Correio de Carajás

Suspeita de fraude não foi denunciada à polícia

Na manhã desta sexta-feira, o delegado Vinícius Cardoso das Neves, diretor da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, explicou para a Imprensa local que até ontem nenhum registro de ocorrência policial foi feito a respeito de uma possível fraude no concurso público da prefeitura de Marabá, embora existam relatos, reforçados por conversas em uma rede social, inclusive com áudio gravado pelo interlocutor do denunciante, requerem investigação, inclusive com manifestação da própria FADESP (Fundação de Amparo à Pesquisa), que não respondeu formalmente aos questionamentos feitos.

“Nada formalmente chegou ao conhecimento da polícia, bem como nenhuma prova de fraude ou irregularidade nos foi apresentada. Então o que eu posso dizer é que até o presente momento o certame transcorreu com absoluta tranquilidade”, argumenta o delegado Vinícius Cardoso.

Por outro lado, o delegado confirmou que vários “Disque-Denúncia” chegaram ao conhecimento da polícia e todas as denúncias foram checadas pela Polícia Civil. “Pessoas apontadas como possíveis fraudadores do certame foram abordadas, foram revistadas e nada de ilegal ou irregular foi encontrado em poder dessas pessoas.

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Vinícius Cardoso lembrou que duas pessoas foram presas por estarem utilizando ponto eletrônico e estes foram os únicos casos que fugiram da normalidade do concurso, mas os acusados foram devidamente apresentados na delegacia e autuados.

DENUNCIANTE NO JORNAL

A Reportagem do CORREIO DE CARAJÁS teve acesso às conversas entre o denunciante – a quem vamos chamar de Miguel – ainda na tarde de quarta-feira, dia 27 de março. Ele disse que ficou na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil da Nova Marabá por mais de 2 horas, mas não conseguiu ser atendido. O delegado pediu para retornar na quinta-feira.

Ainda na tarde de quarta, Miguel veio à Redação do CORREIO DE CARAJÁS, onde foi ouvido pela Reportagem. Ele contou que na última terça-feira, dia 25, conversou, por meio de uma rede social, com um ex-colega de trabalho, que se orgulhava de ter acertado 47 de 50 questões para o cargo de operador de ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), que requer nível médio.

As mensagens também foram mostradas ao repórter do CORREIO e o suposto fraudador afirma que recebeu o gabarito de forma antecipada, não levou nada escrito como cola porque resolveu decorar tudo antecipadamente. Disse que pagou R$ 1.600,00, juntamente com outras seis pessoas, inclusive um primo dele, que teria ameaçado de morte a pessoa que vendeu as respostas, caso elas não fossem corretas. “Se fosse mentira, meu primo disse que vai ‘puxar’ o cara”, alegara o exaltado fraudador em áudio endereçado para Miguel.

Nas mensagens, o suposto vendedor de gabarito teria dito que a irmã dele trabalha na FADESP e que já tinha passado muita gente em outros certames realizados pela mesma banca.

Miguel diz que estava muito chateado porque, caso o fraudador não esteja apenas contando vantagem, ocorreu uma grande injustiça com os demais concorrentes ao cargo. “A Polícia precisa mostrar o nome deste cidadão à FADESP e conferir a prova dele, para saber se ele acertou 47 questões, como afirma”.

Cauteloso, Miguel prefere não falar em anulação do concurso para este cargo, mas que a situação seja analisada com cuidado e que os supostos culpados sejam punidos na forma da lei. “Fiz a denúncia porque fiz a prova de forma legal, não paguei por gabarito nenhum”, desabafa.

FADESP EMITE NOTA

Em nota oficial, a Comissão organizadora do concurso público da Prefeitura de Marabá e a banca realizadora FADESP comunicaram que as informações veiculadas em rede social e em órgãos de Imprensa local acerca de uma possível denúncia sobre um suposto esquema de vendas de gabarito, através de uma pessoa que seria amigo de um dos suspeitos do crime, e que tem como única prova mensagens no aplicativo, são insustentáveis.

“A FADESP pelo seu nome e tradição, de mais de 40 anos, nem sequer leva em consideração este tipo de ‘notícia’ e/ou denúncia vazia. Qualquer um pode dizer que tem uma informação, inclusive um estelionatário, para ‘vender’ para as pessoas de boa fé”, diz trecho da nota. “A FADESP responde apenas de forma oficial quando acionada pela Polícia, MPPA, Defensoria Pública e/ou a Justiça, se assim for convocada de forma oficial”, finaliza o documento. (Ulisses Pompeu e Chagas Filho)