistrado entendeu por bem conceder prazo para a Infraero manifestar-se e para que sejam ouvidas as demais partes envolvidas no processo de regularização fundiária supostamente em curso, ou seja, a SPU e o Município de Marabá. O juiz intimou também o cartório para informar qual a atual situação das matrículas envolvendo a área, bem como do processo de regularização fundiária supostamente averbado nos registros.

Nilvan Soares, integrante de uma das 200 famílias que vivem no local, relatou ao Correio de Carajás que o grupo havia dado uma volta na área cercada do aeroporto, seguido pela Transamazônica e chegado à altura da Avenida Nagib Mutran, no Bairro Cidade Nova, quando recebeu a ligação. Em seguida, a manifestação foi desmobilizada.

Nilvan conta terem recebido a notícia em meio à manifestação

Kenia Barbosa da Silva se diz agradecida por se manter ao menos por mais um tempo na área onde vive há seis anos e tem esperança de que ela será regularizada. “O baque é muito grande pra gente que quere uma moradia e amanhece com susto, sem ter pra onde ir. A gente está lutando todos por um porque todos merecem casa pra morar, são famílias pobres que querem moradia, queremos que a Infraero enxergue a gente porque precisamos criar nossos filhos”, declarou.

Kenia: “São famílias pobres que querem moradia”

Isac de Souza afirma que os moradores se reuniram para juntar dinheiro e contratar uma assessoria jurídica, criticando as autoridades que em nada apoiaram. “A manifestação era contra uma reintegração de posse expedida pelo juiz federal de Marabá, nos deram 10 dias de prazo para que nós saíssemos da área que estamos há mais de 5 anos, mas sem apoio de nenhum poder público nos reunimos, fazemos vaquinha, pagamos advogado e Deus nos deu a vitória. Vamos ficar aqui e vamos construir nossa casa”, encerra. (Luciana Marschall e Evangelista Rocha)