Correio de Carajás

SÍFILIS

Sífilis Atualmente uma epidemia silenciosa de sífilis avança no Brasil, e o mais preocupante é que grande parte dos infectados não sabe que está transmitindo a doença para outras pessoas. Ela é conhecida por ser um mal silencioso e requer cuidados.

      Umas das características da moléstia, é uma doença infecciosa que evolui lentamente em três estágios, geralmente transmitida por contato sexual, e mais raramente por contaminação fetoplacentária, causada pela bactéria Treponema pallidum e caracterizada por lesões da pele e mucosas.

      A Sífilis é uma doença milenar, de notificação compulsória, causada por uma bactéria chamada de Treponema pallidum. Pode ser adquirida pelo contato sexual, transfusão de sangue infectado ou por via transplacentária. Ela apresenta fases distintas com sintomas específicos (sífilis primária, secundária e terciaria) que é intercalada por períodos latentes.

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      Os primeiros relatos da sífilis datam dos primórdios da idade média, quando se alastrou pela Europa, contaminando figuras importantes do clero e da nobreza. Na época, dizia-se que a infecção fatal era uma vingança da América contra os colonizadores europeus: “Colombo teria regressado para o Velho Mundo carregando nas caravelas a bactéria da nova doença”.

       Uma doença que não escolhe idade, sexo, nem classe social. Muitos famosos, ao longo da história já foram acometidos. O compositor Beethoven, o pintor Van Gogh. Pesquisadores afirmam que o rei francês Luiz XV e o mafioso Al Capone morreram de sífilis. E, segundo alguns historiadores, até mesmo Lenin e Hitler teriam sido vítimas da doença.

      É assim que especialistas descrevem a sífilis, transmitida pela bactéria treponema pallidum, principalmente por via sexual, mas também da mãe para o filho, durante a gravidez. A falta de tratamento pode causar cegueira, demência e más formações, no caso de fetos.

      Os infectologistas destacam que o tratamento é rápido, assim como o diagnóstico, que pode ser feito com um teste rápido, com resultado pronto em dez minutos. No caso da sífilis primária, uma única dose de penicilina benzatina intramuscular já o suficiente para a cura.

      O aumento dos casos da doença preocupa especialistas, desde 2011, onde vem sendo observado um aumento de casos de sífilis congênita e do número de casos na população geral. Desde o início dos anos 2000, a comunidade médica internacional já vinha alertando para o aumento do número de casos da doença.

      No Brasil, especialmente nos grandes centros urbanos, a infecção dava sinais de avanço rápido e preocupava as autoridades. A Organização Mundial de Saúde estima que todos os dias sejam diagnosticados pelo menos um milhão de novos casos de infecções sexualmente transmissíveis por dia e, dentre elas, uma que chama muita atenção é a sífilis.

      Estima-se que, a cada ano, cerca de 131 milhões de pessoas são infectadas pela clamídia, 78 milhões pela gonorreia e quase 06 milhões pela sífilis, sem contabilizar outras infecções sexualmente transmissíveis, como por HIV, HPV, herpes e hepatites virais.

      Há um aumento da sífilis congênita, sífilis gestacional e sífilis adquirida em todas as regiões do Brasil. E destaca o desconhecimento sobre a doença, não só em relação ao risco, como em relação às consequências da infecção: Há comprometimentos muito sérios do sistema nervoso central, com doença neurológica, com quadros de demência, manifestações auditivas, oculares, com manifestações cardíacas e ósseas. É importante lembrar que não existe uma vacina.

      A única forma de prevenir a sífilis é através do sexo seguro. A população jovem de hoje, por não ter vivido tanto a epidemia de sífilis nas décadas anteriores, quanto o início da epidemia de aids, eventualmente pode estar se descuidando dos métodos de prevenção. Dados do Ministério da Saúde revelam números preocupantes.

      Em 2010, foram notificados 1.249 casos de sífilis adquirida, a que se pega através da relação sexual sem camisinha. Em 2015, apenas cinco anos depois, esses números saltaram para 65.878, um aumento de mais de 5.000%. O tema continua na próxima edição de terça-feira.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.